Administração Pública

Defender o Estado de Abril

Ao jurar cumprir e fazer cumprir a Constituição, o Presidente da República deve defender o Estado Democrático consagrado na Lei Fundamental das ofensivas neoliberais, afirmou Jerónimo de Sousa, no passado dia 24.

A gestão neoliberal está interessada em desmantelar a Administração Pública

Falando no encerramento do encontro «Por uma Administração Pública ao serviço das populações», realizado em Lisboa, o candidato presidencial comunista afirmou a necessidade de garantir a «concretização integral de uma Administração Pública democrática e eficiente ao serviço da população», e reafirmou a sua frontal oposição à privatização dos serviços públicos.
Jerónimo de Sousa acusou os partidos que se têm sucedido no governo do País de subverterem por completo o modelo constitucionalmente consagrado, que define um conjunto de políticas sociais universais nos mais diversos domínios – saúde, educação, segurança social, entre outros. O candidato comunista considerou mesmo que o traço mais «negativamente marcante hostil à Constituição da República» levado a cabo por este Governo do PS é precisamente o «continuado ataque aos direitos sociais dos trabalhadores e do povo, aos serviços públicos essenciais» e ao modelo de Estado que os garante.
Esta ofensiva contra as funções sociais do Estado, tendente à construção de um modelo neoliberal de Administração Pública – com a privatização e mercantilização dos direitos sociais –, utiliza como pretexto a integração europeia, o Pacto de Estabilidade e Crescimento, o défice ou a competitividade, afirmou o candidato comunista. Considerando estar em curso uma «potente campanha de manipulação da opinião pública», lembrou que se tenta fazer crer que «há Estado a mais e funcionários públicos a mais». Com o objectivo, denunciou, de pôr em causa a capacidade da Administração Pública como entidade prestadora de serviços, os direitos dos trabalhadores e os direitos sociais da população.

Campanha para ajudar a privatizar

Para o candidato comunista, a campanha em curso contra a Administração Pública democrática – consagrada na Constituição – «não tem sustentação em factos» quando se compara a realidade do Estado e da Administração Pública portuguesa com a realidade de outros países. Comparando com os outros países da chamada «Zona Euro», Portugal não apresenta uma realidade muito diferente no que respeita ao peso relativo das despesas com pessoal, seja na percentagem de riqueza nacional aplicada em despesa pública, destacou Jerónimo de Sousa.
O candidato presidencial comunista referiu-se ainda ao recurso frequente à «manipulação estatística» como forma de justificar os interesses do grande capital na apropriação do património público e da privatização dos serviços. Mas esta serve para algo mais vasto, alertou: serve também para «desenvolver e acentuar o preconceito ideológico e credibilizar aos olhos da opinião pública a política de direita no ataque ao serviço público e à sua transformação em negócio privado».
Nesta campanha, destacou, assume particular peso a afirmação de que «afundamento da competitividade da nossa economia de deve à ineficácia do sector público». Para Jerónimo de Sousa, o problema da competitividade reside principalmente na persistência de um «tecido produtivo debilitado, com fraca incorporação científica e tecnológica no processo produtivo».
Sobre a alegada falta de eficácia dos serviços públicos, o candidato comunista não subestima o «papel negativo da gestão neoliberal na evolução dos serviços públicos e da sua qualidade». Até porque, denunciou, é evidente que a gestão neoliberal está mais interessada em denegrir e desmantelar a Administração Pública para a colocar ao serviço dos grandes interesses do que em promover a sua qualidade».

