«Renegados» de sucesso
Deu-nos conta uma insuspeita revista, que acompanha um matutino, do enorme sucesso que constitui a história e o percurso de uns quantos antigos seguidores do «maoísmo» em tempos outros que não o presente. Nesta «história de sucesso», como era titulado o aliciante artigo, brilha como sua cintilante confirmação o exemplo do actual presidente da Comissão Europeia, português de nacionalidade, «maoísta» de formação, Barroso de baptismo. Um entre vários que dão corpo à tese e razão ao título. Os nomes de tão bem sucedida gente pouco importam. No geral tudo gente de renome — esforçados editorialistas das boas novas neoliberais, administradores domésticos da coisa privada ou dos interesses imperialistas além fronteiras, notabílissimos juristas, políticos indispensáveis ao sistema dominante.
Invariavelmente gente de uma solidez de convicções capaz de fazer inveja à gelatina, de uma firmeza de rumo em matéria de coerência própria da errância nómada, de uma profundidade ideológica e de um fino recorte teórico capaz de produzir textos como aquele que o título «Fogo sobre a renegada Maria José...» deixa antever, apresentado pelo então fogoso militante do mrpp, Durão Barroso. Quase todos, a julgar pelo que testemunham, vítimas de um traiçoeiro impulso pueril que os atirou para os braços de um radicalismo que os interpelava, felizmente corrigido pela madura evolução construída á luz das oportunidades oferecidas por uma vida de sucesso (ou como alguns resumem: «eram bons, mudaram a tempo, estavam no lugar certo à hora certa»). Mas, invariavelmente, confessos opositores da presença e influência comunista ali onde exercitavam o seu radicalismo pequeno-burguês.
Para que a «história de sucesso» que embevece a revista, e seguramente o director do jornal que a publica, ele próprio parte do bem sucedido percurso, fique bem contada será necessário acrescentar: que, na sua maioria, os sujeitos do sucesso eram sobretudo, ainda que escondidos na designação de maoísta, parte de grupelhos provocatórios; que o seu percurso resulta natural se atendermos que, ontem como hoje, a ideia do combate aos comunistas e ao PCP lhes impulsiona a trajectória das suas vidas; que o seu bem sucedido presente não resulta tanto de capacidades e aptidões inatas mas sim da atracção por um poder e benefícios que só o capital que juravam abominar lhes pode propiciar. E lamentavelmente poder-se registar que aquela expressão por um usada, olhando para o seu passado, de que «se tivéssemos ganho teria sido um desastre» se ter mesmo confirmado. Para mal do país, dos trabalhadores e do povo português.
Invariavelmente gente de uma solidez de convicções capaz de fazer inveja à gelatina, de uma firmeza de rumo em matéria de coerência própria da errância nómada, de uma profundidade ideológica e de um fino recorte teórico capaz de produzir textos como aquele que o título «Fogo sobre a renegada Maria José...» deixa antever, apresentado pelo então fogoso militante do mrpp, Durão Barroso. Quase todos, a julgar pelo que testemunham, vítimas de um traiçoeiro impulso pueril que os atirou para os braços de um radicalismo que os interpelava, felizmente corrigido pela madura evolução construída á luz das oportunidades oferecidas por uma vida de sucesso (ou como alguns resumem: «eram bons, mudaram a tempo, estavam no lugar certo à hora certa»). Mas, invariavelmente, confessos opositores da presença e influência comunista ali onde exercitavam o seu radicalismo pequeno-burguês.
Para que a «história de sucesso» que embevece a revista, e seguramente o director do jornal que a publica, ele próprio parte do bem sucedido percurso, fique bem contada será necessário acrescentar: que, na sua maioria, os sujeitos do sucesso eram sobretudo, ainda que escondidos na designação de maoísta, parte de grupelhos provocatórios; que o seu percurso resulta natural se atendermos que, ontem como hoje, a ideia do combate aos comunistas e ao PCP lhes impulsiona a trajectória das suas vidas; que o seu bem sucedido presente não resulta tanto de capacidades e aptidões inatas mas sim da atracção por um poder e benefícios que só o capital que juravam abominar lhes pode propiciar. E lamentavelmente poder-se registar que aquela expressão por um usada, olhando para o seu passado, de que «se tivéssemos ganho teria sido um desastre» se ter mesmo confirmado. Para mal do país, dos trabalhadores e do povo português.