Carlos Paredes, o PCP e os intelectuais
Lembro-me de Carlos Paredes com admiração e amizade. Trabalhei com ele após o 25 de Abril no Sector Intelectual de Lisboa onde se organizavam muitos de destacados nomes da arte e da cultura portuguesa, como era o caso de Carlos Paredes, membro do PCP desde 1958.
Esses foram tempos exaltantes de revolução. Tempos em que a energia e a criatividade das massas se agiganta, em que a militância é quase ilimitada, em que simples companheiros de longa data dão finalmente o passo e aderem ao Partido, em que a classe operária, na vanguarda da luta, desperta a simpatia e atrai para o seu lado outras camadas da população, como a intelectualidade progressista
Foram tempos em que a mobilização partidária dos artistas e intelectuais comunistas não oferecia dificuldades de maior. A disponibilidade para a luta e para as tarefas do Partido era magnífica. Do concerto ou exposição artística à colagem de cartazes, da conferência erudita à segurança de Centros de Trabalho, os artistas e intelectuais estavam sempre nas primeiras linhas de intervenção. Foram tempos em que o apelo do Partido mobilizava em poucas horas muitas centenas de camaradas e amigos de praticamente todas as áreas em que o Sector Intelectual se desdobrava.
Que a situação hoje seja outra nada tem de surpreendente. Depois de Abril vieram já duas contra-revoluções, uma nacional, com a restauração dos grandes grupos económicos e do seu poder, e outra mundial, com as derrotas do socialismo, uma nova correlação de forças, a violenta ofensiva planetária do imperialismo. Os tempos não são, como então, de afluxo e avanço revolucionário, mas de resistência e acumulação de forças. No plano objectivo e subjectivo a luta é mais difícil. As forças e os meios do Partido, sendo apreciáveis, diminuíram. A falta de uma perspectiva de viragem no curto prazo, dificulta a adesão à mensagem dos comunistas. É uma realidade que afecta particularmente uma camada social que, como a dos intelectuais, embora cada vez mais numerosa e proletarizada, ocupa uma posição social que a torna mais vulnerável à pressão ideológica do capital e seus mecanismos de neutralização, corrupção e captação.
Uma batalha complexa
A aliança da classe operária com os intelectuais está inscrita no Programa do PCP como uma das alianças sociais básicas na luta pela Democracia Avançada e pelo Socialismo. Uma aliança que passa por dentro do próprio Partido e cuja construção com sucesso depende em larga medida da capacidade dos comunistas para trazer às suas fileiras muitos dos maiores valores da arte, da cultura e da ciência do nosso país. A batalha por este objectivo é muito complexa no actual contexto sócio-económico e ideológico. Nas campanhas contra o PCP há uma vertente fortíssima que tenta introduzir uma cunha entre o Partido e a intelectualidade, pois os nossos adversários bem sabem que, sobretudo a partir do seu enraizamento nos trabalhadores alcançado com a reorganização de 40/41, a influência do PCP nos intelectuais é factor importante da sua força e traço marcante da sua identidade revolucionária.
Claro que esta batalha não se ganha apenas invocando a história do Partido, exige novas análises e resposta criativa aos novos problemas. Mas seria um erro não valorizar as honrosas tradições de identificação do Partido com o que de melhor e mais avançado a arte, a ciência e a cultura portuguesas produziram. Porque é essa a verdade que os nossos adversários e inimigos procuram esconder e tergiversar, chegando mesmo a tentar roubar ao PCP e chamar a si tal ou tal grande figura de intelectual. E porque a vida tem mostrado que a tendência histórica em relação aos intelectuais vinculados com os interesses do seu povo e preocupados com as grandes causas da Humanidade, é a adesão aos ideais libertadores do socialismo, é voltarem-se para os comunistas e a sua coerência revolucionária.
É por isso que Carlos Paredes, com o seu exemplo e a sua obra imortal, continuará connosco a contribuir para a nossa luta. Ele como muitos outros que estiveram entre os maiores (se não foram os maiores) na sua área de intervenção artística, científica ou cultural. De Bento de Jesus Caraça a Magalhães Vilhena, de José Gomes Ferreira a Fernando Lopes Graça, de Michel Giacometi ao Ary, de Armando de Castro a Maria Lamas.