Consequências gravosas

A entrega aos grandes grupos económicos de crescentes fatias das funções sociais de Estado tem consequências muito negativas para a população, reafirmou Jerónimo de Sousa. O candidato comunista chamou a atenção para a «transferência para as populações dos custos da saúde e nas dificuldades no acesso aos serviços públicos de saúde, na secundarização e desvalorização da escola pública, na descapitalização da segurança social, na regressão nas prestações sociais em situações de carência, na diminuição do apoio aos desempregados».
Mas não é tudo. E denunciou, em seguida, as limitações impostas para «dar resposta à criação de condições mínimas para uma vida digna» a amplas camadas da sociedade portuguesa: «a mais um milhão de reformados que recebem pensões que oscilam entre os 150 e 200 euros; no combate à pobreza que atinge importantes camadas da população e que não cessa de se agravar; aos cerca de 80 mil portugueses a viver ainda em barracas e casas completamente degradadas e aos cerca de 1 milhão de cidadãos que vivem em casas onde não existe água canalizada ou electricidade, esgotos ou instalações sanitárias.»
Especificando um sector particularmente sensível – a Saúde –, Jerónimo de Sousa recordou que mais de um milhão de portugueses não tem médico de família, e que cerca de 234 mil pessoas esperam por uma cirurgia. E isto no País em que os utentes são já quem mais paga, no quadro da U.E., nos custos globais com a saúde.


Mais artigos de: Em Foco

Uma vitória consistente e séria

A vitória eleitoral da CDU em Alcochete está relacionada com a campanha de reforço do PCP, segundo Luís Franco, o novo presidente da Câmara Municipal, e Virgolino Rodrigo, o responsável pela organização local do Partido. O contrário também é válido: esta sucesso contribuirá para o crescimento do PCP.

Independência e soberania <br>Valores inalienáveis

Na véspera da entrega no Tribunal Constitucional das assinaturas necessárias à formalização da candidatura de Jerónimo de Sousa à Presidência da República, o candidato fez uma declaração sobre Soberania, Defesa Nacional e Forças Armadas, na qual defendeu os princípios irrenunciáveis da independência e soberania nacionais e exigiu a dissolução da NATO e outros blocos político-militares.

Romper com o modelo neoliberal

Economistas, sindicalistas e especialistas de várias áreas participaram, no dia 28, numa audição sobre os problemas da economia portuguesa. Romper com o modelo neoliberal é o caminho para a saída da crise.

Entregues mais de 14 mil assinaturas

Jerónimo de Sousa foi o primeiro candidato presidencial a entregar as assinaturas necessárias à formalização da sua candidatura. O candidato comunista, acompanhado pelo mandatário nacional, Mário Nogueira, e por diversos membros da sua comissão nacional, entregou cerca de 14 300 assinaturas no Tribunal Constitucional. A...

Uma candidatura com horizontes largos

Dezenas de pessoas acolheram Jerónimo de Sousa, domingo, numa sessão pública realizada no salão da Associação de Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém.

Pelos direitos de quem trabalha

Que o mundo do trabalho apoia Jerónimo de Sousa para a presidência da República , já tinha sido verificado no grande almoço do Seixal, no qual participaram mais de 1000 dirigentes e delegados sindicais, membros de Comissões de Trabalhadores e representantes dos trabalhadores nas comissões de saúde, higiene e segurança....

Jerónimo de Sousa com comunidades portuguesas

Também entre os portugueses que vivem no estrangeiro, as eleições presidenciais são seguidas com atenção e a simpatia e o apoio à candidatura de Jerónimo de Sousa não param de aumentar. Entre os dias 25 e 26, o candidato presidencial comunista participou em reuniões, convívios e outras iniciativas em Bruxelas e em Osnabrück, junto com as comunidades portuguesas e com os seus representantes.

Somam-se os apoios

Depois de apresentada a Comissão Nacional de Apoio à candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa, prosseguiu a recolha de apoios e mais cidadãos se juntaram à imensa lista que personalidades apoiantes desta candidatura. São eles: António Miranda Ribeiro, advogado; Augusto Silva Gomes, industrial de táxis; Carlos...

Jerónimo com apoiantes

O candidato do PCP às eleições presidenciais de 22 de Janeiro participou, segunda-feira à noite, na Voz do Operário, num jantar com algumas centenas de apoiantes, da cidade de Lisboa. Ontem, de manhã, o secretário-geral do Partido esteve, no âmbito da campanha eleitoral, com os trabalhadores da Lisnave, em Setúbal. Hoje...