Um dó de sinfonia
Santana Lopes afirmou anteontem em entrevista à RTP que a central de comunicação do Governo, após ter sido vetada pelo Presidente da República, é um «assunto encerrado». Manifestamente pouco interessado em abrir um qualquer conflito institucional com Jorge Sampaio, o primeiro-ministro dedicou 40 minutos a tentar desdramatizar as relações do executivo com a comunicação social e a procurar demonstrar que não há, de modo algum, a mínima intenção do Governo de calar, controlar, cercear, influenciar, restringir, ou mesmo manipular os média.
Esforço inglório. Por mais que se tentasse, Santana Lopes deixava estalar o verniz mal começava a argumentar e não foi sequer capaz de resistir à tentação de se queixar das alegadas malfeitorias de que era alvo por parte da comunicação social - que inventa tudo e de tudo o acusa -, desde a história da sesta às deambulações nocturnas, sem esquecer obviamente essa enorme falsidade da ingerência política na imprensa.
Santana, que se afirma um defensor intransigente do contraditório e da liberdade de expressão, foi mesmo ao ponto de lembrar que o director de um jornal e comentador da RTP participou numa manifestação contra a sua indigitação como chefe do executivo - falava de José Manuel Fernandes, do Público, que como toda a gente sabe é um perigoso independente -, e de garantir que pela calada da noite ou do dia ou da tarde há responsáveis pela imprensa que visitam sedes dos partidos da oposição.
Os políticos coitados que têm a pesada cruz de governar a tudo são sujeitos e tudo têm de aguentar, e se por vezes reagem com «veemência» não é por falta de cultura democrática, não senhor, mas pelo muito amor que sentem pela liberdade de imprensa, garantiu Lopes, que fez prova da importância dada à questão informando começar o dia de trabalho com a leitura dos média nacionais e estrangeiros, sem esquecer a rádio e a televisão, no que gasta uma média de 15 minutos do seu precioso tempo, façanha só possível com a sua enorme «prática».
Com um primeiro-ministro tão bem informado, percebe-se que o Governo dê de barato a central de comunicação, que evidentemente não faz falta nenhuma, até porque o que verdadeiramente interessa a Santana é o povo, e esse não escreve nos jornais nem debita nas rádios e televisões, modelos de pluralismo e independência.
É caso para dizer que os violinos de Chopin tocam cada vez mais alto. Um dó de sinfonia.
Esforço inglório. Por mais que se tentasse, Santana Lopes deixava estalar o verniz mal começava a argumentar e não foi sequer capaz de resistir à tentação de se queixar das alegadas malfeitorias de que era alvo por parte da comunicação social - que inventa tudo e de tudo o acusa -, desde a história da sesta às deambulações nocturnas, sem esquecer obviamente essa enorme falsidade da ingerência política na imprensa.
Santana, que se afirma um defensor intransigente do contraditório e da liberdade de expressão, foi mesmo ao ponto de lembrar que o director de um jornal e comentador da RTP participou numa manifestação contra a sua indigitação como chefe do executivo - falava de José Manuel Fernandes, do Público, que como toda a gente sabe é um perigoso independente -, e de garantir que pela calada da noite ou do dia ou da tarde há responsáveis pela imprensa que visitam sedes dos partidos da oposição.
Os políticos coitados que têm a pesada cruz de governar a tudo são sujeitos e tudo têm de aguentar, e se por vezes reagem com «veemência» não é por falta de cultura democrática, não senhor, mas pelo muito amor que sentem pela liberdade de imprensa, garantiu Lopes, que fez prova da importância dada à questão informando começar o dia de trabalho com a leitura dos média nacionais e estrangeiros, sem esquecer a rádio e a televisão, no que gasta uma média de 15 minutos do seu precioso tempo, façanha só possível com a sua enorme «prática».
Com um primeiro-ministro tão bem informado, percebe-se que o Governo dê de barato a central de comunicação, que evidentemente não faz falta nenhuma, até porque o que verdadeiramente interessa a Santana é o povo, e esse não escreve nos jornais nem debita nas rádios e televisões, modelos de pluralismo e independência.
É caso para dizer que os violinos de Chopin tocam cada vez mais alto. Um dó de sinfonia.