Defesa Nacional e Forças Armadas

Salvador ou o mágico?

Rui Fernandes
Já se sabia da linha populista e demagógica das intervenções de Portas, mas as últimas aparições públicas excedem os limites do razoável. Pretender induzir, por exemplo, que há menos mortes em acidentes de viação por acção do PP, não lembra ao diabo mas lembrou a Portas.
Mas além desta linha do «outro mundo» há uma vertente milagreira, a de salvador.
Ele salvou quase tudo: salvou as OGMA às uns meses largos atrás. Hoje bem se sabe o significado dessa salvação; salvou a Bombardier e os empregos. Passadas 24 horas bem se via que a palavra salvação dava lugar a atrapalhação. Agora, salvou os estaleiros de Viana, mas importava que clarificasse qual o peso do futuro parceiro estratégico e qual o futuro do Arsenal do Alfeite, ou seja, o problema é uma visão global para a questão da indústria naval nacional e, particularmente, para as áreas ligadas às industrias de defesa. E sobre isto, Portas, disse zero! Até porque, governo após governo o discurso foi o de considerar as indústrias de defesa como algo a abater, sem futuro e sem sentido.
Ora, Portas faz o discurso de que «o que é nacional é bom» mas depois, caso da OGMA, pratica pouco. E é ou não verdade que as (desnecessárias) Fragatas Perry vão realizar trabalhos de muitos milhões de euros em Espanha? E é ou não verdade que o trabalho actualmente perspectivado para os estaleiros de Viana não garante a viabilidade da empresa? E é ou não verdade que os ritmos de construção das encomendas ligadas à Marinha é lento, tem atrasos, porque não basta anunciar protocolos, assinaturas de contratos, etc., é preciso verbas?
Para o Ministro Portas anunciar é fácil. Aliás, é isso mesmo que o caracteriza.
Veja-se o caso do fundo dos antigos combatentes que noticias bem recentes (Diário Económico de 10/1) diziam estar sem verbas. Isto é, começaram a ser despendidas verbas sem dotação. Noutro plano, e meramente a título de curiosidade, parece que o ministro Portas se decidiu para a escolha da empresa Styer para fornecedora dos blindados que vão substituir os chaimites. Ora, segundo notícias vindas a público, quem terá prestado assistência jurídica à empresa ETE, que representou a Styer em Portugal, foi uma empresa de advogados liderada por Alexandre Albuquerque que é membro do Conselho Nacional do CDS-PP. É só uma curiosidade.
Ao mesmo tempo que prossegue nesta linha populista e superficial no tratamento dos assuntos e vai misturando campanha eleitoral e instituição militar, contam já 6 meses de atraso o pagamento das comparticipações da assistência na doença aos militares da armada (ADMA), continua o não reconhecimento das uniões de facto na instituição com consequências nos não direitos dos cônjuges, prosseguem os bloqueios nas carreiras, nomeadamente nos sargentos, continuam a não ser pago o complemento de pensão de reforma que soma já, nos bolsos do Estado, muitos milhões de euros, mantêm-se problemas no âmbito do chamado problema dos ex-combatentes, persistem atitudes anti associativas sem que exista da parte do Ministério uma acção correctiva dessas práticas, os preços de vários serviços sociais registaram aumentos brutais, etc..
Pode Portas, com aquela sua pose de Estado para TV filmar e vender, continuar a dizer que: sim sr., ali no PP é que está a credibilidade, ali no PP é que está a serenidade, contribuindo assim para mais umas marcas nas costas de Pedro que já devem estar num estado indescritível. A verdade é a que é, e Portas, não é um salvador, mas quando muito um mágico.


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