E vão vinte e sete
Domingo à noite: num canal de televisão passam imagens do congresso do PSD: um congressista, falando da tribuna para uma sala quase vazia, lamenta o facto de, tendo sido, segundo diz, dos primeiros a inscrever-se, só lhe ter sido dada a palavra às três da manhã de sábado – e lá vai deixando o seu protesto, comedido e sorridente, pelo facto de, até nesta questão tão simples como o direito à palavra, uns serem filhos e outros enteados; alguns dos poucos congressistas presentes assobiam-no e ele, sorridente, calmo, protesta contra os assobios; quando vai iniciar a sua intervenção, o presidente do congresso, diz-lhe que acabou o seu tempo de uso de palavra e ele, sorridente, calmo, diz que sim senhor, e que quer, apenas, dizer… não se sabe o quê, porque o som é cortado; o homem abandona a tribuna e regressa ao seu lugar – ou, quem sabe, a penates, também ele.
Um matutino lisboeta, ouve congressistas: diz um, falando do líder que há-de ser eleito (para isso, e só para isso, foi realizado o congresso, não é verdade?): «Não é muito o entusiasmo à volta de ninguém» – e acrescenta que os congressistas terão que escolher «do mal o menos»; diz outro: «muitos militantes vieram a pensar que poderia aparecer alguém»; e logo um terceiro adverte, judicioso: «a história não se repete, só uma vez é que apareceu um candidato do céu»; o mesmo, ou outro, confidencia, talvez pensando ainda num milagre: «havia até quem dissesse que se Santana se recandidatasse teria ganho.»
Não se recandidatou Santana, logo não ganhou.
Mas nada está perdido. Porquê?: porque a fé não morre: «o PSD vai saber recuperar». Porquê?: «porque é um partido que não vive muito de ideologias, mas é mais pragmático». Verdades grandes, grandes, estas: com efeito, se ideologias são conjuntos de ideias, ninguém viu tal coisa no fim de semana passado, em Pombal – mas havia uma-ideia-uma, e essa comum a todos os presentes: recuperar o governo o mais depressa possível, porque sem governo o partido não faz sentido. E quanto a pragmatismo, havia-o por tudo quanto era sítio, desde o critério estabelecido para o uso da palavra, até ao pitoresco episódio final: antes do início da sessão de encerramento, foram tiradas várias filas de cadeiras para que não se notasse a debandada de congressistas.
Assim se vê... como é fácil organizar um congresso e como é que o PSD já lá vai com 27 – quase um por ano, em média…
Um matutino lisboeta, ouve congressistas: diz um, falando do líder que há-de ser eleito (para isso, e só para isso, foi realizado o congresso, não é verdade?): «Não é muito o entusiasmo à volta de ninguém» – e acrescenta que os congressistas terão que escolher «do mal o menos»; diz outro: «muitos militantes vieram a pensar que poderia aparecer alguém»; e logo um terceiro adverte, judicioso: «a história não se repete, só uma vez é que apareceu um candidato do céu»; o mesmo, ou outro, confidencia, talvez pensando ainda num milagre: «havia até quem dissesse que se Santana se recandidatasse teria ganho.»
Não se recandidatou Santana, logo não ganhou.
Mas nada está perdido. Porquê?: porque a fé não morre: «o PSD vai saber recuperar». Porquê?: «porque é um partido que não vive muito de ideologias, mas é mais pragmático». Verdades grandes, grandes, estas: com efeito, se ideologias são conjuntos de ideias, ninguém viu tal coisa no fim de semana passado, em Pombal – mas havia uma-ideia-uma, e essa comum a todos os presentes: recuperar o governo o mais depressa possível, porque sem governo o partido não faz sentido. E quanto a pragmatismo, havia-o por tudo quanto era sítio, desde o critério estabelecido para o uso da palavra, até ao pitoresco episódio final: antes do início da sessão de encerramento, foram tiradas várias filas de cadeiras para que não se notasse a debandada de congressistas.
Assim se vê... como é fácil organizar um congresso e como é que o PSD já lá vai com 27 – quase um por ano, em média…