Desemprego recorde em 2003

Em todo o mundo, cerca de 186 milhões de pessoas estavam desempregadas ou à procura de trabalho em 2003, revela o relatório anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado há uma semana.
O número de desempregados é o mais alto já registado, e representa um aumento de meio milhão em relação a 2002, ano em que a OIT registou a existência de 185,4 milhões de desempregados.
Segundo o relatório, o aumento no desemprego afectou sobretudo a população mais jovem, registando uma subida de 14,4 por cento, correspondente a 88,2 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos. A taxa de desemprego entre os jovens é mais do dobro do que a registada a nível geral, que se situa nos 6,2 por cento.
O Médio Oriente e o Norte da África são as duas regiões do mundo onde foi maior o aumento do desemprego. O número de pessoas sem trabalho passou de 11,9 por cento para 12,2 por cento, o que coloca ambas as regiões num trágico primeiro lugar no respeitante a este flagelo. Segundo a OIT, esta situação resulta das profundas alterações introduzidas no sector público e do crescimento da força de trabalho.
No leste da Ásia observou-se igualmente um pequeno aumento no desemprego, que passou de 3,1 por cento em 2002 para 3,3 por cento em 2003, fruto sobretudo do crescimento do desemprego na China resultante da industrialização e da reestruturação do sector público.
Já na América Latina e Caraíbas a situação parece tender a melhor, embora os índices de desemprego permaneçam elevados. A taxa de desemprego caiu de 9 por cento em 2002 para 8 por cento em 2003, o que o relatório da OIT atribui à recuperação da economia da Argentina e à diminuição do crescimento da força de trabalho no país.
Ainda segundo a OIT, o segundo semestre de 2003 pautou-se por uma recuperação económica nas regiões industrializadas (0,2 por cento a nível mundial, em 2003), tendência que se deverá acentuar este ano: a organização espera um índice de crescimento económico mundial de 4,1 por cento em 2004.

Globalização agrava desemprego

Entretanto, um outro estudo encomendado pela OIT e levado a cabo pela Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da Globalização, concluiu que «há desequilíbrios persistentes no actual funcionamento da economia global, que são eticamente inaceitáveis e politicamente insustentáveis».
Apesar de considerar que «o potencial da globalização para o bem é imenso», a Comissão, que integra parlamentares, economistas e representantes de organizações não-governamentais de vários países, reconhece que «para a maioria dos homens e mulheres, a globalização não atendeu às suas simples aspirações por empregos decentes e um futuro melhor para seus filhos».


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