Poderes e opiniões dominantes
«Os indivíduos que dominam como classe (...) dominam também como produtores de ideias, regulam a produção e as ideias do seu tempo».
K. Marx e F. Engels
Decidiu um conciliábulo de sábios em marketing atribuir nota negativa ao PCP por alegadamente «se não ter ajustado à realidade e não saber tirar proveito dos órgãos de comunicação social».
Razão da sentença não a de «ser o PCP o mais coerente de todos», mas sim, a de «a forma como surge aos olhos das pessoas ser um pouco desactualizada». E, pecado maior, ser incapaz de, ao contrário de outros,«saber alimentar o folclore da comunicação política».
O problema seria pois não o do conteúdo e da coerência da acção política, do valor e seriedade das propostas mas o da forma como chega às pessoas. Desvendemos pois aquilo que, sob tão elevada erudição cientifica e analítica, não quiseram ou não souberam concluir: o de passar do nível dos alegados efeitos para o da identificação das inerentes causas. Ou seja, o do problema não estar na acção do PCP mas sim na prevalência de critérios de manipulação, de preconceito e de censura, que mais subtil ou descaradamente, quem comanda a difusão da opinião impõe na cobertura à actividade ou às propostas do PCP. Por óbvias razões de classe.
Sabido será que tais afirmações provocarão o mais vivo rubor no rosto de alguns editores; a pouco sentida mas mesmo assim conveniente indignação em certos directores de informação; ou ainda, em certos directores de jornais, aquele gesto de protesto que a ocasião exigirá, mais não seja para confirmar o ditado de quem não se sente não é filho de boa gente. Para seu descanso se esclareça que a questão não é predominantemente pessoal ou subjectiva, mas sim do domínio do objectivo, do sistema em que se inserem e dos interesses que nele prevalecem.
Perder de vista que as ideias dominantes são em todas as épocas as que correspondem e são impostas pela classe que domina, corresponderia à fatal rendição dos que tendo de lutar hoje por afirmar as suas ideias, propostas e projecto, o fazem, mantendo presente o objectivo da luta contra o poder dominante e pela construção de uma sociedade diferente. Mais do que nunca, num quadro de uma viva agudização das contradições dos interesses de classe e da intensa luta ideológica que envolve a tentativa da universalização do pensamento único difundida pelo imperialismo e os seus centros produtores de ideias, se justifica tê-lo presente.
Opinião pública/ opinião publicada
O êxito da luta contra a globalização neoliberal como condição de libertação da humanidade é inseparável de uma viva consciência da natureza económica que a percorre, do caracter imperialista da sua expressão à escala planetária e da essência capitalista que a enforma na sua fase actual. E também, no quadro de uma não menos viva consciência das condições materiais de produção em que se suporta, dos meios que usa para se impor e dos instrumentos sobre os quais domina, uma ainda maior percepção do papel da luta concreta e da importância da capacidade de organização das forças que com um projecto revolucionário inscrevam a luta pela liquidação do capitalismo como objectivo emancipador dos trabalhadores e dos povos.
Questões tanto mais actuais quanto no seio do próprio movimento de resistência ao capitalismo há quem, para o salvar , semeie ideias, aponte caminhos e avance soluções conducentes a lado algum. Retenhamos a que, entre outras, em nome de um novo polo de poder , alegadamente sediado na chamada opinião pública , tende a contrapor movimento à organização, desvalorizar a luta social, ignorar a questão do poder no objectivo proclamado do combate ao neoliberalismo.
Não se negará o papel e a importância da corrente de opinião que no mundo se ergue contra a guerra e as desigualdades geradas pelo capitalismo e as possibilidades de contribuir para reduzir a base social do capitalismo. Mas não se poderá acompanhar a tese dos que erguendo a chamada opinião pública mundial ao papel de «quarto poder» ou de «segunda potência mundial» daí pretendem concluir que é a ela, e por mera acção dela, que o neoliberalismo se renderá. Fazê-lo seria ignorar que a opinião pública é inseparável da opinião publicada e por esta determinada, que ela se molda em função dos interesses dominantes de quem tem o poder e meios materiais para o fazer. E que, pela sua própria natureza difusa e desprovida de sentido de classe, ela é tão volátil quanto reconduzida, refeita ou reorientada pelos que a dominam, e a detêm, dela queiram fazer. É condição de futuro para os objectivos da luta emancipadora não só não se tornar refém de correntes dominantes de opinião, e de no seu estrito sentido agir, como o de não prescindir de aí afirmar, mesmo contra a corrente, as suas ideias, propostas e projecto revolucionário.
