Mais dos mesmos
O Governo de José Sócrates não tem poupado esforços, com a prestimosa ajuda dos comentadores de serviço, para fazer crer que «desta vez» o sacrifício toca a todos para combater o ‘monstro’ do défice.
A primeira fase da campanha foi a da alegada surpresa do executivo sobre os resultados do estudo encomendado ao Banco de Portugal. Fazendo a rábula da virgem ofendida, os governantes saíram a terreiro clamando contra a desgraça que lhes estragava o estado de graça e os obrigava, sem apelo nem agravo, a tomar as medidas que nunca por nunca ser tinham sequer sonhado tomar. O cacarejar foi de tal monta que abafou as vozes dos que insistiam em lembrar as repetidas intervenções de Vítor Constâncio - antes, durante de depois das eleições - sobre a pretensa necessidade de continuar a apertar o cinto aos mesmos de sempre, que com o cinto dos outros - o seu incluído - não se mete, até porque as barrigas volumosas de benesses e prebendas adoptaram há muito os convenientes suspensórios que as põem a salvo das investidas ditas moralizadoras dos governantes de serviço. Esquecido ficou também o deslize do então putativo ministro das Finanças em plena campanha eleitoral, quando falou na inevitabilidade de aumentar os impostos, bem como a enigmática resposta de Sócrates quando inquirido sobre a questão.
Substituído o estado da tanga pelo estado da parra, a segunda fase da campanha foi a do apelo patriótico, ao estilo de ‘todos não somos demais para salvar as finanças públicas’. Pretendia-se assim convencer os portugueses que, com o País à beira do abismo, todos iam ser chamados a dar o litro, finalmente irmanados no desígnio nacional de liquidar o défice.
Anunciadas as primeiras medidas e constatado o facto de que a solução era mais do mesmo para os mesmos, o Governo não desarmou com as críticas nem se incomodou com as demonstrações de protesto. Encurtou as liberdades, como no caso dos professores, e engrossou as promessas de moralização, que curiosamente não passaram disso mesmo e mais curiosamente ainda deixam de fora sectores tão importantes como a banca e seguros, que anunciam todos os anos gordos lucros enquanto o país se afunda.
Admitamos no entanto que as tais promessas eram para cumprir. Seria mesmo assim legítimo o sacrifício de todos? Poder-se-á alguma vez colocar em pé de igualdade a fartura e a fome, a riqueza e a miséria, os que tudo acumularam e os que perderam quase tudo? Se é esta a noção de justiça social do Governo PS, como parece ser, está condenado. Tal como os seus antecessores já começou a cair e não haverá maioria que o segure.
A primeira fase da campanha foi a da alegada surpresa do executivo sobre os resultados do estudo encomendado ao Banco de Portugal. Fazendo a rábula da virgem ofendida, os governantes saíram a terreiro clamando contra a desgraça que lhes estragava o estado de graça e os obrigava, sem apelo nem agravo, a tomar as medidas que nunca por nunca ser tinham sequer sonhado tomar. O cacarejar foi de tal monta que abafou as vozes dos que insistiam em lembrar as repetidas intervenções de Vítor Constâncio - antes, durante de depois das eleições - sobre a pretensa necessidade de continuar a apertar o cinto aos mesmos de sempre, que com o cinto dos outros - o seu incluído - não se mete, até porque as barrigas volumosas de benesses e prebendas adoptaram há muito os convenientes suspensórios que as põem a salvo das investidas ditas moralizadoras dos governantes de serviço. Esquecido ficou também o deslize do então putativo ministro das Finanças em plena campanha eleitoral, quando falou na inevitabilidade de aumentar os impostos, bem como a enigmática resposta de Sócrates quando inquirido sobre a questão.
Substituído o estado da tanga pelo estado da parra, a segunda fase da campanha foi a do apelo patriótico, ao estilo de ‘todos não somos demais para salvar as finanças públicas’. Pretendia-se assim convencer os portugueses que, com o País à beira do abismo, todos iam ser chamados a dar o litro, finalmente irmanados no desígnio nacional de liquidar o défice.
Anunciadas as primeiras medidas e constatado o facto de que a solução era mais do mesmo para os mesmos, o Governo não desarmou com as críticas nem se incomodou com as demonstrações de protesto. Encurtou as liberdades, como no caso dos professores, e engrossou as promessas de moralização, que curiosamente não passaram disso mesmo e mais curiosamente ainda deixam de fora sectores tão importantes como a banca e seguros, que anunciam todos os anos gordos lucros enquanto o país se afunda.
Admitamos no entanto que as tais promessas eram para cumprir. Seria mesmo assim legítimo o sacrifício de todos? Poder-se-á alguma vez colocar em pé de igualdade a fartura e a fome, a riqueza e a miséria, os que tudo acumularam e os que perderam quase tudo? Se é esta a noção de justiça social do Governo PS, como parece ser, está condenado. Tal como os seus antecessores já começou a cair e não haverá maioria que o segure.