Grande coligação na Alemanha

Acordo impopular

Os conservadores da CDU e da CSU e os sociais-democratas do SPD aprovaram na segunda-feira, dia 14, em congressos separados, o acordo de governo elaborado ao longo de cinco semanas de negociações.

Novo governo corta direitos e penaliza trabalhadores

Em Berlim, os correligionários da futura chanceler Angela Merkel aprovaram com 116 votos a favor e três contra as grandes orientações do programa de governo. Quase em simultâneo, em Karlsruhe, 485 dos 500 delegados que participaram no congresso do SPD adoptaram igualmente as bases do acordo. Por seu turno os 200 delegados da CSU, reunidos em Munique, aprovaram o texto por unanimidade.
Caracterizadas por um conjunto de medidas de austeridade, as linhas gerais do programa da «grande coligação» (a segunda na história da Alemanha 39 anos depois da primeira experiência entre 1966-1969), definem como prioridade absoluta o saneamento das contas públicas. Trata-se assim de tapar o enorme buraco de 35 milhões de euros para reduzir o défice abaixo dos três por cento, limite que a Alemanha não cumpre desde 2002.
Para tanto, os dois partidos acabaram por convergir na habitual receita de aumento de impostos e redução dos direitos sociais e económicos dos trabalhadores, demonstrando com este acordo que poucas ou nenhumas diferenças separam os conservadores dos sociais-democratas alemães.
Em comunicado, o actual dirigente do Partido Esquerda.PDS, Oskar Lafontaine, avisou que está em curso o «desmantelamento do Estado de bem-estar». Denunciando o carácter anti-social do programa de governo, o antigo presidente do SPD criticou o aumento anunciado do IVA em três por cento (de 16 para 19%) a partir de 2007 e o corte de quatro mil milhões de euros no orçamento do fundo de desemprego.
Para o Partido Esquerda.PDS serão os trabalhadores, a classe média, os desempregados e os reformados que serão mais penalizados pela política económica da grande coligação governativa. «Os únicos beneficiados serão as grandes empresas e os que mais ganham», sublinhou Lafontaine.

Mais precariedade

O acordo de governo para os próximos quatro anos prevê o alargamento do período de experiência nos novos contratos dos actuais seis meses para dois anos; a idade da reforma subirá gradualmente dos 65 par os 67 anos e as contribuições passam de 19,5 para 19,9 por cento. Na Administração Pública, o horário de trabalho é aumentado de 40 para 41 horas semanais. Neste pacote, os conservadores fizeram uma «concessão» ao SPD incluindo a sua proposta de aumento da taxa de IRS (de 42 para 45 %) para os rendimentos anuais superiores a 250 mil euros.


Mais artigos de: Europa

Escalada securitária

Após 20 dias de violência urbana, a polícia francesa congratula-se com o «regresso a uma situação quase normal». Não obstante, o governo aprovou na segunda-feira, dia 14, o prolongamento por três meses do recolher obrigatório.

Gregos contra austeridade

Cerca de 50 mil pessoas manifestaram-se em Atenas, no sábado, dia 12, protestando contra a política económica e social do governo conservador grego. O desfile, organizado pela Frente de Luta Sindical, terminou junto do edifício do parlamento, onde uma delegação entregou uma moção com as reivindicações sociais e económicas.

Greve prossegue em Marselha

Os trabalhadores da Régie de Transportes de Marselha (RTM) decidiram, na segunda-feira, dia 14, continuar a greve contra a privatização do serviço. No 36.º dia de paralisação, apenas 12 por cento da frota de autocarros e metade dos comboios estiveram em circulação, segundo dados da administração da empresa.Na passada...

Noruega ameaça empresas

O governo de coligação de centro-esquerda que entrou em funções há um mês na Noruega ameaça fechar as empresas que não respeitem as quotas de paridade de participação feminina, designadamente nos postos de direcção.A ministra da Infância e da Família, Karita Bekkemellem, garantiu, na sexta-feira, dia 11, que entrará em...

O capital volta à carga

Quase cinco meses passados sobre a realização dos referendos sobre o «Projecto de Tratado Constitucional» em França e na Holanda, procura-se apagar da memória dos povos as razões profundas que deram forma e expressão à derrota obtida pelas forças da ordem capitalista e que radicam na profunda injustiça social, no aumento...