Em Aveiro

Prossegue o abate de embarcações

A DORAV denuncia o abate de nove embarcações no porto de Aveiro, no que considera um ataque ao aparelho produtivo nacional, e exige que o Governo tome medidas.

Desde a adesão à UE que é abatido, em média, um barco por dia

Nas últimas semanas foram abatidas mais nove embarcações no Porto de Aveiro, denuncia, em nota de imprensa, a Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP. Estes barcos eram propriedade das empresas Pescarias da Beira Litoral, PESCAVE e Sociedade de Pescas.
A DORAV sublinha com inquietação que estes abates têm, para já, duas consequências imediatas. A primeira é a de lançar para o desemprego mais de cem pescadores, «alguns dos quais com vidas de ligação a essas empresas», sendo que nalguns casos os pescadores não encontram outros postos a desempenhar nas respectivas empresas.
Para muitos, sublinha a DORAV, a «única perspectiva de futuro que encontram é a saída para o estrangeiro, para utilizar sob bandeira francesa, espanhola ou de qualquer outro país, os conhecimentos e as capacidades que aprenderam e desenvolveram aqui». E, nota aquele organismo do PCP, são cada vez mais os que tomam esta opção. E as zonas piscatórias vêem «novamente os seus homens partir e instalam-se as bolsas de pobreza», destaca a DORAV, que recorda que alguns destes pescadores foram despedidos nos últimos meses, «num acto que parece ter como objectivo limitar o direito às indemnizações fixas, a que os mesmos terão direito, já que foram despedidos antes da decisão do abate e não contarão do rol de matricula desses navios, no momento do abate».

Aumenta a dependência do estrangeiro

A segunda consequência que o PCP destaca é o facto de este abate constituir «mais um golpe na capacidade de pesca nacional». Isto provoca, segundo os comunistas, o aumento da dependência neste sector relativamente a outros países, nomeadamente a Espanha. «Nos últimos anos o défice da balança comercial das pescas aumentou quase 200 por cento, enquanto as capturas da frota nacional se reduzem para metade. 48 por cento foi a redução das capturas da frota nacional entre 1987 e 2002, ou seja, menos de 180 mil toneladas de pescado», denuncia o PCP.
Pelo meio, acusa a DORAV, «ficam perguntas sobre a transparência de todos os processos, designadamente sobre os prazos e rapidez de mudança de registo do porto de armamento de um navio da Nazaré para o porto da Figueira». O único objectivo visível desta mudança seria o de aceder a indemnizações compensatórias para o abate, já esgotadas neste momento no porto de origem, inserido na Zona de Lisboa e Vale do Tejo.
Para os comunistas de Aveiro, está-se perante um «crime de destruição do aparelho produtivo nacional». A DORAV reclama do Governo que ao invés de permitir o abate de navios aponte medidas de incentivo à manutenção das embarcações ainda em serviço. O PCP responsabiliza ainda os governos e as políticas comunitárias pela situação das pescas em Portugal: desde a adesão, foi abatido, em média, um barco por dia. A redução na frota pesqueira nacional foi de 36 por cento entre 1990 e 2002 – ou seja, menos de 5750 embarcações. Postos de trabalho perdidos (entre 1987 e 2000) foram mais de 16 mil, ou seja cerca de 40 por cento.
Por outro lado, grandes países europeus – alguns sem grande tradição pesqueira – viram as suas frotas aumentar. A frota francesa aumentou 15 por cento e a dinamarquesa 17 por cento. Para os comunistas, esta situação é fruto do «desinteresse completo dos governos de direita e do PS relativamente a este importante e emblemático sector, que não usaram dos mecanismos que ainda tinham para a sua defesa». Mecanismos esses, lembram, que se «perderiam totalmente no caso de ser aprovada a dita “Constituição Europeia”».

PCP apresentarequerimento

O abate de embarcações em Aveiro não passou despercebido ao Grupo Parlamentar comunista. Numa boa coordenação com a Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP, o deputado comunista Jorge Machado inteirou-se da situação do abate dos barcos e apresentou, na Assembleia da República, um requerimento relativo ao assunto.
Denunciando a situação, o deputado comunista questiona o Governo acerca do conhecimento que tem – se o tem – acerca de «mais este golpe na capacidade de pesca nacional» e que medidas tenciona tomar para incentivar à manutenção das embarcações ainda em serviço. Jorge Machado pretende ainda saber que nível de conhecimento tem o Governo acerca da situação em que ficam os pescadores.


Mais artigos de: PCP

Em defesa do sector têxtil

O PCP entregou, terça-feira, ao Presidente da Assembleia da República, as 20 mil assinaturas recolhidas em defesa do sector têxtil. O projecto de resolução do PCP foi discutido ontem.

Reforçar laços de cooperação

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e Manuela Bernardino, do Secretariado do CC, regressaram a Lisboa na passada segunda-feira após uma viagem a vários países da Europa.

Aprofunda-se especulação imobiliária

A Câmara Municipal da Amadora aprovou recentemente, com os votos contra dos vereadores da CDU, o estabelecimento de um protocolo com a COTTES-CONSEST para a elaboração de um projecto de urbanização para os terrenos da Quinta do Estado na Falagueira e terrenos anexos propriedade da Câmara. Em nota à comunicação social, a...

Destruição a Metro?

Defendendo o desenvolvimento do projecto do Metro Mondego, os comunistas de Coimbra assistem com preocupação «às manobras que, a coberto deste, visam a liquidação do actual serviço ferroviário». Para o PCP, é claro que «em caso algum o projecto do Metro-ligeiro na cidade de Coimbra pode pôr em causa o direito das...

Portugueses escravizados em Espanha

O PCP está preocupado com a exploração desenfreada a que estão sujeitos milhares de portugueses que procuraram Espanha para trabalhar, em busca de melhores salários e condições de vida. Segundo algumas organizações sociais, que trabalham no terreno, estes trabalhadores vivem sob o jugo do medo, porque as ameaças existem...

Comunistas contactam populações

O PCP contactou, no passado dia 6, as populações de Odeleite e Furnazinhas, duas localidades do concelho de Castro Marim. Num muito participado encontro em Odeleite, os comunistas ouviram da população local denúncias várias acerca da forma como as obras do IC27 têm avançado, sem que sequer tenha sido ouvida pelo...

Obra de Lorca evocada

Mais de 60 pessoas participaram na sessão sobre a Alocução ao Povo da Aldeia de Fuentevaqueros, de Federico Garcia Lorca, que a Comissão Concelhia de Palmela do PCP promoveu, na passada quinta-feira, na Biblioteca Municipal do Pinhal Novo.A iniciativa inseriu-se nas iniciativas comunistas da comemoração do 60º...

Encontro PCP-PAIGC

Carlos Gomes Júnior, presidente do PAIGC e primeiro-ministro da Guiné-Bissau, encabeçou a delegação que anteontem foi recebida, no centro de trabalho da Rua Soeiro Pereira Gomes, pelo secretário-geral do PCP.Integraram ainda a delegação guineense os camaradas Malam Bacai Sanhá, candidato do PAIGC às eleições...

Festa Alentejana em Beja

No próximo fim-de-semana, dias 21 e 22 de Maio, realiza-se, em Beja, no Parque de Feiras e Exposições, a Festa Alentejana - «Uma Festa a Valer». A Festa, de que constam espectáculos, desporto, debates e colóquios, tem início no sábado, às 10h00, e prolonga-se por todo o dia, no domingo. Ainda no domingo, às 11h00,...