Contactar e organizar
Em Lisboa, ainda falta contactar muitos militantes. Mas a acção de contactos já está a produzir resultados, sobretudo na ligação aos problemas das populações.
A cidade de Lisboa é imensa e também o é a organização do Partido. Com cerca de 7 500 pessoas inscritas no Partido, a capital tem mais militantes do que alguns distritos do País. Este é, para Martinho Baptista, membro da Direcção da Cidade de Lisboa, um dos problemas com que as organizações se deparam na acção de contactos com os membros do Partido. Até ao momento, a organização da cidade de Lisboa contactou com pouco mais de metade dos inscritos. Para o dirigente concelhio, apesar de ser um «ritmo ainda baixo e insuficiente, representa um contacto muito grande com muitos membros do Partido».
Mas a dimensão do concelho não explica tudo. Aliás, para Martinho Baptista, a principal razão do atraso prende-se, sim, com a debilidade de algumas organizações locais. Os Olivais, por exemplo, sendo uma freguesia muito extensa e com quinhentos militantes, está perto dos noventa por cento dos contactos. Por outro lado, na freguesia da São Vicente de Fora – que é uma zona muito envelhecida situada na zona histórica – é mesmo difícil encontrar camaradas disponíveis para contactar os outros camaradas.
Dos cerca de 3 500 contactos já feitos, 2 500 militantes foram já actualizados, estando integrados na respectiva organização partidária. As outras mil fichas representam várias realidades, sendo a mais frequente a perda de contacto. Martinho Baptista recorda que a organização do Partido nas empresas da cidade era muito forte e que hoje a maioria dessas empresas já não existe. «Isso teve grandes consequências na estrutura orgânica do Partido, com muitos militantes a irem viver para fora da cidade», afirma o dirigente do PCP. Das desistências, Martinho Baptista afirma que muito poucas estão relacionadas com discordâncias com os ideais, projecto e acção do Partido. Alterações na vida pessoal e profissional e falta de disponibilidade para assumir tarefas são as razões mais vezes levantadas, destaca.
Vantagens à vista
Se, em termos numéricos, a organização sofre com esta acção nacional de contactos com os membros do Partido, ao nível da organização e da intervenção política os ganhos são mais do que evidentes. Que o diga Helena Silva, responsável pela organização de freguesia da Charneca, na zona norte do concelho. Nesta freguesia, a par de uma grande redução do número de militantes – muito provocada pelo realojamento noutras freguesias da população que habitava bairros de habitação degradada, onde viviam muitos comunistas – os contactos permitiram também que a organização desse uma grande salto.
Helena Silva considera que o mais importante é ter-se garantido a continuidade do contacto entre os militantes, pois «de nada servia todo o trabalho se depois não se encontrarem formas de manter o contacto constante». Na freguesia, com a campanha, conseguiu-se responsabilizar seis militantes pelo pagamento das quotas. Isto garante que, pelo menos uma vez por mês, todos os comunistas da freguesia são contactados. Apesar da redução do número de militantes no ficheiro, o pagamento de quotas aumentou. Hoje, todos os inscritos na freguesia da Charneca pagam a sua quota.
Fernando Bárbara, da organização de freguesia do Beato, destaca a importância do contacto com os militantes para o reforço da organização do Partido. Este reforço é, nesta freguesia, muito visível: «cobrávamos, em 2002, entre 80 e 85 quotas; vamos terminar a campanha com cerca de 120 camaradas ligados ao Partido, quanto mais não seja pela quota.» Quanto à venda do Avante!, esta é hoje muito maior do que antes do início dos contactos. Em 2002, vendiam-se 19 jornais. Actualmente, estão-se a vender 42, realça.
Também nesta freguesia, o número de fichas no ficheiro diminuiu. Aqui, é a idade o principal inimigo. «Temos muitos militantes muito idosos, dependentes da família, que dizem que não podem assumir tarefas», conta Fernando Bárbara. Para o comunista, «a decisão de sair não parte de nós, mas desses camaradas, que não querem apenas ter a ficha sem poderem ter actividade».
Reforçar o Partido para intervir
Utilizar os contactos para reforçar a organização do Partido – e com esta a sua intervenção – é o grande objectivo da acção nacional de contactos com os membros do Partido. É, aliás, a sua razão de ser.
Na freguesia do Beato, no Bairro do Ourives, os contactos realizados no âmbito da acção nacional foram decisivos para o desenvolvimento de uma luta reivindicativa no bairro, pela melhoria das condições das habitações.
Neste bairro, com cerca de quarenta anos, vive um conjunto de militantes do PCP, a maioria dos quais há muito desligados do Partido. Com a acção nacional de contactos, os camaradas começaram a funcionar como célula, organizadamente. «Isto permitiu-nos não só acompanhar como desenvolver a luta que é feita ali pelos moradores. E pode-se dizer que se esta luta existe é porque nós contactámos ali um conjunto de camaradas que a está a desenvolver», realça Fernando Bárbara..
