Alemães penalizam partidos do poder

Rui Paz
Nas eleições autárquicas realizadas, no domingo, na Renânia do Norte e Vestefália, o Estado mais populoso da Alemanha, com 17 milhões de habitantes, confirmou-se a queda dos social- democratas (SPD) e dos democratas-cristãos (CDU), os dois partidos directamente responsáveis pelas «reformas» dos sistemas sociais e dos direitos laborais.
A abstenção (46,4 por cento) foi também a maior desde a existência deste Estado federado, onde votaram apenas 53,6 por cento dos eleitores.
O SPD registou o pior resultado de sempre com 31,6 por cento, num estado que é o mais industrializado do País, com forte peso da indústria metalúrgica e mineira, que já foi uma autêntica fortaleza da social democracia. Nos anos 60 e 70, o SPD governou aqui com maioria absoluta, atingindo votações superiores a 60 por cento.
No sufrágio de domingo, o partido de Schröder perdeu 2,2 por cento em relação a 1999, ano em que sofreu uma pesada derrota (33,9 por cento), na sequência de vários escândalos de corrupção que envolveram as autarquias dominadas pelos sociais-democratas e o grande capital.
Entretanto, também a democracia-cristã, que no mandato anterior detinha as presidências das câmaras mais importantes, desceu a pique de 50,3 por cento, em 1999, para 43,6 por cento.

Comunistas duplicam votação

Evolução positiva registaram o PDS e o DKP, que concorreram apenas nas grandes cidades conseguindo quase sempre duplicar as votações anteriores, com resultados que oscilaram entre 1,5 e três por cento dos votos.
O DKP alcançou a percentagem mais elevada na cidade mineira de Bottrop (6,4%), contra 4,2 por cento em 1999, e o PDS, com o apoio do Partido Comunista Alemão, atingiu 5,2 por cento em Duisburg e seis por cento em Oberhausen.
Os Verdes progrediram mais 2,9 por cento, o mesmo ocorrendo com os Liberais (+2,4%), beneficiando das perdas do SPD e do CDU. As restantes listas formadas por independentes e pequenos partidos de extrema-direita totalizaram 6,9 por cento dos votos.


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