O vestido
Pobre doutor. Chovia a potes em Madrid. Em Oliveira de Azeméis não sei, porque a televisão não mostrava senão um grande espaço vazio onde meia dúzia de gatos se passeavam à espera das personalidades. Nos telhados em redor da catedral, forças policiais espanholas, segundo a repórter portuguesa de um dos canais que - todos! - estiveram lá, empunhavam binóculos, dispostas a interceptar qualquer gesto terrorista, não fosse um príncipe convidado, fardado a preceitos de arábias, sacar de uma bomba e desmanchar a boda. Com a voz gritona, uma jornalista apresentadora de debates, berrava-nos ao ouvido atónito as virtudes do «casamento real» e o inefável Cesário Borga, «de alguma maneira», lá ia dizendo das suas, de Madrid para a RTP. Porque é que não deixaram a função apenas para o seráfico Eládio Clímaco, que tem jeito e experiência para estes jogos com fronteiras?
Pobre doutor. Despediu o Theias e logo cheirou a mau ambiente no Governo, em véspera de congresso. Mas nem assim as atenções se viraram para Oliveira de Azeméis, coladas à chuva que desabava sobre Madrid. Também ali o pessoal cavou, abrigando-se em casa, donde podia, ao menos, assistir a tudo. E, como nos garantiam que «boda molhada é boda abençoada», não tivemos pena dos noivos. Nem sequer nos comoveram as ruidosas manifestações de republicanos que achavam tudo aquilo um exagero monárquico. No fim de contas, todos temos a costela de acreditar em contos de fadas. Imaginam a Maria Elisa a casar com... sei lá, com um duque?
Afinal, Santana Lopes não quebrou a louça, com medo de ferir-se nos cacos. E João Jardim, com aquela de referendar a Constituição, caiu no desinteresse. O pessoal estava mesmo agarrado à boda - lá ia a rainha daqui, o rei dali, o pobre do Charles sem Diana nem Camila, com ar de frete.
O Congresso do PSD arriscava-se a ser o fiasco do fim de semana. Durão disse bem do que tinha feito, evitou os problemas e o País, mas isso era de esperar. Evitar passou a ser o lema, nem nas eleições e coligações se deve falar, advertiu. Com as coisas tão mornas, que nem o PS dá luta e não é costume falar das lutas de verdade nem de quem as organiza e promove, o doutor teve um rasgo. Acusou o PCP de minar a segurança do Euro 2004.
No entanto, de Madrid, já devidamente enlatadas, continuavam a chegar imagens. Olha para a Letizia, com aquele vestido sem um único botão.
Oliveira de Azeméis? Que é isso? Pobre doutor.
Pobre doutor. Despediu o Theias e logo cheirou a mau ambiente no Governo, em véspera de congresso. Mas nem assim as atenções se viraram para Oliveira de Azeméis, coladas à chuva que desabava sobre Madrid. Também ali o pessoal cavou, abrigando-se em casa, donde podia, ao menos, assistir a tudo. E, como nos garantiam que «boda molhada é boda abençoada», não tivemos pena dos noivos. Nem sequer nos comoveram as ruidosas manifestações de republicanos que achavam tudo aquilo um exagero monárquico. No fim de contas, todos temos a costela de acreditar em contos de fadas. Imaginam a Maria Elisa a casar com... sei lá, com um duque?
Afinal, Santana Lopes não quebrou a louça, com medo de ferir-se nos cacos. E João Jardim, com aquela de referendar a Constituição, caiu no desinteresse. O pessoal estava mesmo agarrado à boda - lá ia a rainha daqui, o rei dali, o pobre do Charles sem Diana nem Camila, com ar de frete.
O Congresso do PSD arriscava-se a ser o fiasco do fim de semana. Durão disse bem do que tinha feito, evitou os problemas e o País, mas isso era de esperar. Evitar passou a ser o lema, nem nas eleições e coligações se deve falar, advertiu. Com as coisas tão mornas, que nem o PS dá luta e não é costume falar das lutas de verdade nem de quem as organiza e promove, o doutor teve um rasgo. Acusou o PCP de minar a segurança do Euro 2004.
No entanto, de Madrid, já devidamente enlatadas, continuavam a chegar imagens. Olha para a Letizia, com aquele vestido sem um único botão.
Oliveira de Azeméis? Que é isso? Pobre doutor.