Um mundo militarizado
A NATO converte-se nos dias que correm numa estrutura militar e política supranacional.
Foi divulgada no início do mês a mais recente actualização da estratégia militar norte-americana. O documento do Pentágono, intitulado «Revisão Quadrianual da Defesa» (QDR), coloca a tónica no combate na «longa guerra» do século XXI, na linha da «guerra infinita» apregoada por Bush após os ataques terroristas, ainda carentes de esclarecimento, de 11 de Setembro. Mas também aponta a China como potencial ameaça militar e prevê, antecipando mais um orçamento militar recorde, o aumento das operações secretas de forças especiais, nomeadamente para fazer frente aos desafios de «insurreições prolongadas».
Dias depois, a reunião informal da NATO de Taormina, Sicília, deu mais um passo para a criação da respectiva Força de Intervenção. Um corpo expedicionário de «reacção rápida» concebido para intervir em «locais de crise» por todo o mundo, correspondente aos planos dos EUA de projecção da NATO como força militarizada à escala global. Sempre, claro, em nome de uma suposta «guerra contra o terrorismo» e dos «direitos humanos». Neste sentido, está agendada para Junho a realização das primeiras manobras militares de envergadura da nova força, em Cabo Verde…
África, não é, de facto, esquecida na recolonizadora ofensiva planetária do imperialismo, como o atestam, a pretensão dos EUA de colocar a NATO a comandar a actual missão da União Africana na região sudanesa do Darfur – materializando uma «preocupação humanitária» pacientemente gerida –, a desestabilização que grassa na zona dos Grandes Lagos, palco de interesses «ocultos» e da maior operação mundial da ONU (R.D. Congo), ou o «abandono» do processo de paz no Sara Ocidental, onde nestes dias se comemora o 30º aniversário da proclamação da independência; sem esquecer a intensificação dos processos de «diálogo mediterrânico» da UE e da NATO, com o Grande Médio Oriente (o tal, de Marrocos ao Paquistão) made in USA em pano de fundo.
A estratégia imperialista tem na NATO, em alargamento para Leste e sem limite certo de acção no mapa mundial, um dos seus vectores principais.
No Afeganistão, a Aliança comanda a missão da ISAF que se prepara agora, com o contributo do Governo PS que se comprometeu em manter tropas nacionais até 2007, para alargar consideravelmente o seu âmbito, ombreando com a operação dos EUA - dita contra o terrorismo, mas na realidade de terrorismo de Estado - «Liberdade Duradoura». Crescentemente, imperialismo e «fundamentalismo» apresentam-se como diferentes faces da mesma moeda…
Na caminhada militarista no coração da Ásia, o mundo não foi poupado sequer ao registo degradante de ver Kofi Annan pressionar a Holanda, para que cumprisse com o envio da sua «quota» de mil e muitos homens para o alargamento da missão da NATO, em mais uma ilustração da perigosa condição experimentada por uma ONU subalternizada pelo imperialismo.
Sob a dinâmica imprimida por Washington, a NATO converte-se nos dias que correm numa estrutura militar e política supranacional. Em cima da mesa está já o envolvimento de países como a Austrália, Japão e Coreia do Sul, nas suas acções militares.
Tudo isto, contando com o poderio próprio dos EUA, que dispõem, como refere o já mencionado QDR, de mais de 350 mil militares em 130 países do mundo.
Contudo, os EUA, país que hoje empunha o dossier nuclear do Irão, em mais uma perigosa escalada da tensão internacional, enquanto prossegue a sua loucura belicista, desenvolvendo novas armas nucleares – em violação flagrante do Tratado de Não Proliferação – e vulgarizando o seu eventual uso, é o mesmo que mal consegue revezar as suas tropas no atoleiro em que para si e «comparsas» se transformou a criminosa agressão ao Iraque.
