A previsão
Há apenas seis meses, a Comissão Europeia previa, para Portugal e para este ano de 2005, um crescimento económico de apenas 2,2 por cento.
Como se não bastasse, esta semana a mesma Comissão Europeia «reviu» as suas previsões e reduziu-nos as magras expectativas económicas para metade: agora só nos dá 1,1 por cento de crescimento económico esperável.
A «explicação» é curta e grossa: tudo acontece por causa do aumento dos preços do petróleo e a queda do dólar.
Pior que Portugal, segundo a douta Comissão, só mesmo a Alemanha, a quem é atribuído um «crescimento» de 0,8 por cento em 2005, ou seja, em linguagem de economistas que não vão em futebóis, uma configurada recessão técnica.
Aliás, «crescimentos» abaixo de 1,5 por cento são isso mesmo - «recessões técnicas» -, onde, nomeadamente, não há capacidade para gerar novos postos de trabalho ou, sequer, suster os que existem.
Vem a talhe de foice referir que o actual chanceler alemão, o social-democrata Gerard Schroeder, conquistou o seu primeiro mandato (1998-2002) prometendo a criação de um milhão de novos postos de trabalho e a diminuição dos desempregados para 3,5 milhões logo nesse mandato, «pedindo» em contrapartida ao eleitorado que, em nome desse «projecto», aceitasse um conjunto de desregulamentações sociais que cortaram diversos direitos e garantias aos trabalhadores alemães e, concomitantemente, satisfizeram a rapacidade, sempre insaciável, do patronato.
Passados quase dois mandatos desde 1998, o resultado da «reforma Schroeder» está à vista: em vez de se ter criado um milhão de novos postos de trabalho ou diminuído o desemprego para 3,5 milhões, esse desemprego subiu até aos cinco milhões e 216 mil desempregados (dados de Fevereiro último), ou seja 11,7 por cento da população activa, enquanto se perderam direitos e garantias sociais e laborais em nome do tal «combate ao desemprego» e, obviamente, a concentração da riqueza disparou, tal como os lucros fabulosos dos grandes grupos económicos que, convém igualmente recordá-lo, têm subido astronomicamente não só na Alemanha, mas na generalidade da União Europeia, incluindo Portugal.
Isto apesar do tal «aumento constante do preço do petróleo» e da «queda do dólar». Mas esses lucros astronómicos e gritantes injustiças na distribuição da riqueza ninguém refere, contesta ou analisa.
Em contrapartida, as «perspectivas» de crescimento para este ano na Alemanha são de 0,8 por cento, o que naturalmente continua a convocar as panaceias do costume: mais cortes nos salários e direitos dos trabalhadores em geral, nos serviços e apoios sociais, nas despesas ditas «do Estado» e que têm a ver com os direitos de todos os cidadãos em matérias tão fundamentais como a Saúde, o Ensino ou a Segurança Social.
O que acontecerá em Portugal? Aqui, a economia externa até está grandemente atrelada à Alemanha e aqui é onde o «dinâmico» sector privado só «arrisca» se for o Estado a arcar com as despesas, é onde os investidores só sabem exigir garantias ao Estado e salvaguardas para si próprios e os iluminados que nos governam só têm conhecido uma única resposta para este imbróglio da «baixa de crescimento»: o de cortar, sempre e mais, nos salários dos trabalhadores e nos direitos dos cidadãos.
O que tem a dizer sobre tudo isto o nosso Primeiro-Ministro José Sócrates, que ainda há cerca de um mês se comprometeu a criar 150 mil novos postos de trabalho?
O País aguarda.
Como se não bastasse, esta semana a mesma Comissão Europeia «reviu» as suas previsões e reduziu-nos as magras expectativas económicas para metade: agora só nos dá 1,1 por cento de crescimento económico esperável.
A «explicação» é curta e grossa: tudo acontece por causa do aumento dos preços do petróleo e a queda do dólar.
Pior que Portugal, segundo a douta Comissão, só mesmo a Alemanha, a quem é atribuído um «crescimento» de 0,8 por cento em 2005, ou seja, em linguagem de economistas que não vão em futebóis, uma configurada recessão técnica.
Aliás, «crescimentos» abaixo de 1,5 por cento são isso mesmo - «recessões técnicas» -, onde, nomeadamente, não há capacidade para gerar novos postos de trabalho ou, sequer, suster os que existem.
Vem a talhe de foice referir que o actual chanceler alemão, o social-democrata Gerard Schroeder, conquistou o seu primeiro mandato (1998-2002) prometendo a criação de um milhão de novos postos de trabalho e a diminuição dos desempregados para 3,5 milhões logo nesse mandato, «pedindo» em contrapartida ao eleitorado que, em nome desse «projecto», aceitasse um conjunto de desregulamentações sociais que cortaram diversos direitos e garantias aos trabalhadores alemães e, concomitantemente, satisfizeram a rapacidade, sempre insaciável, do patronato.
Passados quase dois mandatos desde 1998, o resultado da «reforma Schroeder» está à vista: em vez de se ter criado um milhão de novos postos de trabalho ou diminuído o desemprego para 3,5 milhões, esse desemprego subiu até aos cinco milhões e 216 mil desempregados (dados de Fevereiro último), ou seja 11,7 por cento da população activa, enquanto se perderam direitos e garantias sociais e laborais em nome do tal «combate ao desemprego» e, obviamente, a concentração da riqueza disparou, tal como os lucros fabulosos dos grandes grupos económicos que, convém igualmente recordá-lo, têm subido astronomicamente não só na Alemanha, mas na generalidade da União Europeia, incluindo Portugal.
Isto apesar do tal «aumento constante do preço do petróleo» e da «queda do dólar». Mas esses lucros astronómicos e gritantes injustiças na distribuição da riqueza ninguém refere, contesta ou analisa.
Em contrapartida, as «perspectivas» de crescimento para este ano na Alemanha são de 0,8 por cento, o que naturalmente continua a convocar as panaceias do costume: mais cortes nos salários e direitos dos trabalhadores em geral, nos serviços e apoios sociais, nas despesas ditas «do Estado» e que têm a ver com os direitos de todos os cidadãos em matérias tão fundamentais como a Saúde, o Ensino ou a Segurança Social.
O que acontecerá em Portugal? Aqui, a economia externa até está grandemente atrelada à Alemanha e aqui é onde o «dinâmico» sector privado só «arrisca» se for o Estado a arcar com as despesas, é onde os investidores só sabem exigir garantias ao Estado e salvaguardas para si próprios e os iluminados que nos governam só têm conhecido uma única resposta para este imbróglio da «baixa de crescimento»: o de cortar, sempre e mais, nos salários dos trabalhadores e nos direitos dos cidadãos.
O que tem a dizer sobre tudo isto o nosso Primeiro-Ministro José Sócrates, que ainda há cerca de um mês se comprometeu a criar 150 mil novos postos de trabalho?
O País aguarda.