Faculdade de Medicina no Algarve

Uma reflexão necessária

A falta de médicos, enfermeiros e outros técnicos na área da saúde fez renascer no Algarve o movimento em prol da criação de uma Faculdade de Medicina na Universidade do Algarve. Uma vontade positiva, diz a Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP, tendo em conta que, abaixo do Tejo, não existe qualquer Faculdade de Medicina - o que constitui um factor de desequilíbrio e esquecimento ancestral do Alentejo e do Algarve.
Contudo, e apesar de representar um benefício para a região e suas populações, a implantação de uma Faculdade de Medicina exige «uma reflexão ponderada e em função de um horizonte a médio e longo prazo» e tem de ser encarada no quadro de uma política nacional para o ensino superior, para a investigação e neste caso para a saúde.
Assim, a DORAL considera positivo que se explore a possibilidade da instalação de uma Faculdade de Medicina na Universidade do Algarve mas o seu apoio ao projecto exige, desde já, uma clarificação (ainda inexistente) das condições e objectivos que moldarão este projecto.
De facto, é, para si, preocupante a declaração do Secretário de Estado da Saúde, ainda não desmentida, ao jornal Região Sul de 15 de Setembro de 2002, de que as valências do novo Hospital Central do Algarve – cuja conclusão se prevê para 2010 - «v[ão] ser discutida[s] com os candidatos à construção e à gestão» do mesmo. A esta declaração, acrescem agora as pretensões da Presidente da Câmara Municipal de Silves, Drª. Isabel Soares, de levar para o seu município, em curiosa alternativa, um hospital ou uma Faculdade de Medicina, com a «porta aberta aos privados», orientação que, na opinião do PCP, pode servir a livre iniciativa privada e alguns lobbies locais mas dificilmente se ajusta ao interesse público da região.
A opção por um hospital com valência de ensino médico exigirá a definição atempada de muitos aspectos, inclusive do foro arquitectónico, e os seus resultados, traduzidos em formação de médicos, só serão visíveis dentro de uma década.
Várias vozes têm discordado da multiplicação de faculdades de Medicina, alegando que mais que uma falta em termos de efectivos o que se verifica é assimetria na distribuição dos médicos e má rentabilização das sete faculdades existentes, suficientes para população portuguesa.
Mas a situação criada tem muito a ver com o numerus clausus para a entrada na Universidade, diz o PCP, para quem a aposentação de muitos médicos faz com que o quadro dos hospitais e centros de saúde esteja a ser preenchido com médicos estrangeiros, sobretudo espanhóis, cujo lugar, naturalmente, não é posto em causa com o acréscimo de profissionais portugueses.
Por outro lado, o novo hospital constitui, sem dúvida, um factor de melhoria dos serviços públicos à população residente e flutuante do Algarve e para a fixação de profissionais qualificados na região. Só que para o futuro hospital do Algarve, se anuncia uma construção com dinheiros públicos, uma gestão de sociedade anónima, com orientação economicista, danosa para os utentes e para os profissionais de saúde, e o que se verifica é que o ensino da medicina é um mercado cada vez mais apetecível para os interesses privados, ávidos de lucros.


Mais artigos de: PCP

Uma intensa actividade ao serviço do País

A eurodeputada e primeira candidata da CDU às eleições de 13 de Junho para o Parlamento Europeu prossegue a sua intensa actividade, contactando trabalhadores e estruturas por todo o País.

Comício do PCP

Carlos Carvalhas e Ilda Figueiredo participam amanhã num comício do PCP na Moita. O comício integra-se nas comemorações do 83.º aniversário do PCP e também nas dos 30 anos da Revolução de Abril. O comício realiza-se no Pavilhão Municipal de Exposições da Moita, às 21 horas.

Uma vitória dos trabalhadores

A lista unitária reforçou a sua posição na Comissão de Trabalhadores da TAP, elegendo sete dos onze membros. Há dois anos tinha eleito 5. Para o PCP, trata-se de uma grande vitória dos trabalhadores.

Saúde ameaçada

O direito à Saúde universal e gratuita consagrado na Constituição está cada vez mais a ser posto em causa pela política deste Governo. E em todos os pontos do País se ouve a reclamação desse direito.

PDM deve manter características essenciais

O PCP defende que o processo de revisão do Plano Director Municipal de Lisboa «se deve manter dentro de limites que não alterem as suas características essenciais e não que conduza à produção de um documento novo». No entender dos comunistas, qualquer revisão ao plano deve ter por base um conjunto de princípios – alguns...

Desemprego aumenta em Setúbal

O desemprego continua a crescer no distrito de Setúbal, estando já mais de 43 mil trabalhadores inscritos nos centros de emprego da região. Apesar de não abrangerem todos os desempregados, estes números representam já cerca de 12 por cento da população activa, lembra a DORS do PCP, e confirmam o «insucesso das promessas...

Câmara de Mértola viola a lei

Tal como aconteceu em Évora, como o Avante! divulga noutra página desta edição, também em Mértola a maioria PS na Câmara Municipal parece ter dificuldades em «conviver naturalmente com o pluralismo de opinião». Quem o diz é a Comissão Concelhia do PCP, que denuncia a retirada de propaganda do Partido de algumas zonas da...

Chantagem na Tudor

A célula do PCP na Tudor, multinacional de baterias localizada na Castanheira do Ribatejo, denuncia em comunicado a chantagem feita pela administração nas negociações com os trabalhadores. As negociações, que se realizam no final do primeiro trimestre de cada ano, trouxeram este ano uma novidade. A administração colocou...

25 de Abril foi Revolução

A Comissão Concelhia de Montemor-o-Novo, que promove amanhã uma iniciativa com a presença do General Vasco Gonçalves, considera que o 25 de Abril foi uma «Revolução Libertadora». Lembra a Comissão Concelhia que foi durante os governos do General que se alcançaram as grandes conquistas revolucionárias. De entre as muitas...