Conflito agrava-se na VW
Enquanto se mantém o impasse negocial entre sindicatos e administração, dezenas de milhares de operários alemães da Volkswagen prosseguiram, na terça-feira, paragens limitadas na produção.
A VW ameaça despedir 30 mil trabalhadores na Alemanha
O conflito nas fábricas do maior construtor europeu de automóveis tende agravar-se à medida que se arrastam as negociações entre a administração e o IG Metal, sindicato que representa mais de 90 por cento dos cerca de 103 mil operários da Volkswagen.
O grupo pretende impor o congelamento dos salários durante dois anos e reduzir a massa salarial em 30 por cento até 2011, exigindo ao mesmo tempo mais flexibilidade, uma nova definição do tempo de trabalho e alterações nos perfis profissionais.
Os sindicatos, que começaram por reclamar aumentos de quatro por cento, baixaram a proposta para dois por cento, admitindo ainda uma redução de 10 por cento nas remunerações de novos trabalhadores e o aumento da flexibilidade. Em troca, pretendem que o grupo garanta a manutenção dos postos de trabalho nas seis unidades existentes na Alemanha ocidental, durante pelo menos mais dez anos.
Sem perspectivas quanto a um acordo razoável, os trabalhadores iniciaram, na noite de quinta-feira, 28, uma série de curtas paragens na produção. Na segunda-feira, mais de 50 mil trabalhadores aderiram às greves intermitentes, realizando também concentrações junto às instalações de Wolfsburg, Brunswick, Cassel e Emden. No dia seguinte, tiveram lugar manifestações de protesto em Hanovre e junto à sede da empresa em Wolfsburg.
O responsável pelos recursos humanos do grupo, Peter Hartz (a quem o chanceler Schroeder encomendou a célebre Agenda 2010 que visa a total destruição do sistema de protecção social), insistiu, no domingo, na «inevitabilidade» de despedimentos em massa caso as greves se mantenham: «Se não pudermos concretizar o nosso projecto, o número de postos de trabalho da Volkswagen na Alemanha sofrerá uma drástica diminuição», declarou Hartz ao jornal «Welt am Sonntag».
Por seu lado, o presidente alemão, Horst Koehler, ex-director do Fundo Monetário Internacional, considerou que as negociações em curso na VW têm uma importância capital para o conjunto do sector autómóvel. «Penso que é do interesse de todos que este conflito acabe o mais rapidamente possível com um bom resultado que assegure em particular o emprego», disse Horst perante o parlamento regional da Baixa-Saxónia, na segunda-feira passada.
Sector em convulsão
A crise na VW insere-se na violenta ofensiva contra os direitos e salários dos trabalhadores desencadeada nos últimos meses por vários construtores alemães. Em Julho, sob a ameaça de deslocalização de parte da produção, a Daimler-Chrysler impôs o alargamento do horário de trabalho sem compensação e a renúncia a aumentos salariais previstos de 2,7 por cento.
Em meados de Outubro, foi a vez da Opel, filial da General Motors, anunciar o despedimento de 12 mil trabalhadores, 10 mil dos quais na Alemanha. Porém, face à revolta dos trabalhadores, em particular dos 9600 da fábrica de Bochum, que entraram em greve durante sete dias sem pré-aviso sindical, a empresa recuou, comprometendo-se a manter os postos de trabalho para além de 2010, com a condição de que devem verificar-se «melhorias da competitividade».
Os grevistas obtiveram ainda a garantia de que não haverá despedimentos colectivos e que as rescisões contratuais serão feitas em moldes «socialmente aceitáveis».
Na semana passada, até a Porsche, construtor de desportivos de luxo considerado como o mais rentável do mundo, anunciou que planeia reduzir o pessoal, apesar de ter registado uma subida recorde dos lucros no primeiro semestre deste ano. Para manter a capacidade de produção, a empresa pretende eliminar as pausas de cinco minutos em cada hora de trabalho, medida equivalente a um acréscimo de 18 dias de trabalho por ano.
O grupo pretende impor o congelamento dos salários durante dois anos e reduzir a massa salarial em 30 por cento até 2011, exigindo ao mesmo tempo mais flexibilidade, uma nova definição do tempo de trabalho e alterações nos perfis profissionais.
Os sindicatos, que começaram por reclamar aumentos de quatro por cento, baixaram a proposta para dois por cento, admitindo ainda uma redução de 10 por cento nas remunerações de novos trabalhadores e o aumento da flexibilidade. Em troca, pretendem que o grupo garanta a manutenção dos postos de trabalho nas seis unidades existentes na Alemanha ocidental, durante pelo menos mais dez anos.
Sem perspectivas quanto a um acordo razoável, os trabalhadores iniciaram, na noite de quinta-feira, 28, uma série de curtas paragens na produção. Na segunda-feira, mais de 50 mil trabalhadores aderiram às greves intermitentes, realizando também concentrações junto às instalações de Wolfsburg, Brunswick, Cassel e Emden. No dia seguinte, tiveram lugar manifestações de protesto em Hanovre e junto à sede da empresa em Wolfsburg.
O responsável pelos recursos humanos do grupo, Peter Hartz (a quem o chanceler Schroeder encomendou a célebre Agenda 2010 que visa a total destruição do sistema de protecção social), insistiu, no domingo, na «inevitabilidade» de despedimentos em massa caso as greves se mantenham: «Se não pudermos concretizar o nosso projecto, o número de postos de trabalho da Volkswagen na Alemanha sofrerá uma drástica diminuição», declarou Hartz ao jornal «Welt am Sonntag».
Por seu lado, o presidente alemão, Horst Koehler, ex-director do Fundo Monetário Internacional, considerou que as negociações em curso na VW têm uma importância capital para o conjunto do sector autómóvel. «Penso que é do interesse de todos que este conflito acabe o mais rapidamente possível com um bom resultado que assegure em particular o emprego», disse Horst perante o parlamento regional da Baixa-Saxónia, na segunda-feira passada.
Sector em convulsão
A crise na VW insere-se na violenta ofensiva contra os direitos e salários dos trabalhadores desencadeada nos últimos meses por vários construtores alemães. Em Julho, sob a ameaça de deslocalização de parte da produção, a Daimler-Chrysler impôs o alargamento do horário de trabalho sem compensação e a renúncia a aumentos salariais previstos de 2,7 por cento.
Em meados de Outubro, foi a vez da Opel, filial da General Motors, anunciar o despedimento de 12 mil trabalhadores, 10 mil dos quais na Alemanha. Porém, face à revolta dos trabalhadores, em particular dos 9600 da fábrica de Bochum, que entraram em greve durante sete dias sem pré-aviso sindical, a empresa recuou, comprometendo-se a manter os postos de trabalho para além de 2010, com a condição de que devem verificar-se «melhorias da competitividade».
Os grevistas obtiveram ainda a garantia de que não haverá despedimentos colectivos e que as rescisões contratuais serão feitas em moldes «socialmente aceitáveis».
Na semana passada, até a Porsche, construtor de desportivos de luxo considerado como o mais rentável do mundo, anunciou que planeia reduzir o pessoal, apesar de ter registado uma subida recorde dos lucros no primeiro semestre deste ano. Para manter a capacidade de produção, a empresa pretende eliminar as pausas de cinco minutos em cada hora de trabalho, medida equivalente a um acréscimo de 18 dias de trabalho por ano.