A carnificina
A «libertação» o Iraque é uma terrível e devastadora chacina
Diariamente chegam notícias de dezenas de mortos no Iraque, em atentados terroristas contra civis. Diariamente nos escondem dezenas de mortos nas operações militares terroristas das forças de ocupação contra cidades inteiras, como Tal Afar, Qaim, Ramadi, Faluja. A «libertação» o Iraque é uma terrível e devastadora chacina.
A comunicação social repete, quase unânime, a tese oficial: os atentados contra civis no Iraque são «bra da Al-Qaeda»e «e Al-Zarkawi»e «visam desencadear uma guerra civil com os xiitas». Desde o dia em que as tropas de ocupação norte-americanas entraram em Bagdade, que nos falam da «inevitável» guerra civil entre xiitas e sunitas. Mas há razões de peso para nos questionarmos sobre quem são os verdadeiros mandantes destes banhos de sangue. Destacados xiitas lançam acusações às forças de ocupação. O jornal Le Monde (16.9.05) publicou uma entrevista com Jawad Al-Khalessi, imã xiita da grande mesquita de Al-Kazimiya (bairro onde foram mortos cerca de 100 trabalhadores num ataque à bomba no passado dia 14). Confrontado com as acusações responsabilizando Al-Zarkawi, o imã xiita responde: «Não penso sequer que Al-Zarkawi exista enquanto tal. É apenas uma invenção dos ocupantes para dividir o povo. Ele foi morto no norte do Iraque no início da guerra [...] Al-Zarkawi é apenas uma diversão utilizada pelos americanos, uma desculpa para prosseguir a ocupação. É um pretexto para não sairem do Iraque». E questionado sobre a noticiada «declaração de guerra aos xiitas» acrescenta: «». O deputado xiita no «Parlamento» iraquiano, Fatah al-Xeique, afirma à televisão Al-Arabiya (14.9.05): «Existe uma enorme campanha de agentes da ocupação estrangeira que procura semear o ódio entre os filhos da nação iraquiana, e espalhar boatos para incitar o medo e a desconfiança. Os ocupantes procuram lançar a discórdia religiosa [entre xiitas e sunitas] e, se não tiverem êxito, procurarão incitar a discórdia entre xiitas. [...] Digo ao governo que o sangue continuará a correr enquanto a ocupação persistir.»
Vale a pena recordar um artigo da revista norte-americana Newsweek, de 14 de Janeiro de 2005, anunciando que, perante o pântano em que os EUA se estavam a atolar no Iraque, o governo norte-americano estava a considerar seriamente aquilo a que chamava a «Opção El Salvador»: a criação de «esquadrões da morte que visam caçar e matar dirigentes ou simpatizantes dos rebeldes». A própria revista recordava que o então Embaixador dos EUA no Iraque era John Negroponte, ex-Embaixador dos EUA nas Honduras quando esse país servia de retaguarda à guerra suja do imperialismo norte-americano na América Central.
Dividir para reinar é uma estratégia de dominação antiga. A «guerra suja» também. Não é preciso muita imaginação para acreditar que quem é capaz de desencadear guerras de agressão, de usar armas atómicas, de promover chacinas em grande escala - como a que se seguiu ao golpe anti-comunista na Indonésia, em 1965 - também é capaz de usar o terrorismo para promover uma guerra fratricída.
Até porque a situação dos EUA no Iraque é cada vez mais grave, como resultado da legítima resistência desse povo – a resistência que visa as forças de ocupação. Tão grave, que já levou o General Loureiro dos Santos - insuspeito de «anti-americanismo» - a escrever que, com a invasão do Iraque, os EUA cometeram «um dos erros estratégicos mais expressivos da História recente», que «ameaça esgotar as suas forças terrestres» (Público, 16.8.05). E a fazer também, uma interessante confissão: «A situação atingiu uma tal complexidade que se começa a admitir a possibilidade de satisfazer os reais objectivos dos regimes norte-coreano e iraniano – garantia de que não existirão iniciativas norte-americanas para os derrubar.» Afinal, a única coisa que o «Eixo do Mal» quer é que os deixem viver em paz... Entretanto, prossegue a carnificina do «Eixo do Bem».
A comunicação social repete, quase unânime, a tese oficial: os atentados contra civis no Iraque são «bra da Al-Qaeda»e «e Al-Zarkawi»e «visam desencadear uma guerra civil com os xiitas». Desde o dia em que as tropas de ocupação norte-americanas entraram em Bagdade, que nos falam da «inevitável» guerra civil entre xiitas e sunitas. Mas há razões de peso para nos questionarmos sobre quem são os verdadeiros mandantes destes banhos de sangue. Destacados xiitas lançam acusações às forças de ocupação. O jornal Le Monde (16.9.05) publicou uma entrevista com Jawad Al-Khalessi, imã xiita da grande mesquita de Al-Kazimiya (bairro onde foram mortos cerca de 100 trabalhadores num ataque à bomba no passado dia 14). Confrontado com as acusações responsabilizando Al-Zarkawi, o imã xiita responde: «Não penso sequer que Al-Zarkawi exista enquanto tal. É apenas uma invenção dos ocupantes para dividir o povo. Ele foi morto no norte do Iraque no início da guerra [...] Al-Zarkawi é apenas uma diversão utilizada pelos americanos, uma desculpa para prosseguir a ocupação. É um pretexto para não sairem do Iraque». E questionado sobre a noticiada «declaração de guerra aos xiitas» acrescenta: «
Vale a pena recordar um artigo da revista norte-americana Newsweek, de 14 de Janeiro de 2005, anunciando que, perante o pântano em que os EUA se estavam a atolar no Iraque, o governo norte-americano estava a considerar seriamente aquilo a que chamava a «Opção El Salvador»: a criação de «esquadrões da morte que visam caçar e matar dirigentes ou simpatizantes dos rebeldes». A própria revista recordava que o então Embaixador dos EUA no Iraque era John Negroponte, ex-Embaixador dos EUA nas Honduras quando esse país servia de retaguarda à guerra suja do imperialismo norte-americano na América Central.
Dividir para reinar é uma estratégia de dominação antiga. A «guerra suja» também. Não é preciso muita imaginação para acreditar que quem é capaz de desencadear guerras de agressão, de usar armas atómicas, de promover chacinas em grande escala - como a que se seguiu ao golpe anti-comunista na Indonésia, em 1965 - também é capaz de usar o terrorismo para promover uma guerra fratricída.
Até porque a situação dos EUA no Iraque é cada vez mais grave, como resultado da legítima resistência desse povo – a resistência que visa as forças de ocupação. Tão grave, que já levou o General Loureiro dos Santos - insuspeito de «anti-americanismo» - a escrever que, com a invasão do Iraque, os EUA cometeram «um dos erros estratégicos mais expressivos da História recente», que «ameaça esgotar as suas forças terrestres» (Público, 16.8.05). E a fazer também, uma interessante confissão: «A situação atingiu uma tal complexidade que se começa a admitir a possibilidade de satisfazer os reais objectivos dos regimes norte-coreano e iraniano – garantia de que não existirão iniciativas norte-americanas para os derrubar.» Afinal, a única coisa que o «Eixo do Mal» quer é que os deixem viver em paz... Entretanto, prossegue a carnificina do «Eixo do Bem».