Reforçar o Partido para um outro caminho para Portugal e para a Europa

Rui Fernandes (Membro do Secretariado do CC do PCP)
Estamos a pouco mais de duas semanas das eleições para o Parlamento Europeu.
Temos, como mais ninguém, reforçadas razões para ir junto dos trabalhadores, dos reformados, do povo, dizer-lhes que o voto na CDU são sempre votos certos e seguros para condenar o Governo PSD/ CDS-PP, fortalecendo a luta contra as suas malfeitorias.

O reforço do Partido é parte integrante da luta por uma nova política

Malfeitorias expressas num código do trabalho e sua regulamentação que cortam direitos aos trabalhadores, às comissões de trabalhadores e ao movimento sindical de classe; na destruição do aparelho produtivo nacional; no aumento do desemprego e no congelamento salarial; no desmantelamento do serviço nacional de saúde e do sistema solidário de segurança social; no aumento da pobreza e exclusão social; no ataque vil aos desempregados através da alteração ao regime do subsídio de desemprego.
Malfeitorias expressas na revisão constitucional com que PSD, CDS-PP e PS quiseram assinalar os 30 anos da Revolução de Abril, introduzindo o primado da submissão ao direito comunitário.
Malfeitorias na continuada ausência de uma política externa autónoma, assente na defesa dos interesses nacionais e orientada para a defesa da paz.
Malfeitorias na insistência da presença da GNR no Iraque, alinhando com os EUA já não só numa mentira – a das armas de destruição massiva, mas dando politicamente cobertura a práticas horrendas de tortura e repressão.
Denunciando esta política e as suas consequências o Partido esteve e está presente, lutando contra a ofensiva da direita e da política de direita, lutando por uma outra política para Portugal e para a Europa.
É com este património de intervenção que temos de ir ao contacto bairro-a-bairro, rua-a-rua, porta-a-porta, empresa-a-empresa.
Muitas pressões e diversões se têm entreposto e vão-se mediaticamente intrometer até ao dia das eleições. É pois, necessário prosseguir com tenacidade o objectivo que temos pela frente, não nos deixando enlear nas teias urdidas para nos confundir, desanimar e paralisar, bem como minar a nossa coesão.
As eleições de 13 de Junho são uma importante batalha, nas quais o reforço eleitoral da do Partido, da CDU, é o objectivo, como parte constitutiva da luta por uma outra política. Mas as eleições não são a única batalha.

Muitas batalhas

Temos pela frente o prosseguimento da campanha de contactos que tem de ser encarada não como algo que interfere com a campanha eleitoral, mas antes como parte constitutiva da mobilização para o voto. Uma campanha que permitirá ficarmos a conhecer melhor a realidade partidária e dotará o Partido, as organizações, de uma renovada capacidade de estruturação e intervenção.
Temos em curso a campanha nacional de fundos para as eleições. Não se trata de «mais uma campanha». É antes, um importante objectivo a atingir e que reclama de cada colectivo e de cada camarada iniciativa e audácia.
Em marcha está, também, a preparação da Festa do Avante! e a necessidade de incentivar a venda da EP e a sua divulgação. Para este aspecto, bem como para a mobilização para tarefas, também pode contribuir a campanha de contactos com a organização.
As eleições Regionais nos Açores e na Madeira, em Outubro, são mais uma batalha do Partido, em que já estão particularmente envolvidos os camaradas das respectivas regiões autónomas.
Mas este é também o ano, em Novembro, do XVII Congresso do Partido.
Culminámos, no fim de Abril, a primeira fase do trabalho preparatório através da qual, muitas dezenas de organismos e muitas centenas de militantes procederam a uma primeira reflexão sobre a situação nacional e internacional nas suas diferentes vertentes, relevando os aspectos relativamente aos quais consideram serem necessários aprofundamentos, modificações ou novas respostas. Esta marca ímpar do funcionamento do Partido, da construção colectiva, do envolvimento militante, não tem paralelo em mais nenhuma força política.
É esta marca inerente à identidade do Partido que somos que incomoda. Pois que incomode.
Todo este trabalho decorreu no quadro de uma exigente resposta política e de massas que tiveram, entre outras, no 25 de Abril e no 1.º Maio pontos altos na exigência de que é preciso uma outra política e um outro governo, exigência essa reafirmada na grande jornada de luta da Função Publica da passada semana.
Com confiança e determinação: a luta continua!


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