As duas faces da mesma moeda
A pouco mais de um mês das comemorações do 30.º aniversário da Revolução de Abril, assistimos nos planos político e ideológico, a uma ofensiva sem precedentes por parte das forças de direita, no sentido da despolitização das comemorações, procurando fazer delas, apenas uma manifestação popular de auto-estima nacional, privando desta forma as novas gerações, sobretudo de trabalhadores, de associarem esta data às importantes conquistas e direitos que os trabalhadores portugueses conquistaram e mantêm no essencial, com o processo revolucionário.
Uma ofensiva, que não se desliga da concretização das políticas de direita, que têm vindo a introduzir importantes alterações nas relações laborais e a pôr em causa importantes direitos políticos e sociais e que a não ser travada rapidamente, culminará com a descaracterização do regime democrático-constitucional, tal como o conhecemos saído da Constituição de 2 de Abril de 76. Altos responsáveis da maioria parlamentar que sustenta o Governo, não têm escondido este desejo, como o confirmam as sucessivas declarações de Alberto João Jardim apelando à fundação da 4.ª República, ou de Paulo Portas, quando defende que da constituição seja expurgado tudo o que tem que ver com o 25 de Abril de 74.
Mas se esta postura da direita nos planos político e ideológico, de ajuste de contas com o 25 de Abril, vem na linha da natureza dos partidos que compõem a actual maioria parlamentar, não deixa de ser significativo e bastante elucidativo do seu papel, que um sindicato ligado à UGT, o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI), que tem na sua direcção destacados militantes do PS, venha na mesma linha de colocar em causa direitos constitucionais conquistados com Abril, ao introduzir na actividade sindical em Portugal uma preocupante novidade, que é levantar processos disciplinares, com a intenção mais ou menos velada de culminarem com a sanção de expulsão de 18 associados, porque e apenas no uso dos seus direitos constitucionais, terão alegadamente participado numa Assembleia da Organização dos Bancários de Lisboa, onde se discutiram aspectos da vida deste importante sector. Ou seja, o SBSI faz aquilo que certamente muitos dos banqueiros em Portugal desejariam fazer, mas que até hoje e apesar das sucessivas revisões constitucionais terem colocado limitações nos direitos políticos e sociais, não tiveram a coragem de concretizar.
O papel do pseudo-sindicalismo
Já muito se disse e escreveu sobre a natureza e o papel nefasto para os trabalhadores portugueses, da existência de uma central sindical, que desde a sua formação, após um acordo político entre PS, PSD e CDS, mais não procurou, senão tentar enfraquecer a CGTP e por isso não vou perder muito tempo com os muitos adjectivos que caracterizam pela negativa, a sua intervenção ao longo destes mais de 25 anos de existência, como o recente acordo que firmou com o Governo e a CIP, sobre o “código do trabalho”.
Neste caso concreto, não estamos apenas perante mais uma manifestação de arrogância e prepotência da parte de uma direcção sindical, que sendo eleita com o objectivo de defender os interesses dos trabalhadores que trabalham hoje na banca, se limita a gerir o sindicato como se de uma empresa de prestação de serviços se tratasse, transformando-se numa equipa de meninos bem comportados e subservientes aos olhos e interesses dos banqueiros e da política neoliberal. Será bastante redutor avaliar esta postura apenas no plano jurídico-constitucional e não olharmos mais longe, procurando perceber a importância que tem hoje para o grande capital financeiro, num momento em que este assume um peso cada vez mais significativo no controle da economia nacional, acentuando o primado do económico sobre o político, a existência de sindicatos que tenham nas suas direcções, pseudo sindicalistas, que não só sirvam de almofadas ao descontentamento provocado nos trabalhadores, pelas medidas anti-laborais que têm vindo a ser concretizadas no sector, como alimentam a ideia de que não existe alternativa às actuais condições de trabalho e salariais.
Os trabalhadores bancários têm sido, ao longo da última década, tal como os restantes trabalhadores portugueses, alvo de uma ofensiva que os tem levado até limites insuportáveis de exploração, com o aumento da quantidade e ritmos de trabalho, fazendo desta forma com que se mantenham lucros fabulosos para os bancos, enquanto os salários reais dos trabalhadores têm vindo a baixar. Só no primeiro semestre de 2003, os 51 bancos que realizam a sua actividade em Portugal tiveram 700 contos de lucro por minuto, ou seja 912 milhões de euros e tudo isto sem que se tivesse mobilizado os trabalhadores para a luta.
