Em favor da Palestina

Um conjunto de individualidades portuguesas, de diversos quadrantes sócio-culturais, decidiu levar a cabo, sob a égide da Cooperativa Árvore, uma iniciativa «Em favor da Palestina», com o objectivo de angariar fundos para acudir o martirizado povo palestiniano. O apelo à solidariedade aqui fica, na certeza de que encontrará eco entre os leitores do Avante!
«Quando um povo toca no fundo da humilhação e do sofrimento, quando dia após dia é massacrado e vê a esperança recuar para um futuro incerto, como sucede com o povo da Palestina agora martirizado em Gaza pelo poder de Israel, pela criminosa política de Sharon, temos de lhe acudir de qualquer modo com todo o alento que pudermos conseguir da nossa solidariedade.
«É por isso que os signatários profundamente indignados e comovidos com o que tem acontecido em Gaza e em toda a Palestina vêm apelar aos poetas, aos ficcionistas e aos artistas plásticos portugueses para que, com um poema ou um texto manuscritos ou um desenho, um óleo, uma escultura, expressões da sua ânsia de paz, ajudem esta iniciativa.
«Far-se-á depois um leilão em favor das vítimas da Palestina e os fundos provenientes desse gesto colectivo serão entregues à Embaixada da Palestina em Lisboa.»
Alcino Soutinho, arquitecto; Álvaro Siza, arquitecto; Armando Alves, pintor; Eduardo Souto Moura, arquitecto; Gastão Cruz, escritor; Jorge Pinheiro, pintor; José da Cruz Santos, editor; José Rodrigues, escultor; José Saramago, escritor; Manuel António Pina, escritor; Maria Velho da Costa, escritora; Mário de Carvalho, escritor; Mário Cláudio, escritor; Rogério Ribeiro, pintor; Urbano Tavares Rodrigues, escritor.
Todos os manuscritos, pinturas, esculturas e desenhos deverão ser enviados para a Cooperativa Árvore, Rua Azevedo de Albuquerque, 1 - 4050-076 Porto ao cuidado de Manuela de Abreu Lima.


Em favor da Palestina

Também Nós Amamos a Vida

Também nós amamos a vida quando podemos.

Dançamos entre dois mártires e no meio deles
      erguemos um minarete de violetas ou uma palmeira.

Também nós amamos a vida quando podemos.

Ao bicho da seda roubamos um fio para tecer o
nosso céu e estancar este êxodo.
Abrimos a porta do jardim para que o jasmim saia
para a rua como um dia bonito.

Também nós amamos a vida quando podemos.

Na morada que escolhemos, cultivamos plantas
vivazes e recolhemos os mortos.
Sopramos na flauta a cor da distância,
desenhamos um relincho no pó do caminho.
E escrevemos os nossos nomes, pedra a pedra. Tu,

ó raio, ilumina a nossa noite, ilumina a um
      pouco.

Também nós amamos a vida quando podemos.

            Mahmud Darwich



Mais artigos de: Temas

A cultura (?) do governo (!)

Depois das trapalhadas(1) – que provocam gargalhadas mas não se devem menorizar porque reflectem como se constrói um governo com manobrismos, amiguismos, concessões variegadas, demagogias hora sim, hora não, negociatas que transportam no seu bojo conflitos de interesses e incompatibilidades que se resolverão...

O camarada Tribuna do Povo

Recordo mal as feições e a voz do camarada Tribuna do Povo.Era alto, magro, de poucas falas, e o seu olhar tinha um brilho que parecia imprimir-lhe movimento, ignorando as órbitas.Em Menongue fora incumbido pelo MPLA de acompanhar a nossa delegação na visita à Província do Kuando Kubango. O grupo era heterogéneo:...

Sobre o ensino da Matemática

Antes que apareçam aí os «bons» resultados do último exame de matemática de acesso ao ensino superior, convém analisar para onde estamos a ir. A disciplina de matemática provoca manifestações de confrangimento daqueles que se entregaram ao novo credo da «inovação, rigor e excelência». Tal como já o tinha feito o PS no governo e o PS e PSD em campanha eleitoral de 2002, o discurso do Governo de direita enfatizou o papão da matemática.