Para onde vai a ONU?
Com a resolução 1546 a ONU sofre uma nova e séria machadada
A resolução 1546 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade no dia 8 de Junho, entrará seguramente para a História como um dos mais graves actos de abdicação perante o imperialismo americano e de conspiração imperialista contra os povos.
Infelizmente cumpriu-se aquilo para o que o PCP sempre alertou. Os EUA e seus comparsas britânicos, a braços com a valente resistência do povo iraquiano, acossados pelas revelações das torturas de Abu Ghraib, crescentemente desmascarados e isolados nos seus objectivos de opressão e rapina no Iraque e em toda a região, caminhando a passos largos para uma estrondosa derrota político-militar, foram salvos praticamente in extremis. Com a resolução 1546 a ONU sofre uma nova e séria machadada. A contradição com a Carta das Nações Unidas é frontal, já que estamos perante a «legitimação» à posteriori da ilegal e ilegítima ocupação do Iraque nos precisos termos ditados pelas próprias forças de ocupação. A «transferência de poder» é uma paródia tanto mais grave quanto é publicamente assumida com cinismo e desfaçatez. O chamado «governo interino» é presidido por uma criatura dos EUA e reconhecido colaborador da CIA, e isso é sabido de todos os que agora o aureolam de «legítimo». Lakhada Brahimi, o «representante especial» do S.G. da ONU tal como o próprio Kofi Annan, foram reduzidos ao humilhante papel de notários zelosos das imposições norte-americanas.
Para onde vai a ONU? Que representa ela hoje na cena internacional? Não constituirá este novo frete do Conselho de Segurança ao imperialismo norte-americano, o dobre de finados de uma organização que os EUA e seus aliados mais próximos têm vindo sistematicamente a instrumentalizar e a demolir no que ela constitui de obstáculo à sua «nova ordem» totalitária? A questão coloca-se e tem de ser examinada com urgência. Tanto mais quanto por todo o mundo, do Iraque à República Democrática do Congo, a presença da ONU é cada vez mais percebida pelos povos respectivos como instrumento de domínio neocolonialista e imperialista. É ainda cedo para uma conclusão definitiva. As potencialidades da ONU como organização vocacionada para a paz, o desenvolvimento e a cooperação internacional não estão esgotadas. Mas é uma evidência, de há muito sublinhada pelo PCP, que a ONU e as suas decisões deixaram de constituir fonte segura de direito e legitimidade internacional. Por este caminho o seu destino só poderá ser o vergonhoso destino da Sociedade das Nações afundada pela venalidade e cobardia das classes dirigentes da Europa diante do avanço do nazi-fascismo.
A resolução 1546 foi adoptada no quadro de uma intensíssima actividade político-diplomática, tendo como eixo «restabelecer a coesão transatlântica» abalada com o desencadeamento da guerra no Iraque. Uma manobra táctica dos EUA perante as derrotas no Iraque e onde obscenas tentativas de manipulação da História se misturam com os mais rasteiros e pragmáticos arranjos políticos de classe. Foi o que se passou com a visita de Bush à Itália e a França e as comemorações do 60º aniversário do desembarque na Normandia. Com os EUA a apresentarem-se como libertadores, ontem da Europa, hoje do Iraque e do mundo. E com a França e a Alemanha a «fazerem as pazes» e a recuar diante das pretensões da Administração Bush até ao «novo Munique» que a resolução 1546 representa, anunciando novas e ainda mais perigosas arremetidas imperialistas contra a soberania e a liberdade dos povos. O conjunto de importantes acontecimentos e fóruns internacionais que se desenvolvem no mês de Junho – G 8, Conselho Europeu de 17 e 18, Cimeira EUA/UE de 26 na Irlanda, Cimeira da NATO de 28 e 29 em Istambul – vão dar importantes indicações sobre a arrumação de forças e tendências de evolução futuras. Vigilância e luta é a palavra de ordem.
Infelizmente cumpriu-se aquilo para o que o PCP sempre alertou. Os EUA e seus comparsas britânicos, a braços com a valente resistência do povo iraquiano, acossados pelas revelações das torturas de Abu Ghraib, crescentemente desmascarados e isolados nos seus objectivos de opressão e rapina no Iraque e em toda a região, caminhando a passos largos para uma estrondosa derrota político-militar, foram salvos praticamente in extremis. Com a resolução 1546 a ONU sofre uma nova e séria machadada. A contradição com a Carta das Nações Unidas é frontal, já que estamos perante a «legitimação» à posteriori da ilegal e ilegítima ocupação do Iraque nos precisos termos ditados pelas próprias forças de ocupação. A «transferência de poder» é uma paródia tanto mais grave quanto é publicamente assumida com cinismo e desfaçatez. O chamado «governo interino» é presidido por uma criatura dos EUA e reconhecido colaborador da CIA, e isso é sabido de todos os que agora o aureolam de «legítimo». Lakhada Brahimi, o «representante especial» do S.G. da ONU tal como o próprio Kofi Annan, foram reduzidos ao humilhante papel de notários zelosos das imposições norte-americanas.
Para onde vai a ONU? Que representa ela hoje na cena internacional? Não constituirá este novo frete do Conselho de Segurança ao imperialismo norte-americano, o dobre de finados de uma organização que os EUA e seus aliados mais próximos têm vindo sistematicamente a instrumentalizar e a demolir no que ela constitui de obstáculo à sua «nova ordem» totalitária? A questão coloca-se e tem de ser examinada com urgência. Tanto mais quanto por todo o mundo, do Iraque à República Democrática do Congo, a presença da ONU é cada vez mais percebida pelos povos respectivos como instrumento de domínio neocolonialista e imperialista. É ainda cedo para uma conclusão definitiva. As potencialidades da ONU como organização vocacionada para a paz, o desenvolvimento e a cooperação internacional não estão esgotadas. Mas é uma evidência, de há muito sublinhada pelo PCP, que a ONU e as suas decisões deixaram de constituir fonte segura de direito e legitimidade internacional. Por este caminho o seu destino só poderá ser o vergonhoso destino da Sociedade das Nações afundada pela venalidade e cobardia das classes dirigentes da Europa diante do avanço do nazi-fascismo.
A resolução 1546 foi adoptada no quadro de uma intensíssima actividade político-diplomática, tendo como eixo «restabelecer a coesão transatlântica» abalada com o desencadeamento da guerra no Iraque. Uma manobra táctica dos EUA perante as derrotas no Iraque e onde obscenas tentativas de manipulação da História se misturam com os mais rasteiros e pragmáticos arranjos políticos de classe. Foi o que se passou com a visita de Bush à Itália e a França e as comemorações do 60º aniversário do desembarque na Normandia. Com os EUA a apresentarem-se como libertadores, ontem da Europa, hoje do Iraque e do mundo. E com a França e a Alemanha a «fazerem as pazes» e a recuar diante das pretensões da Administração Bush até ao «novo Munique» que a resolução 1546 representa, anunciando novas e ainda mais perigosas arremetidas imperialistas contra a soberania e a liberdade dos povos. O conjunto de importantes acontecimentos e fóruns internacionais que se desenvolvem no mês de Junho – G 8, Conselho Europeu de 17 e 18, Cimeira EUA/UE de 26 na Irlanda, Cimeira da NATO de 28 e 29 em Istambul – vão dar importantes indicações sobre a arrumação de forças e tendências de evolução futuras. Vigilância e luta é a palavra de ordem.