XVII Congresso do PCP

Resolução relativa ao combate às leis sobre os partidos e o XVII Congresso

As forças dominantes e os seus representantes políticos (PSD, CDS-PP, PS), com a colaboração do Presidente da República, aprovaram leis (Lei dos partidos e Lei sobre o financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais) que são um ataque frontal a um dos aspectos essenciais da liberdade conquistada com o 25 de Abril, a liberdade de organização política e de os militantes de cada partido decidirem dos objectivos que deve ter e da forma como se organiza e funciona. Estas leis claramente dirigidas contra o PCP, contêm preceitos cuja aplicação, em alguns casos agravada com a interpretação feita pelos seus autores, levaria a golpes profundos no Partido. Fazem-no porque identificam no PCP a principal e mais consequente força de oposição aos objectivos da direita e da sua política ao serviço do grande capital.
Estas leis inconstitucionais não podem ser aceites como fazendo parte do regime democrático, pelo que a sua revogação é um objectivo de luta e um imperativo para a afirmação de um efectivo curso democrático na sociedade portuguesa. Nestas circunstâncias, a atitude a adoptar não pode ser, passado o momento da sua aprovação, dispormo-nos a uma mera aceitação ou conformado cumprimento. Estas leis são uma aberração democrática, são inaceitáveis no quadro do regime democrático e o Partido deve na sua acção desenvolver um combate sistemático contra elas com o objectivo final da sua revogação.
Os autores e responsáveis por estas leis, dirigidas contra o PCP, têm em vista, o enfraquecimento e destruição do Partido. Querem em primeiro lugar fazê-lo tentando impor ao Partido a aplicação de regras e preceitos que levariam ao seu enfraquecimento, divisão e desagregação. E, simultaneamente, pela criação de outros instrumentos, poderem em função da avaliação que façam e da correlação de forças em cada momento ingerir-se e intervir coercivamente sobre o Partido invocando o não cumprimento da lei. A nossa intervenção geral e a luta pela revogação daquelas leis não pode deixar de ter em conta estas linhas de intervenção dos que combatem o Partido e desejariam anular o seu papel e intervenção na vida nacional.
O Comité Central considera necessário o desenvolvimento de uma acção de combate a estas leis, de exigência da sua revogação e da reafirmação de que quem decide da vida do PCP é o colectivo partidário e os órgãos que dele emanam, resistindo à aplicação destas leis e das interpretações que delas se façam para as agravar e decidindo em cada fase ou momento as formas de resistência, de combate e de exigência de revogação destas leis, que irão tão longe quanto a apreciação autónoma do Partido o entenda possível e necessário.
Estas orientações devem estar presentes no conjunto do funcionamento do Partido.
Quanto ao XVII Congresso do Partido e especificamente no que se refere à forma de eleição do Comité Central deve ter-se em conta simultaneamente, por um lado, a adopção de uma posição pelo Congresso de repúdio das leis sobre os partidos, de exigência da sua revogação e de combate às suas negativas consequências e, por outro, a avaliação dos riscos decorrentes do aproveitamento, no plano legal, pelos inimigos do Partido de uma forma de resistência e combate a estas leis que passasse pela forma de eleição do Comité Central por voto de braço no ar.
Assim, o Comité Central considera e propõe ao XVII Congresso que:
- o Congresso manifeste a sua opinião sobre estas leis numa moção específica a enviar aos órgãos de soberania, exigindo a sua revogação;
- as votações no Congresso sejam em geral de braço no ar;
- a eleição do Comité Central, neste Congresso e no quadro da avaliação da actual situação, por disposição antidemocrática da lei dos partidos, contrária ao direito e à possibilidade que os delegados sempre tiveram de decidir democraticamente sobre o método de votação que entendem mais adequado, seja feita por voto secreto.
O Partido reserva a sua posição e atitude futura para com estas leis iníquas, antidemocráticas e inconstitucionais, no quadro da sua vontade própria e do direito soberano e intransmissível de os militantes do Partido decidirem como funciona e se organiza o PCP.

19 de Outubro de 2004
O Comité Central do Partido Comunista Português


Mais artigos de: PCP

Um Orçamento de mentira

O Comité Central do Partido Comunista Português, na sua reunião de 19 de Outubro, avaliou o andamento dos trabalhos preparatórios do XVII Congresso a realizar nos dias 26, 27 e 28 de Novembro na cidade de Almada, tomou um conjunto de medidas para a sua dinamização e discutiu aspectos essenciais da evolução da situação política.

Encontro Nacional sobre Educação

O PCP debate, no sábado, no Hotel Continental, em Lisboa, os problemas da educação. Aprofundar análises e actualizar orientações são os principais objectivos.

Tribuna do Congresso<font color=0094E0>*</font>

Teses para o Congresso• José Roque RomeirasOeiras1 – No ponto 2.2.39, página 28, a propósito das chamadas «entidades reguladoras», foi aplicada a expressão «poder político» a propósito de uma mistificação ideológica, visando desresponsabilizar o governo e os partidos que exercem o poder (cito).Não é correcto utilizar...

Valorizar os salários

Jerónimo de Sousa reafirmou a necessidade de aumentar os salários aos trabalhadores portugueses. Esta é uma questão importante do ponto de vista económico e social, afirmou.

Faces da pobreza

A propósito do Dia para a Erradicação da Pobreza – que se assinalou no passado domingo – o PCP realizou, entre os dias 12 e 17, um conjunto de iniciativas relacionadas com este tema. Entre as acções, conta-se um conjunto de reuniões com entidades que intervêm na área social e que têm um contacto directo e quotidiano com...

Agência das clínicas privadas

Vários doentes em lista de espera para intervenção cirúrgica estão a receber cartas da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo a «convidá-los para serem tratados em clínicas privadas», denuncia o Secretariado do Sector da Saúde da Organização Regional de Lisboa do PCP. Esta promiscuidade entre o...

Defender a democracia

Na quadro da preparação do 17.º Congresso do PCP, as organizações do PCP de Esmoriz e Cortegaça, Concelho de Ovar, promoveram, no dia 10 de Outubro, um debate sobre as Teses, permitindo uma ampla discussão sobre questões como a actualidade do projecto comunista, a organização do Partido, a política de alianças, a...

Participação activa

Os militantes comunistas de Évora estão a participar activamente na preparação do Congresso do Partido, a ter lugar em Almada no último fim-de-semana de Novembro. A Direcção da Organização Regional de Évora faz saber que tem mais de uma centena de reuniões e iniciativas agendadas no âmbito da preparação do Congresso....

Regulamento XVII Congresso do PCP

I1. O Congresso é constituído por delegados eleitos directamente pelas assembleias plenárias das organizações que representam, na proporção geral de um delegado por 75 membros do Partido, sendo, para este efeito, o número de membros do Partido apurado na base da média entre o número total de membros inscritos...