Pandemónio
De um momento para o outro tornou-se virtualmente impossível folhear um jornal, sintonizar uma estação de rádio ou um canal de televisão sem que surja o espectro da gripe das aves e da sua eventual transmissão aos humanos, qual papão aterrador para infernizar ainda mais a vida das gentes.
A sucessão de reuniões formais e informais aquém e além fronteiras, a multiplicação de declarações de ministros e secretários de Estado, as entrevistas a especialistas e as reportagens aos potenciais focos de flagelo resultaram, como seria de esperar, numa corrida às farmácias em busca da panaceia salvadora - que não existe - para o perigo que pode vir a haver.
A consequência está à vista: esgotamento de stocks de medicamentos que fariam falta para acudir a necessidades não hipotéticas mas reais, subida em flecha dos lucros das empresas produtoras dos mesmos e muita desorientação e desinformação quanto às medidas a tomar «em caso de...». Numa palavra, instalou-se o pandemónio à pala da pandemia.
A questão é que, em boa verdade, e até prova em contrário, tudo não passa de especulação alimentada por um punhado de casos por esclarecer, umas quantas aves mortas e um peru doente na Grécia. Não se percebe como, não estando provado, como se diz que não está, que o vírus da gripe das aves pode sofrer mutações e afectar os humanos; não se sabendo, como se diz que não se sabe, que mutação será essa; não existindo, por razões óbvias, uma vacina para o vírus que pode vir a ser mas ainda não é; não se percebe, dizia-se, como pode lançar-se o pânico entre as populações com a ligeireza com que o estão a fazer os governos europeus.
Entre nós a insanidade é tanta que o responsável da Direcção Geral da Saúde admite um cenário de 11 a 13 mil mortes em caso de pandemia de gripe das aves em Portugal, sem explicar como chegou a tal conclusão dado não haver ainda uma variante humana da doença, ao mesmo tempo que o primeiro-ministro garante não haver motivos para alarme porque haverá vacinas para todos apesar de ainda não haver vacina para a hipotética doença, e quando se sabe que os stocks existentes das vacinas existentes para o vírus conhecido - que não o incerto mutante - se situam nos 0,5 por cento, muito longe portanto dos desejáveis 25 por cento recomendados pela Organização Mundial de Saúde para situações de risco.
Posto isto e os factos, e mesmo aceitando que os deuses estejam loucos, é de admitir que esta história está mal contada. Resta saber com que objectivos.
A sucessão de reuniões formais e informais aquém e além fronteiras, a multiplicação de declarações de ministros e secretários de Estado, as entrevistas a especialistas e as reportagens aos potenciais focos de flagelo resultaram, como seria de esperar, numa corrida às farmácias em busca da panaceia salvadora - que não existe - para o perigo que pode vir a haver.
A consequência está à vista: esgotamento de stocks de medicamentos que fariam falta para acudir a necessidades não hipotéticas mas reais, subida em flecha dos lucros das empresas produtoras dos mesmos e muita desorientação e desinformação quanto às medidas a tomar «em caso de...». Numa palavra, instalou-se o pandemónio à pala da pandemia.
A questão é que, em boa verdade, e até prova em contrário, tudo não passa de especulação alimentada por um punhado de casos por esclarecer, umas quantas aves mortas e um peru doente na Grécia. Não se percebe como, não estando provado, como se diz que não está, que o vírus da gripe das aves pode sofrer mutações e afectar os humanos; não se sabendo, como se diz que não se sabe, que mutação será essa; não existindo, por razões óbvias, uma vacina para o vírus que pode vir a ser mas ainda não é; não se percebe, dizia-se, como pode lançar-se o pânico entre as populações com a ligeireza com que o estão a fazer os governos europeus.
Entre nós a insanidade é tanta que o responsável da Direcção Geral da Saúde admite um cenário de 11 a 13 mil mortes em caso de pandemia de gripe das aves em Portugal, sem explicar como chegou a tal conclusão dado não haver ainda uma variante humana da doença, ao mesmo tempo que o primeiro-ministro garante não haver motivos para alarme porque haverá vacinas para todos apesar de ainda não haver vacina para a hipotética doença, e quando se sabe que os stocks existentes das vacinas existentes para o vírus conhecido - que não o incerto mutante - se situam nos 0,5 por cento, muito longe portanto dos desejáveis 25 por cento recomendados pela Organização Mundial de Saúde para situações de risco.
Posto isto e os factos, e mesmo aceitando que os deuses estejam loucos, é de admitir que esta história está mal contada. Resta saber com que objectivos.