Em vésperas do nosso XVII Congresso, que preparamos voltados para a confirmação da identidade comunista e o reforço do Partido, é importante não esquecer o que eles representaram, com tantos outros, para forjar o Partido que somos e vamos continuar a ser.
Foram tempos em que a mobilização partidária dos artistas e intelectuais comunistas não oferecia dificuldades de maior. A disponibilidade para a luta e para as tarefas do Partido era magnífica. Do concerto ou exposição artística à colagem de cartazes, da conferência erudita à segurança de Centros de Trabalho, os artistas e intelectuais estavam sempre nas primeiras linhas de intervenção. Foram tempos em que o apelo do Partido mobilizava em poucas horas muitas centenas de camaradas e amigos de praticamente todas as áreas em que o Sector Intelectual se desdobrava.
Que a situação hoje seja outra nada tem de surpreendente. Depois de Abril vieram já duas contra-revoluções, uma nacional, com a restauração dos grandes grupos económicos e do seu poder, e outra mundial, com as derrotas do socialismo, uma nova correlação de forças, a violenta ofensiva planetária do imperialismo. Os tempos não são, como então, de afluxo e avanço revolucionário, mas de resistência e acumulação de forças. No plano objectivo e subjectivo a luta é mais difícil. As forças e os meios do Partido, sendo apreciáveis, diminuíram. A falta de uma perspectiva de viragem no curto prazo, dificulta a adesão à mensagem dos comunistas. É uma realidade que afecta particularmente uma camada social que, como a dos intelectuais, embora cada vez mais numerosa e proletarizada, ocupa uma posição social que a torna mais vulnerável à pressão ideológica do capital e seus mecanismos de neutralização, corrupção e captação.
Uma batalha complexa
A aliança da classe operária com os intelectuais está inscrita no Programa do PCP como uma das alianças sociais básicas na luta pela Democracia Avançada e pelo Socialismo. Uma aliança que passa por dentro do próprio Partido e cuja construção com sucesso depende em larga medida da capacidade dos comunistas para trazer às suas fileiras muitos dos maiores valores da arte, da cultura e da ciência do nosso país. A batalha por este objectivo é muito complexa no actual contexto sócio-económico e ideológico. Nas campanhas contra o PCP há uma vertente fortíssima que tenta introduzir uma cunha entre o Partido e a intelectualidade, pois os nossos adversários bem sabem que, sobretudo a partir do seu enraizamento nos trabalhadores alcançado com a reorganização de 40/41, a influência do PCP nos intelectuais é factor importante da sua força e traço marcante da sua identidade revolucionária.
Claro que esta batalha não se ganha apenas invocando a história do Partido, exige novas análises e resposta criativa aos novos problemas. Mas seria um erro não valorizar as honrosas tradições de identificação do Partido com o que de melhor e mais avançado a arte, a ciência e a cultura portuguesas produziram. Porque é essa a verdade que os nossos adversários e inimigos procuram esconder e tergiversar, chegando mesmo a tentar roubar ao PCP e chamar a si tal ou tal grande figura de intelectual. E porque a vida tem mostrado que a tendência histórica em relação aos intelectuais vinculados com os interesses do seu povo e preocupados com as grandes causas da Humanidade, é a adesão aos ideais libertadores do socialismo, é voltarem-se para os comunistas e a sua coerência revolucionária.
É por isso que Carlos Paredes, com o seu exemplo e a sua obra imortal, continuará connosco a contribuir para a nossa luta. Ele como muitos outros que estiveram entre os maiores (se não foram os maiores) na sua área de intervenção artística, científica ou cultural. De Bento de Jesus Caraça a Magalhães Vilhena, de José Gomes Ferreira a Fernando Lopes Graça, de Michel Giacometi ao Ary, de Armando de Castro a Maria Lamas.
Em vésperas do nosso XVII Congresso, que preparamos voltados para a confirmação da identidade comunista e o reforço do Partido, é importante não esquecer o que eles representaram, com tantos outros, para forjar o Partido que somos e vamos continuar a ser.