Independentemente das soluções que os trabalhadores da banca, encontrarem para resolver os problemas do seu sindicato, na perspectiva da defesa dos seus direitos e interesses, os militantes comunistas não deixarão de exercer um direito, pelo qual lutaram dezenas de anos e que desde o 2 de Abril de 76 tem consagração constitucional, de poderem discutir, darem a conhecer as suas opiniões e as suas propostas da forma que entenderem mais ajustada.
Mas se esta postura da direita nos planos político e ideológico, de ajuste de contas com o 25 de Abril, vem na linha da natureza dos partidos que compõem a actual maioria parlamentar, não deixa de ser significativo e bastante elucidativo do seu papel, que um sindicato ligado à UGT, o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI), que tem na sua direcção destacados militantes do PS, venha na mesma linha de colocar em causa direitos constitucionais conquistados com Abril, ao introduzir na actividade sindical em Portugal uma preocupante novidade, que é levantar processos disciplinares, com a intenção mais ou menos velada de culminarem com a sanção de expulsão de 18 associados, porque e apenas no uso dos seus direitos constitucionais, terão alegadamente participado numa Assembleia da Organização dos Bancários de Lisboa, onde se discutiram aspectos da vida deste importante sector. Ou seja, o SBSI faz aquilo que certamente muitos dos banqueiros em Portugal desejariam fazer, mas que até hoje e apesar das sucessivas revisões constitucionais terem colocado limitações nos direitos políticos e sociais, não tiveram a coragem de concretizar.
O papel do pseudo-sindicalismo
Já muito se disse e escreveu sobre a natureza e o papel nefasto para os trabalhadores portugueses, da existência de uma central sindical, que desde a sua formação, após um acordo político entre PS, PSD e CDS, mais não procurou, senão tentar enfraquecer a CGTP e por isso não vou perder muito tempo com os muitos adjectivos que caracterizam pela negativa, a sua intervenção ao longo destes mais de 25 anos de existência, como o recente acordo que firmou com o Governo e a CIP, sobre o “código do trabalho”.
Neste caso concreto, não estamos apenas perante mais uma manifestação de arrogância e prepotência da parte de uma direcção sindical, que sendo eleita com o objectivo de defender os interesses dos trabalhadores que trabalham hoje na banca, se limita a gerir o sindicato como se de uma empresa de prestação de serviços se tratasse, transformando-se numa equipa de meninos bem comportados e subservientes aos olhos e interesses dos banqueiros e da política neoliberal. Será bastante redutor avaliar esta postura apenas no plano jurídico-constitucional e não olharmos mais longe, procurando perceber a importância que tem hoje para o grande capital financeiro, num momento em que este assume um peso cada vez mais significativo no controle da economia nacional, acentuando o primado do económico sobre o político, a existência de sindicatos que tenham nas suas direcções, pseudo sindicalistas, que não só sirvam de almofadas ao descontentamento provocado nos trabalhadores, pelas medidas anti-laborais que têm vindo a ser concretizadas no sector, como alimentam a ideia de que não existe alternativa às actuais condições de trabalho e salariais.
Os trabalhadores bancários têm sido, ao longo da última década, tal como os restantes trabalhadores portugueses, alvo de uma ofensiva que os tem levado até limites insuportáveis de exploração, com o aumento da quantidade e ritmos de trabalho, fazendo desta forma com que se mantenham lucros fabulosos para os bancos, enquanto os salários reais dos trabalhadores têm vindo a baixar. Só no primeiro semestre de 2003, os 51 bancos que realizam a sua actividade em Portugal tiveram 700 contos de lucro por minuto, ou seja 912 milhões de euros e tudo isto sem que se tivesse mobilizado os trabalhadores para a luta.
Independentemente das soluções que os trabalhadores da banca, encontrarem para resolver os problemas do seu sindicato, na perspectiva da defesa dos seus direitos e interesses, os militantes comunistas não deixarão de exercer um direito, pelo qual lutaram dezenas de anos e que desde o 2 de Abril de 76 tem consagração constitucional, de poderem discutir, darem a conhecer as suas opiniões e as suas propostas da forma que entenderem mais ajustada.