Seis reflexões sobre uma campanha
1– Sentido de uma campanha
Esta campanha tem levado à conclusão praticamente unânime de que entre PS e PSD a confusão é muito mais nítida do que a diferença. A ponto de...as diferenças comentadas poderem estar na cor das gravatas ou no tom das camisas envergadas pelos dois candidatos a ganhadores. Nem faltou a postura à americana do chamado «frente a frente». Faz inevitavelmente lembrar os comentadores americanos que afirmavam que Kennedy tinha vencido Nixon pelo fato, camisa e gravata apresentados na TV.
2 – Descrédito da política
A política é coisa séria, tão séria que foi decidido entre nós que todos os cidadãos com mais de 18 anos teriam direito a eleger e ser eleitos, com direitos e deveres a intervenção actuante. Mas não é o que tem sobressaído na campanha. É mais uma sucessão de episódios como séries televisivas de que já se conhece o sinal antes do fim.
Com a falta de ideias atribuídas a quem não pode discuti-las, porque não tem outras, a campanha lançou votos de descrédito sobre a ideia nobre da política, que se pretende de um dizer e fazer comum: uma sociedade que escolheu um regime democrático, aberto a quem quiser livremente participar.
3 – Culpas do Palácio de Belém
Estas são o grande desnecessário introduzido numa campanha que teve o demérido de ter sido adiada vários meses, a pesar caro sobre a vida dos portugueses. A pergunta é: por quê e para quê? Merece resposta à altura.
4 – Desculpas de S. Bento
Sem ideias nem projecto. Sem capacidade para dirigir a não ser à cata dos próprios interesses, o governo agarrou-se a uma única bóia: acatar responsabilidades ao anterior. Nunca tivemos pior ao nosso anti-dispôr. Ficou a lição.
5 – A quem se entrega o Estado
Embora o Estado sejamos todos nós, optámos por um sistema de democracia representativa. Elegemos, alguns de nós são eleitos, e depois...é um ver quem sabe ao pior que antes. A responsabilidade do Estado deve corresponder a uma permanente e autêntica vontade popular. Que pode e deve mudar sempre que o Estado não responda ao que queremos querer.
6 – Escolha difícil?
Votar não é fácil. A dificuldade tem acrescida esta poderosa caixa de ressonância que é a comunicação social que nem sempre nos dá factos mas apenas o seu sopro comentado. Mas mesmo num quadro adverso, registou-se um amplo reconhecimento da seriedade e valor da nossa campanha no quadro da CDU. Embora ainda tenha aparecido alguém com o passo trocado a chamar-nos «esquerda rígida, fria e imobilista», a verdade é que nos podemos orgulhar de um facto único na história política portuguesa: lutámos sempre ao lado e com os grandes interesses populares. Nisso, de facto, não mudámos. Não é o que nos põe atrás do tempo.
O que exigimos do tempo é que a luta de todos, e o voto de muitos possa valer a todos um projecto comum a ganhar.
Esta campanha tem levado à conclusão praticamente unânime de que entre PS e PSD a confusão é muito mais nítida do que a diferença. A ponto de...as diferenças comentadas poderem estar na cor das gravatas ou no tom das camisas envergadas pelos dois candidatos a ganhadores. Nem faltou a postura à americana do chamado «frente a frente». Faz inevitavelmente lembrar os comentadores americanos que afirmavam que Kennedy tinha vencido Nixon pelo fato, camisa e gravata apresentados na TV.
2 – Descrédito da política
A política é coisa séria, tão séria que foi decidido entre nós que todos os cidadãos com mais de 18 anos teriam direito a eleger e ser eleitos, com direitos e deveres a intervenção actuante. Mas não é o que tem sobressaído na campanha. É mais uma sucessão de episódios como séries televisivas de que já se conhece o sinal antes do fim.
Com a falta de ideias atribuídas a quem não pode discuti-las, porque não tem outras, a campanha lançou votos de descrédito sobre a ideia nobre da política, que se pretende de um dizer e fazer comum: uma sociedade que escolheu um regime democrático, aberto a quem quiser livremente participar.
3 – Culpas do Palácio de Belém
Estas são o grande desnecessário introduzido numa campanha que teve o demérido de ter sido adiada vários meses, a pesar caro sobre a vida dos portugueses. A pergunta é: por quê e para quê? Merece resposta à altura.
4 – Desculpas de S. Bento
Sem ideias nem projecto. Sem capacidade para dirigir a não ser à cata dos próprios interesses, o governo agarrou-se a uma única bóia: acatar responsabilidades ao anterior. Nunca tivemos pior ao nosso anti-dispôr. Ficou a lição.
5 – A quem se entrega o Estado
Embora o Estado sejamos todos nós, optámos por um sistema de democracia representativa. Elegemos, alguns de nós são eleitos, e depois...é um ver quem sabe ao pior que antes. A responsabilidade do Estado deve corresponder a uma permanente e autêntica vontade popular. Que pode e deve mudar sempre que o Estado não responda ao que queremos querer.
6 – Escolha difícil?
Votar não é fácil. A dificuldade tem acrescida esta poderosa caixa de ressonância que é a comunicação social que nem sempre nos dá factos mas apenas o seu sopro comentado. Mas mesmo num quadro adverso, registou-se um amplo reconhecimento da seriedade e valor da nossa campanha no quadro da CDU. Embora ainda tenha aparecido alguém com o passo trocado a chamar-nos «esquerda rígida, fria e imobilista», a verdade é que nos podemos orgulhar de um facto único na história política portuguesa: lutámos sempre ao lado e com os grandes interesses populares. Nisso, de facto, não mudámos. Não é o que nos põe atrás do tempo.
O que exigimos do tempo é que a luta de todos, e o voto de muitos possa valer a todos um projecto comum a ganhar.