No plano económico, o motor capitalista ostenta um défice da balança de pagamentos insustentável, a caminho dos 800 mil milhões de dólares. O sistema consome recursos a um ritmo insaciável, cavando, à escala global, um fosso social e económico sem precedentes.
Uma ordem mundial militarizada ao serviço de um sistema que afirma o seu anacronismo, eis a real «história» de terror com que se defronta a humanidade. E também o seu maior desafio.
Dias depois, a reunião informal da NATO de Taormina, Sicília, deu mais um passo para a criação da respectiva Força de Intervenção. Um corpo expedicionário de «reacção rápida» concebido para intervir em «locais de crise» por todo o mundo, correspondente aos planos dos EUA de projecção da NATO como força militarizada à escala global. Sempre, claro, em nome de uma suposta «guerra contra o terrorismo» e dos «direitos humanos». Neste sentido, está agendada para Junho a realização das primeiras manobras militares de envergadura da nova força, em Cabo Verde…
África, não é, de facto, esquecida na recolonizadora ofensiva planetária do imperialismo, como o atestam, a pretensão dos EUA de colocar a NATO a comandar a actual missão da União Africana na região sudanesa do Darfur – materializando uma «preocupação humanitária» pacientemente gerida –, a desestabilização que grassa na zona dos Grandes Lagos, palco de interesses «ocultos» e da maior operação mundial da ONU (R.D. Congo), ou o «abandono» do processo de paz no Sara Ocidental, onde nestes dias se comemora o 30º aniversário da proclamação da independência; sem esquecer a intensificação dos processos de «diálogo mediterrânico» da UE e da NATO, com o Grande Médio Oriente (o tal, de Marrocos ao Paquistão) made in USA em pano de fundo.
A estratégia imperialista tem na NATO, em alargamento para Leste e sem limite certo de acção no mapa mundial, um dos seus vectores principais.
No Afeganistão, a Aliança comanda a missão da ISAF que se prepara agora, com o contributo do Governo PS que se comprometeu em manter tropas nacionais até 2007, para alargar consideravelmente o seu âmbito, ombreando com a operação dos EUA - dita contra o terrorismo, mas na realidade de terrorismo de Estado - «Liberdade Duradoura». Crescentemente, imperialismo e «fundamentalismo» apresentam-se como diferentes faces da mesma moeda…
Na caminhada militarista no coração da Ásia, o mundo não foi poupado sequer ao registo degradante de ver Kofi Annan pressionar a Holanda, para que cumprisse com o envio da sua «quota» de mil e muitos homens para o alargamento da missão da NATO, em mais uma ilustração da perigosa condição experimentada por uma ONU subalternizada pelo imperialismo.
Sob a dinâmica imprimida por Washington, a NATO converte-se nos dias que correm numa estrutura militar e política supranacional. Em cima da mesa está já o envolvimento de países como a Austrália, Japão e Coreia do Sul, nas suas acções militares.
Tudo isto, contando com o poderio próprio dos EUA, que dispõem, como refere o já mencionado QDR, de mais de 350 mil militares em 130 países do mundo.
Contudo, os EUA, país que hoje empunha o dossier nuclear do Irão, em mais uma perigosa escalada da tensão internacional, enquanto prossegue a sua loucura belicista, desenvolvendo novas armas nucleares – em violação flagrante do Tratado de Não Proliferação – e vulgarizando o seu eventual uso, é o mesmo que mal consegue revezar as suas tropas no atoleiro em que para si e «comparsas» se transformou a criminosa agressão ao Iraque.
No plano económico, o motor capitalista ostenta um défice da balança de pagamentos insustentável, a caminho dos 800 mil milhões de dólares. O sistema consome recursos a um ritmo insaciável, cavando, à escala global, um fosso social e económico sem precedentes.
Uma ordem mundial militarizada ao serviço de um sistema que afirma o seu anacronismo, eis a real «história» de terror com que se defronta a humanidade. E também o seu maior desafio.