USL/CGTP-IN contra aumento do custo de vida

«Passe à acção!»

A União dos Sindicatos de Lisboa distribuiu na semana passada milhares de folhetos, denunciando os acrescidos sacrifícios que a escalada dos preços impõe às famílias.

O custo de vida sobe ainda mais com os aumentos dos combustíveis e da electricidade

«Esticar o nosso dinheiro até ao final do mês é cada vez mais difícil», protesta a USL, reproduzindo o discurso directo que poderia ser de qualquer trabalhador.
No documento, distribuído na manhã de dia 19 pelos dirigentes sindicais, nos principais terminais de transportes de Lisboa, desafia o leitor a fazer contas a algumas despesas. No exemplo apresentado pela União, são contabilizadas as despesas de um casal com dois filhos, a viver na Margem Sul, dispondo de um rendimento mensal de 1.500,00 euros, em 2005 e após os aumentos deste princípio de 2006; na prestação da casa, electricidade, passe social, gasolina, portagens e pão, essa família estará agora a gastar 652,40 euros, em vez dos 597,42 que gastava no ano passado, uma diferença de 55 euros por mês. Isto, ressalva a USL, sem contar outros gastos, como alimentação, vestuário, água, telecomunicações, educação...
Os aumentos de preços «muito acima da inflação», que na viragem do ano o executivo do PS lançou contra milhões de portugueses, «mostram as “preocupações sociais” deste Governo», denuncia a estrutura distrital da CGTP-IN.
No folheto são referidos ainda dois casos de liberalização de preços, que atacam novamente o poder de compra dos trabalhadores. O livre preço dos combustíveis «tem graves repercussões nos transportes públicos», cujos preços estão cerca de 15 por cento acima do que se pagava há dois anos, colocando as famílias portuguesas a suportar «um encargo com os transportes superior às de Espanha e Bruxelas». Por outro lado, a revogação da lei que limita a subida das tarifas de electricidade ao valor da inflação prevista e a transferência, para os utilizadores domésticos, do pagamento integral dos custos associados à produção de energia eléctrica, com base em fontes renováveis, «vão originar um aumento de 17 por cento» nas facturas da luz.
As dificuldades de quem trabalha têm no reverso «a escandalosa distribuição da riqueza». Lembra a USL que «as 100 maiores fortunas nacionais representam 17 por cento do produto interno bruto, ou seja, 22,4 mil milhões de euros», e que «os 20 por cento mais ricos controlam 45,9 por cento do rendimento nacional».
No documento são apontados outros números de 2005, a contrastar com os sacrifícios que «são sempre para os trabalhadores»: os lucros dos principais bancos deverão ultrapassar 11 mil milhões de euros, mais 20 por cento do que no ano anterior; só na Petrogal, EDP e PT Comunicações, os lucros superaram 600 milhões de euros; a Bolsa acumulou ganhos superiores a 13 por cento, desde Janeiro; as vendas de carros de luxo dispararam.

Com razão

A USL reafirma que «os trabalhadores têm razão», tanto «para estarem indignados contra a política que é responsável por Portugal se encontrar no primeiro lugar das desigualdades, com os 20 por cento mais ricos a auferirem 7,4 vezes mais do que os 20 por cento mais pobres, quando na UE a diferença é de 4,6», como «para exigirem o aumento real dos salários, porque, ao contrário do que os patrões defendem, os custos do trabalho na indústria e serviços, em Portugal, são inferiores em 674 euros mensais aos de Espanha».
«Proteste e lute contra o aumento do custo de vida», «exija o aumento real dos salários e das pensões de reforma», «exija o emprego com direitos» e «passe da indignação à acção», apela a União dos Sindicatos de Lisboa.

Os causadores

«O Governo actual e os outros que passaram, o patronato, os grandes grupos empresariais e financeiros, com as suas políticas neo-liberais e de direita, são os grandes causadores das graves dificuldades que nos afectam», acusa a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal. Num comunicado que intitulou «votar para mudar», distribuído dia 17, a Fesaht/CGTP-IN (que apelou ao voto dos trabalhadores em Jerónimo de Sousa) realça que «a situação que vivemos não é um fatalismo», pois «pode ser diferente, para melhor, com políticas diferentes».


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