A resistência ao capitalismo e a luta pela sua liquidação é inseparável da luta pelo poder, da evolução das relações de propriedade e da alteração do modo de produção. Reduzir a movimentos de opinião desprovidos de objectivos políticos concretos e não dirigidos a um poder determinado, a acção que a luta social, a intervenção organizada dos sectores mais combativos e consequentes deve ser chamada, conduziria a ignorar que é nesta última e nos seus objectivos dirigidos contra o poder que em concreto o suporta, que reside a possibilidade de a prazo ter êxito na luta pela construção de uma nova sociedade.
O problema seria pois não o do conteúdo e da coerência da acção política, do valor e seriedade das propostas mas o da forma como chega às pessoas. Desvendemos pois aquilo que, sob tão elevada erudição cientifica e analítica, não quiseram ou não souberam concluir: o de passar do nível dos alegados efeitos para o da identificação das inerentes causas. Ou seja, o do problema não estar na acção do PCP mas sim na prevalência de critérios de manipulação, de preconceito e de censura, que mais subtil ou descaradamente, quem comanda a difusão da opinião impõe na cobertura à actividade ou às propostas do PCP. Por óbvias razões de classe.
Sabido será que tais afirmações provocarão o mais vivo rubor no rosto de alguns editores; a pouco sentida mas mesmo assim conveniente indignação em certos directores de informação; ou ainda, em certos directores de jornais, aquele gesto de protesto que a ocasião exigirá, mais não seja para confirmar o ditado de quem não se sente não é filho de boa gente. Para seu descanso se esclareça que a questão não é predominantemente pessoal ou subjectiva, mas sim do domínio do objectivo, do sistema em que se inserem e dos interesses que nele prevalecem.
Perder de vista que as ideias dominantes são em todas as épocas as que correspondem e são impostas pela classe que domina, corresponderia à fatal rendição dos que tendo de lutar hoje por afirmar as suas ideias, propostas e projecto, o fazem, mantendo presente o objectivo da luta contra o poder dominante e pela construção de uma sociedade diferente. Mais do que nunca, num quadro de uma viva agudização das contradições dos interesses de classe e da intensa luta ideológica que envolve a tentativa da universalização do pensamento único difundida pelo imperialismo e os seus centros produtores de ideias, se justifica tê-lo presente.
Opinião pública/ opinião publicada
O êxito da luta contra a globalização neoliberal como condição de libertação da humanidade é inseparável de uma viva consciência da natureza económica que a percorre, do caracter imperialista da sua expressão à escala planetária e da essência capitalista que a enforma na sua fase actual. E também, no quadro de uma não menos viva consciência das condições materiais de produção em que se suporta, dos meios que usa para se impor e dos instrumentos sobre os quais domina, uma ainda maior percepção do papel da luta concreta e da importância da capacidade de organização das forças que com um projecto revolucionário inscrevam a luta pela liquidação do capitalismo como objectivo emancipador dos trabalhadores e dos povos.
Questões tanto mais actuais quanto no seio do próprio movimento de resistência ao capitalismo há quem, para o salvar , semeie ideias, aponte caminhos e avance soluções conducentes a lado algum. Retenhamos a que, entre outras, em nome de um novo polo de poder , alegadamente sediado na chamada opinião pública , tende a contrapor movimento à organização, desvalorizar a luta social, ignorar a questão do poder no objectivo proclamado do combate ao neoliberalismo.
Não se negará o papel e a importância da corrente de opinião que no mundo se ergue contra a guerra e as desigualdades geradas pelo capitalismo e as possibilidades de contribuir para reduzir a base social do capitalismo. Mas não se poderá acompanhar a tese dos que erguendo a chamada opinião pública mundial ao papel de «quarto poder» ou de «segunda potência mundial» daí pretendem concluir que é a ela, e por mera acção dela, que o neoliberalismo se renderá. Fazê-lo seria ignorar que a opinião pública é inseparável da opinião publicada e por esta determinada, que ela se molda em função dos interesses dominantes de quem tem o poder e meios materiais para o fazer. E que, pela sua própria natureza difusa e desprovida de sentido de classe, ela é tão volátil quanto reconduzida, refeita ou reorientada pelos que a dominam, e a detêm, dela queiram fazer. É condição de futuro para os objectivos da luta emancipadora não só não se tornar refém de correntes dominantes de opinião, e de no seu estrito sentido agir, como o de não prescindir de aí afirmar, mesmo contra a corrente, as suas ideias, propostas e projecto revolucionário.
A resistência ao capitalismo e a luta pela sua liquidação é inseparável da luta pelo poder, da evolução das relações de propriedade e da alteração do modo de produção. Reduzir a movimentos de opinião desprovidos de objectivos políticos concretos e não dirigidos a um poder determinado, a acção que a luta social, a intervenção organizada dos sectores mais combativos e consequentes deve ser chamada, conduziria a ignorar que é nesta última e nos seus objectivos dirigidos contra o poder que em concreto o suporta, que reside a possibilidade de a prazo ter êxito na luta pela construção de uma nova sociedade.