Solidariedade e propaganda
Há um dito muito cristão que manda a mão direita prestar a solidariedade sem que a esquerda veja. Ou vice-versa, que isto de esquerda e de direita começou muito mais tarde. O certo é que, como muitos outros bons preceitos quanto à vida terrena e baseados no mais original e humano de todos eles, que é o de amar o próximo como a nós mesmos, foi dos primeiros a serem esquecidos, ou melhor, varridos da prática, continuando na cartilha onde estas coisas ser aprendiam. Azares de uma instituição que, a partir do momento em que se aliou ao poder dos césares, passou a conformar a prática com os interesses destes.
Hoje, num mundo quase todo repartido por césares, grandes e pequenos, que mais não são que os lacaios do poder económico do capitalismo globalizado, a solidariedade não se usa entre eles, a não ser como arma de propaganda. Quando um governo dá um euro tem de fazê-lo em frente da televisão; quando um Estado dispensa um dólar, tem de ser em conferência de imprensa.
É o que se tem estado a ver na decorrência da tragédia natural ocorrida nas costas da Ásia, onde uma vaga monstruosa não só devastou povoações e fez milhares de mortos como desvendou a miséria e a dependência de povos inteiros.
Num primeiro embate, e apesar de primeiro se falar nos turistas ignorando ou colocando em segundo lugar e muito atrás os milhares de mortos já anunciados entre as populações autóctones, a solidariedade levantou-se logo da cadeira e, na União Europeia chegou a falar-se de um donativo de um milhão de euros. Não chegava para pagar sequer os enterros, quanto mais para dar de comer e de beber aos vivos. A Comissão Europeia, entretanto, veio anunciar uma «ajuda» de três milhões... e prometeu mais um par de dezenas a distribuir pelo Sri Lanka, pelas Maldivas e pela Indonésia.
Washington não quis ficar a trás, e deu logo 15 milhões de dólares. Só depois de terem chamado sovina ao presidente e de lhe terem lembrado que isso era menos de metade da despesa nas festas da reeleição e menos de metade do que os EUA gastam em comida para cães e gatos, é que a verba foi subindo até aos 350 milhões. Já não se trata, porém, de uma ajuda. É uma verba gasta em propaganda.
Se não fossem as toneladas de dádivas que muitas instituições recolhem dos próprios populares que em todos os países é quem paga os impostos, não havia mais dinheiro. É que a despesa é muita. Em guerras, por exemplo.
Hoje, num mundo quase todo repartido por césares, grandes e pequenos, que mais não são que os lacaios do poder económico do capitalismo globalizado, a solidariedade não se usa entre eles, a não ser como arma de propaganda. Quando um governo dá um euro tem de fazê-lo em frente da televisão; quando um Estado dispensa um dólar, tem de ser em conferência de imprensa.
É o que se tem estado a ver na decorrência da tragédia natural ocorrida nas costas da Ásia, onde uma vaga monstruosa não só devastou povoações e fez milhares de mortos como desvendou a miséria e a dependência de povos inteiros.
Num primeiro embate, e apesar de primeiro se falar nos turistas ignorando ou colocando em segundo lugar e muito atrás os milhares de mortos já anunciados entre as populações autóctones, a solidariedade levantou-se logo da cadeira e, na União Europeia chegou a falar-se de um donativo de um milhão de euros. Não chegava para pagar sequer os enterros, quanto mais para dar de comer e de beber aos vivos. A Comissão Europeia, entretanto, veio anunciar uma «ajuda» de três milhões... e prometeu mais um par de dezenas a distribuir pelo Sri Lanka, pelas Maldivas e pela Indonésia.
Washington não quis ficar a trás, e deu logo 15 milhões de dólares. Só depois de terem chamado sovina ao presidente e de lhe terem lembrado que isso era menos de metade da despesa nas festas da reeleição e menos de metade do que os EUA gastam em comida para cães e gatos, é que a verba foi subindo até aos 350 milhões. Já não se trata, porém, de uma ajuda. É uma verba gasta em propaganda.
Se não fossem as toneladas de dádivas que muitas instituições recolhem dos próprios populares que em todos os países é quem paga os impostos, não havia mais dinheiro. É que a despesa é muita. Em guerras, por exemplo.