Por iniciativa do Partido, foi lançado um abaixo-assinado a exigir as reparações nas habitações e nas áreas envolventes. A petição recolheu já trezentas assinaturas e foi levada à sessão pública da câmara municipal pelos moradores. «Como resposta imediata, foi resolvido o problema dos esgotos e foram feitas algumas pequenas reparações no espaço envolvente dos prédios», relata o responsável pela organização da freguesia. Mas deixou um alerta: «Isto só surgiu para acalmar a reivindicação.» É necessário continuar a luta.
Mas a dimensão do concelho não explica tudo. Aliás, para Martinho Baptista, a principal razão do atraso prende-se, sim, com a debilidade de algumas organizações locais. Os Olivais, por exemplo, sendo uma freguesia muito extensa e com quinhentos militantes, está perto dos noventa por cento dos contactos. Por outro lado, na freguesia da São Vicente de Fora – que é uma zona muito envelhecida situada na zona histórica – é mesmo difícil encontrar camaradas disponíveis para contactar os outros camaradas.
Dos cerca de 3 500 contactos já feitos, 2 500 militantes foram já actualizados, estando integrados na respectiva organização partidária. As outras mil fichas representam várias realidades, sendo a mais frequente a perda de contacto. Martinho Baptista recorda que a organização do Partido nas empresas da cidade era muito forte e que hoje a maioria dessas empresas já não existe. «Isso teve grandes consequências na estrutura orgânica do Partido, com muitos militantes a irem viver para fora da cidade», afirma o dirigente do PCP. Das desistências, Martinho Baptista afirma que muito poucas estão relacionadas com discordâncias com os ideais, projecto e acção do Partido. Alterações na vida pessoal e profissional e falta de disponibilidade para assumir tarefas são as razões mais vezes levantadas, destaca.
Vantagens à vista
Se, em termos numéricos, a organização sofre com esta acção nacional de contactos com os membros do Partido, ao nível da organização e da intervenção política os ganhos são mais do que evidentes. Que o diga Helena Silva, responsável pela organização de freguesia da Charneca, na zona norte do concelho. Nesta freguesia, a par de uma grande redução do número de militantes – muito provocada pelo realojamento noutras freguesias da população que habitava bairros de habitação degradada, onde viviam muitos comunistas – os contactos permitiram também que a organização desse uma grande salto.
Helena Silva considera que o mais importante é ter-se garantido a continuidade do contacto entre os militantes, pois «de nada servia todo o trabalho se depois não se encontrarem formas de manter o contacto constante». Na freguesia, com a campanha, conseguiu-se responsabilizar seis militantes pelo pagamento das quotas. Isto garante que, pelo menos uma vez por mês, todos os comunistas da freguesia são contactados. Apesar da redução do número de militantes no ficheiro, o pagamento de quotas aumentou. Hoje, todos os inscritos na freguesia da Charneca pagam a sua quota.
Fernando Bárbara, da organização de freguesia do Beato, destaca a importância do contacto com os militantes para o reforço da organização do Partido. Este reforço é, nesta freguesia, muito visível: «cobrávamos, em 2002, entre 80 e 85 quotas; vamos terminar a campanha com cerca de 120 camaradas ligados ao Partido, quanto mais não seja pela quota.» Quanto à venda do Avante!, esta é hoje muito maior do que antes do início dos contactos. Em 2002, vendiam-se 19 jornais. Actualmente, estão-se a vender 42, realça.
Também nesta freguesia, o número de fichas no ficheiro diminuiu. Aqui, é a idade o principal inimigo. «Temos muitos militantes muito idosos, dependentes da família, que dizem que não podem assumir tarefas», conta Fernando Bárbara. Para o comunista, «a decisão de sair não parte de nós, mas desses camaradas, que não querem apenas ter a ficha sem poderem ter actividade».
Reforçar o Partido para intervir
Utilizar os contactos para reforçar a organização do Partido – e com esta a sua intervenção – é o grande objectivo da acção nacional de contactos com os membros do Partido. É, aliás, a sua razão de ser.
Na freguesia do Beato, no Bairro do Ourives, os contactos realizados no âmbito da acção nacional foram decisivos para o desenvolvimento de uma luta reivindicativa no bairro, pela melhoria das condições das habitações.
Neste bairro, com cerca de quarenta anos, vive um conjunto de militantes do PCP, a maioria dos quais há muito desligados do Partido. Com a acção nacional de contactos, os camaradas começaram a funcionar como célula, organizadamente. «Isto permitiu-nos não só acompanhar como desenvolver a luta que é feita ali pelos moradores. E pode-se dizer que se esta luta existe é porque nós contactámos ali um conjunto de camaradas que a está a desenvolver», realça Fernando Bárbara..
Por iniciativa do Partido, foi lançado um abaixo-assinado a exigir as reparações nas habitações e nas áreas envolventes. A petição recolheu já trezentas assinaturas e foi levada à sessão pública da câmara municipal pelos moradores. «Como resposta imediata, foi resolvido o problema dos esgotos e foram feitas algumas pequenas reparações no espaço envolvente dos prédios», relata o responsável pela organização da freguesia. Mas deixou um alerta: «Isto só surgiu para acalmar a reivindicação.» É necessário continuar a luta.