Como o peixe na água
A notícia é dada pelo Público. Seis meses após a tragédia que se abateu sobre Nova Orleães – que provocou, segundo números oficiais, «mais de 1300 mortos» e, segundo muitos observadores, um número muito superior - o governo norte-americano, pela voz do seu secretário da Segurança Interna, veio reconhecer que «demorou tempo de mais a mobilizar os militares, veículos e ajuda necessária ao socorro das vítimas, prolongando o sofrimento e elevando o número de mortos».
O reconhecimento da culpa é sempre um acto que cai bem, ainda que, muitas vezes, ele seja utilizado, apenas e só, por isso: porque cai bem – como é o caso.
Com efeito, mal as responsabilidades foram reconhecidas publicamente, logo a conselheira de Bush para esta área se apressou a rejeitar «qualquer sugestão de que o Presidente não se tivesse envolvido totalmente na resolução da crise». A veemente (e oportuníssima) rejeição da conselheira, sacudindo a água do presidencial capote, confirma que, dos lados da presidência, reconhecimento de culpas nunca – nem sequer para cair bem. Pior e mais elucidativo do que isso é, no entanto, o conteúdo de uma outra notícia divulgada precisamente no mesmo dia em que o reconhecimento das culpas foi noticiado: «as cerca de 40 mil pessoas que perderam as casas devido ao furacão Katrina viram-se ontem ameaçadas a ficar na rua, depois de um juiz ter dado aval à intenção do Governo de as retirar do programa que as tinha alojado em hotéis». Palavras para quê?: é a pátria dos direitos humanos a mostrar o que isso é.
Sobre as razões do trágico atraso na tomada de medidas agora reconhecido pelo secretário da Segurança Interna, diz o seu antecessor que ele não agiu com a prontidão necessária porque estava «demasiado concentrado em eventuais ataques terroristas para lidar com um desastre natural». E é bem possível que uma das múltiplas razões resida nesse facto. O «combate ao terrorismo» é, como se sabe, a preocupação maior do governo do país que é o maior centro de terrorismo internacional.
O que as consequências do furacão Katrina mostram luminarmente é esta verdade óbvia: o capitalismo, pela sua essência opressora e exploradora, não está vocacionado para salvar vidas. Bem pelo contrário. Compare-se a ineficácia de Nova Orleães com a eficácia, por exemplo, dos bombardeamentos do Iraque. É aí, na destruição e na morte, que o imperialismo está como o peixe na água.
O reconhecimento da culpa é sempre um acto que cai bem, ainda que, muitas vezes, ele seja utilizado, apenas e só, por isso: porque cai bem – como é o caso.
Com efeito, mal as responsabilidades foram reconhecidas publicamente, logo a conselheira de Bush para esta área se apressou a rejeitar «qualquer sugestão de que o Presidente não se tivesse envolvido totalmente na resolução da crise». A veemente (e oportuníssima) rejeição da conselheira, sacudindo a água do presidencial capote, confirma que, dos lados da presidência, reconhecimento de culpas nunca – nem sequer para cair bem. Pior e mais elucidativo do que isso é, no entanto, o conteúdo de uma outra notícia divulgada precisamente no mesmo dia em que o reconhecimento das culpas foi noticiado: «as cerca de 40 mil pessoas que perderam as casas devido ao furacão Katrina viram-se ontem ameaçadas a ficar na rua, depois de um juiz ter dado aval à intenção do Governo de as retirar do programa que as tinha alojado em hotéis». Palavras para quê?: é a pátria dos direitos humanos a mostrar o que isso é.
Sobre as razões do trágico atraso na tomada de medidas agora reconhecido pelo secretário da Segurança Interna, diz o seu antecessor que ele não agiu com a prontidão necessária porque estava «demasiado concentrado em eventuais ataques terroristas para lidar com um desastre natural». E é bem possível que uma das múltiplas razões resida nesse facto. O «combate ao terrorismo» é, como se sabe, a preocupação maior do governo do país que é o maior centro de terrorismo internacional.
O que as consequências do furacão Katrina mostram luminarmente é esta verdade óbvia: o capitalismo, pela sua essência opressora e exploradora, não está vocacionado para salvar vidas. Bem pelo contrário. Compare-se a ineficácia de Nova Orleães com a eficácia, por exemplo, dos bombardeamentos do Iraque. É aí, na destruição e na morte, que o imperialismo está como o peixe na água.