A travessia
Um pouco antes de ter fugido para Bruxelas, o então Primeiro-Ministro Durão Barroso entrou num «catamaran» e inaugurou as novas travessias fluviais entre Lisboa e o Barreiro.
Toda a gente o viu, refastelado na cabina do piloto e flutuando naquele sorriso de quem acabou de entregar a lotaria ao País, a garantir ao povo e ao mundo que aquilo «parecia uma nave espacial».
Pelo meio, e como era seu jeito e hábito, gabou como coisa sua o investimento de 10 milhões de contos que o País fizera para adquirir os sete navios que, a partir de então, iriam encurtar de 30 para 20 minutos as travessias Lisboa-Barreiro e vice-versa, esquecendo-se naturalmente de mencionar que o negócio fora tratado pelo anterior Executivo PS e que tudo, afinal, será liquidado pelos portugueses que pagam impostos.
Pressurosa, a Soflusa (empresa constituída pela CP para assegurar as travessias fluviais Lisboa/Barreiro) tratou imediatamente de aumentar o preço das passagens em 25%, justificando-o com os investimentos feitos (como se eles fossem seus e não do País) e a melhoria do serviço prestado.
Inicialmente, tudo correu bem: os sete mil passageiros/hora (esmagadoramente a viver no Barreiro) que, nos períodos críticos, utilizam este transporte lá foram navegando muito repimpados nos tais «catamarans», valorizando os 10 minutos ganhos em cada viagem para esquecer a bordoada de mais 25% sobre o preço das passagens.
Até que chegou o Outono e, com ele, as primeiras ventanias que costumam arrepiar o Estuário do Tejo.
Resultado imediato: os «catamarans» suspenderam as travessias em todos os dias em que o vento soprou, ao que consta por inadequação dos cais de acostagem à leveza e fragilidade dos flutuadores destes navios.
Perspectiva iminente: como o Inverno vem a caminho, e com ele as ventanias do costume, a travessia fluvial Lisboa/Barreiro vai ser regularmente interrompida ou perturbada, apesar de se haver investido 10 milhões de contos na total substituição da frota.
Agora, que a coisa deu seriamente para o torto e se instalou um problema gravíssimo de transporte fluvial onde não havia qualquer dificuldade, ninguém sabe de Durão Barroso e da sua empáfia inauguradora.
Entretanto, quem responde às perguntas que os sindicatos do sector estão a fazer, interpelando directamente o actual Primeiro-Ministro?
Nessa interpelação – e após recordarem que se opuseram a seu tempo à opção dos «catamarans», por considerarem não ser «a melhor opção tendo em conta as características do Rio Tejo» (o que desgraçadamente se está agora a confirmar), fazem quatro perguntas concretas.
Que medidas estão a ser adoptadas para que as carreiras não continuem a ser interrompidas? Vai-se responsabilizar alguém - desde os que, nos Governos PS, impuseram esta opção no segredo dos gabinetes aos que, nos Executivos da «Coligação» de direita, nada fizeram para adaptar os cais aos novos barcos? Vão ser investigadas as dezenas de viagens a Singapura entretanto feitas por administradores, familiares e amigos, a pretexto da construção dos navios que lá se efectuava? Por que não foram instalados no terminal de Lisboa os pontões novos que vieram, mas que estão numa doca da Lisnave ao serviço de outra empresa?
Quanto a nós, perguntamos: Quem responde por este desmando de 10 milhões de contos? E que se vai fazer para não deitar ao lixo um investimento de 10 milhões de contos?
Toda a gente o viu, refastelado na cabina do piloto e flutuando naquele sorriso de quem acabou de entregar a lotaria ao País, a garantir ao povo e ao mundo que aquilo «parecia uma nave espacial».
Pelo meio, e como era seu jeito e hábito, gabou como coisa sua o investimento de 10 milhões de contos que o País fizera para adquirir os sete navios que, a partir de então, iriam encurtar de 30 para 20 minutos as travessias Lisboa-Barreiro e vice-versa, esquecendo-se naturalmente de mencionar que o negócio fora tratado pelo anterior Executivo PS e que tudo, afinal, será liquidado pelos portugueses que pagam impostos.
Pressurosa, a Soflusa (empresa constituída pela CP para assegurar as travessias fluviais Lisboa/Barreiro) tratou imediatamente de aumentar o preço das passagens em 25%, justificando-o com os investimentos feitos (como se eles fossem seus e não do País) e a melhoria do serviço prestado.
Inicialmente, tudo correu bem: os sete mil passageiros/hora (esmagadoramente a viver no Barreiro) que, nos períodos críticos, utilizam este transporte lá foram navegando muito repimpados nos tais «catamarans», valorizando os 10 minutos ganhos em cada viagem para esquecer a bordoada de mais 25% sobre o preço das passagens.
Até que chegou o Outono e, com ele, as primeiras ventanias que costumam arrepiar o Estuário do Tejo.
Resultado imediato: os «catamarans» suspenderam as travessias em todos os dias em que o vento soprou, ao que consta por inadequação dos cais de acostagem à leveza e fragilidade dos flutuadores destes navios.
Perspectiva iminente: como o Inverno vem a caminho, e com ele as ventanias do costume, a travessia fluvial Lisboa/Barreiro vai ser regularmente interrompida ou perturbada, apesar de se haver investido 10 milhões de contos na total substituição da frota.
Agora, que a coisa deu seriamente para o torto e se instalou um problema gravíssimo de transporte fluvial onde não havia qualquer dificuldade, ninguém sabe de Durão Barroso e da sua empáfia inauguradora.
Entretanto, quem responde às perguntas que os sindicatos do sector estão a fazer, interpelando directamente o actual Primeiro-Ministro?
Nessa interpelação – e após recordarem que se opuseram a seu tempo à opção dos «catamarans», por considerarem não ser «a melhor opção tendo em conta as características do Rio Tejo» (o que desgraçadamente se está agora a confirmar), fazem quatro perguntas concretas.
Que medidas estão a ser adoptadas para que as carreiras não continuem a ser interrompidas? Vai-se responsabilizar alguém - desde os que, nos Governos PS, impuseram esta opção no segredo dos gabinetes aos que, nos Executivos da «Coligação» de direita, nada fizeram para adaptar os cais aos novos barcos? Vão ser investigadas as dezenas de viagens a Singapura entretanto feitas por administradores, familiares e amigos, a pretexto da construção dos navios que lá se efectuava? Por que não foram instalados no terminal de Lisboa os pontões novos que vieram, mas que estão numa doca da Lisnave ao serviço de outra empresa?
Quanto a nós, perguntamos: Quem responde por este desmando de 10 milhões de contos? E que se vai fazer para não deitar ao lixo um investimento de 10 milhões de contos?