Estratégia para o Iraque

Kerry propõe dividir o espólio com amigos

John Kerry, candidato democrata às presidenciais norte-americanas, defende que os EUA partilhem com «amigos e aliados» a reconstrução do Iraque.

«O que falta à Casa Branca é uma estratégia de sucesso»

Os Estados Unidos devem permitir aos «países amigos e aliados investirem no futuro do Iraque», nomeadamente através da NATO, afirma John Kerry num artigo publicado no sábado no Washington Post. Para o efeito, o candidato democrata à Casa Branca preconiza a realização de «uma conferência regional com os vizinhos do Iraque», visando dois objectivos: «garantir o compromisso dos vizinhos do Iraque de respeitarem as fronteiras e de não interferirem nos assuntos internos» daquele país, e «incitar os dirigentes iraquianos a garantirem a protecção das minorias», o que, segundo explicou, «excluiria uma justificação para uma eventual intervenção externa».
Deixando claro qual o verdadeiro alcance da recente «transferência de soberania» para os iraquianos, com a qual se congratulou, Kerry advoga que os EUA devem dar mostras de «uma forte dose de realismo» e permitir que outros países participem «nos contratos de reconstrução, que ascendem a vários mil milhões de dólares» e na reabilitação da «rentável indústria petrolífera».
Considerando que o que falta à Casa Branca é uma «estratégia» que «assegure o sucesso» no Iraque, o candidato democrata defende ainda que os EUA «devem anular as dívidas de mil milhões de dólares feitas por Saddam Hussein e participar nos custos da reconstrução».
A partir desta base, segundo Kerry, há que «pedir à NATO que assuma as suas responsabilidades», ou seja, que se comprometa «a colocar forças de manutenção de paz no Iraque, que serão necessárias ainda durante muito tempo».
No seu artigo, John Kerry mostra-se igualmente satisfeito com a comparência de Saddam Hussein perante o Tribunal Especial Iraquiano (TSI), instituído em Outubro de 2003 pelos norte-americanos, cuja legitimidade não questiona.

Tribunal «ilegal»

«Este tribunal é ilegal porque foi designado por uma autoridade ilegal temporária, criada pela ocupação», afirmou Ziad Jassawneh, um dos advogados do colectivo designado para defender Saddam Hussein, que no passado dia 1 de Julho compareceu pela primeira vez perante o TSI.
Segundo Jassawneh, citado por Resumen Latinoamericano, a forma como foi constituído o tribunal «está em contradição com as leis internacionais e as convenções de Viena e de Genebra que consideram nulo qualquer acordo entre um ocupante e um governo provisório, porque resulta de uma ordem».
A mesma fonte, citando o advogado Issam Ghazaui, dá ainda conta de que a defesa de Saddam Hussein está a cargo de 20 advogados, a que se juntaram «500 voluntários, entre os quais 200 conselheiros de todos os países do mundo, incluindo os EUA».
Ghazaui reiterou o desejo do colectivo de advogados de se deslocarem ao Iraque, sublinhando que já pediu «a ajuda da Cruz Vermelha Internacional e dos EUA, que lhe responderam que isso não lhes dizia respeito».
O representante do colectivo, o advogado Mohammad Al-Rachdane, informou por seu turno ter enviado no sábado, 3 de Julho, «um pedido oficial à ordem dos advogados iraquiana, com cópia à ordem dos advogados jordana, solicitando que possamos participar no processo do antigo presidente Saddam Hussein». Um pedido idêntico, disse Al-Rachdane, foi apresentado ao coronel norte-americano John Sharvel, «responsável pelas visitas dos advogados no Iraque».
Saddam Hussein compareceu há uma semana perante o TSI onde um juiz iraquiano o acusou de «crimes contra a humanidade». O antigo presidente contestou a legitimidade do tribunal, classificando-o de «uma encenação para a campanha eleitoral de Bush», recusou-se a assinar a acta de acusação e exigiu a presença dos seus advogados.


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