A culpa é dos média
Os EUA estão descontentes com a imprensa árabe. Já não se trata apenas do jornal de Al Sadr, o líder xiita que as forças norte-americanas querem apanhar «vivo ou morto», mas de quantos, segundo Washington, «se opõem à coligação».
Das advertências mais ou menos veladas passou-se esta semana às ameaças directas. Primeiro foi o chefe-adjunto das operações militares no Iraque, general Mark Kimmitt, a manifestar o seu desagrado pela forma como os média árabes fizeram a cobertura da revolta xiita e do ataque das forças da coligação a Fallujah. O oficial considera haver «razões para crer que muitos média não procuram a verdade na sua cobertura jornalística», e apontou o dedo à cadeia de televisão Al-Jazira e outros meios de informação «contrários à coligação», acusando-os de atiçarem «os sentimentos anti-norte-americanos».
Qual voz do dono, veio logo de seguida o recém nomeado conselheiro para a Segurança Nacional do Iraque, Muaffak Rubai, ameaçar as televisões Al-Jazira e Al-Arabiya de fechar as suas sedes no Iraque se «continuarem a incitar à violência e à sedição». O facto não seria inédito, note-se. A Al-Arabiya teve as suas instalações fechadas durante dois meses; quanto à Al-Jazira, teve o privilégio de ver os seus escritórios no Afeganistão e no Iraque serem escolhidos com alvo das bombas norte-americanas.
O peculiar conceito de liberdade de expressão em vigor no Iraque, vindo de um exército que invadiu e ocupou um país soberano com base numa colossal mentira propalada por órgãos de informação de todo o mundo, é no mínimo curioso. E é ainda mais curioso quando se sabe que, enquanto se bombardeiam populações em manobras de retaliação - tal como Israel faz na Palestina -, os jornalistas são bombardeados com reiteradas declarações sobre a democracia que está a ser construída no Iraque, cujo fundamento, como bem lembrou um porta-voz da Al-Jazira, «reside na liberdade de expressão».
Os EUA não comentaram o facto de a equipa de reportagem da Reuters distinguida pelo seu trabalho na cobertura da guerra do Iraque com o Prémio Jornalista do Ano 2003, ter decidido entregar o valor pecuniário às famílias dos seus operadores de câmara Taras Protsyuk e Mazen Dana, mortos no ataque ao Hotel Palestina. Mas a avaliar pela facilidade com que as forças norte-americanas vêm confundido jornalistas com inimigos, é de temer que haja quem pense que um bom jornalista é um jornalista morto.
Das advertências mais ou menos veladas passou-se esta semana às ameaças directas. Primeiro foi o chefe-adjunto das operações militares no Iraque, general Mark Kimmitt, a manifestar o seu desagrado pela forma como os média árabes fizeram a cobertura da revolta xiita e do ataque das forças da coligação a Fallujah. O oficial considera haver «razões para crer que muitos média não procuram a verdade na sua cobertura jornalística», e apontou o dedo à cadeia de televisão Al-Jazira e outros meios de informação «contrários à coligação», acusando-os de atiçarem «os sentimentos anti-norte-americanos».
Qual voz do dono, veio logo de seguida o recém nomeado conselheiro para a Segurança Nacional do Iraque, Muaffak Rubai, ameaçar as televisões Al-Jazira e Al-Arabiya de fechar as suas sedes no Iraque se «continuarem a incitar à violência e à sedição». O facto não seria inédito, note-se. A Al-Arabiya teve as suas instalações fechadas durante dois meses; quanto à Al-Jazira, teve o privilégio de ver os seus escritórios no Afeganistão e no Iraque serem escolhidos com alvo das bombas norte-americanas.
O peculiar conceito de liberdade de expressão em vigor no Iraque, vindo de um exército que invadiu e ocupou um país soberano com base numa colossal mentira propalada por órgãos de informação de todo o mundo, é no mínimo curioso. E é ainda mais curioso quando se sabe que, enquanto se bombardeiam populações em manobras de retaliação - tal como Israel faz na Palestina -, os jornalistas são bombardeados com reiteradas declarações sobre a democracia que está a ser construída no Iraque, cujo fundamento, como bem lembrou um porta-voz da Al-Jazira, «reside na liberdade de expressão».
Os EUA não comentaram o facto de a equipa de reportagem da Reuters distinguida pelo seu trabalho na cobertura da guerra do Iraque com o Prémio Jornalista do Ano 2003, ter decidido entregar o valor pecuniário às famílias dos seus operadores de câmara Taras Protsyuk e Mazen Dana, mortos no ataque ao Hotel Palestina. Mas a avaliar pela facilidade com que as forças norte-americanas vêm confundido jornalistas com inimigos, é de temer que haja quem pense que um bom jornalista é um jornalista morto.