O Iraque e a situação internacional
A agressão ao Iraque, com tudo o que lhe está subjacente, continua a marcar fortemente a evolução da situação internacional e, a avaliar pelos acontecimentos dos últimos meses, é certo que assim vai continuar a ser.
Os acontecimentos do Iraque continuam a exigir a maior atenção das forças progressistas
Os acontecimentos do Iraque continuam a exigir a maior atenção das forças progressistas e amantes da Paz, na medida em que reflectem de forma concentrada a fase actual da estratégia imperialista, estratégia concebida e aprovada antes do 11 de Setembro e que tem curso próprio e independente destes trágicos acontecimentos.
A guerra contra o Iraque, fazendo-se abstracção da situação interna dos Estados Unidos, visa mais longe, nomeadamente procurar, pela via da guerra, estabelecer novas formas de regulação das relações internacionais, fixando um nível jurídico internacional que tenha em conta as alterações operadas na correlação de forças e o peso militar, económico e político dos Estados Unidos.
A evolução da situação internacional demonstra que é a nova fase da estratégia imperialista de domínio mundial com os perigos que representa para a Paz, a Liberdade e a soberania dos Estados, que marca uma nova época no desenvolvimento da política internacional e não os acontecimentos do 11 de Setembro, por muito significativos que sejam.
Seis meses depois do Sr. Bush ter declarado, solene e triunfalmente, estar terminada a guerra contra o Iraque, verifica-se que assim não é. A guerra prossegue, as baixas repetem-se e os falcões exigem o aumento do número de forças ocupantes.
Quando os agressores e ocupantes assumindo-se como «libertadores» do povo iraquiano se preparavam, embalados pela perspectiva de poderem deitar mão às colossais reservas petrolíferas existentes sob o solo iraquiano e poderem realizar não menos colossais negócios ligados à reconstrução do país por eles próprios destruído, quando pensavam que se iam instalar em solo iraquiano como cão em vinha vindimada, eis que os «ingratos» iraquianos resistem cada vez mais aos ocupantes exigindo-lhes que abandonem a sua terra.
A «democracia» levada ao Iraque na ponta da baioneta (e dos mísseis) pelos agressores traduz-se na ocupação por centenas de milhares de soldados estrangeiros, soldados que prendem, matam e destroem; na criação de um «governo» com composição e funções determinadas pelos agressores e controlado por um procônsul americano que, no melhor estilo colonial, determina o que se pode e não pode fazer no Iraque e cuja função essencial é garantir a possibilidade de empresas americanas poderem pilhar as riqueza iraquianas.
A tese de que derrubada a ditadura de Saddam se aceleraria o processo de Paz Israel/Palestina e se abriria caminho à estabilização do Médio-Oriente, como se comprova pelos trágicos acontecimentos que varrem a região, teve efeitos exactamente inversos. Os falcões de Israel, estimulados pela agressão americana, lançaram-se numa escalada de agressões e de crimes contra a Palestina e outros países da região (Líbano, Síria).
Entretanto, é verdadeiramente surpreendentemente o silêncio a que se remeteram comentadores de serviço, tão activos e entusiastas quando as tropas americanas descarregavam milhares de toneladas de bombas sobre o Iraque, matando milhares de civis, quando já não restam dúvidas de que as razões dramaticamente invocadas para desencadear a guerra - a posse por parte do Iraque de armas de destruição maciça - não foram mais do que uma grosseira falsificação da verdade para justificar a guerra e encobrir os seus reais objectivos: apossarem-se das riquezas energéticas do Iraque e reforçar a presença militar americana numa região extremamente importante do ponto de vista estratégico. Surpreendente é ainda a amnésia de que dão mostras alguns escribas, verdadeiros falcões, na defesa de uma guerra de pilhagem.
Há ainda os que, querendo justificar o injustificável, procuram refugiar-se na ideia peregrina de que, apesar de não se terem encontrado armas de destruição massiva, a guerra valeu a pena, na medida em que pôs fim a uma sangrenta ditadura e restituiu a liberdade ao povo iraquiano, ou os que, para cobrirem o seu comprometimento com a política de guerra e de subserviência para com o imperialismo americano, se agarram como tábua de salvação a um novo sofisma, segundo o qual a nova Resolução da ONU teria reposto o primado do direito internacional e aberto portas para recolocar a ONU no centro da regulação das relações internacionais.
O Presidente da República considera mesmo que com a Resolução da ONU, «a cobertura (da intervenção no Iraque) do ponto de vista político aumentou muito, e isso foi um alívio». Cabe perguntar. Alívio porquê e para quem?
Pensar-se que a ONU, refém dos Estados Unidos, aprovando uma resolução destinada a ajudar os agressores que se encontram em maus lençóis e viabilizada por uns tantos Estados que apesar das contradições e rivalidades interimperialista ainda não perderam a esperança de se poderem vir a sentar à mesa do banquete proporcionado pela exploração das riquezas iraquianas, pode legitimar a agressão ao Iraque e fazer esquecer ou diminuir a gravidade do envolvimento de Portugal numa guerra imperialista e colonialista, agora reforçada com a decisão de enviar elementos da GNR para o Iraque, é pura ilusão.
Nenhuma maquilhagem pode legitimar o que é por natureza ilegítimo. Na época imperialista, a guerra, que é a continuação da política por outros meios, isto é pela violência, será necessariamente imperialista. Os paladinos da guerra fogem como o diabo da cruz, a falar de política económica do imperialismo, quando a interacção da economia mundial e da política das potências mundiais se torna um problema chave da política mundial e que a agressão ao Iraque confirma mais uma vez.
A insistência dos responsáveis portugueses em amarrar Portugal ao carro de guerra imperialista é contrária aos interesses nacionais e a uma política de paz e amizade com os povos.
A luta pela paz, contra a participação de forças portuguesas na ocupação e pilhagem do Iraque, deve ser considerada igualmente como uma luta contra a política reaccionária do governo, pela liberdade e a democracia em Portugal.
A guerra contra o Iraque, fazendo-se abstracção da situação interna dos Estados Unidos, visa mais longe, nomeadamente procurar, pela via da guerra, estabelecer novas formas de regulação das relações internacionais, fixando um nível jurídico internacional que tenha em conta as alterações operadas na correlação de forças e o peso militar, económico e político dos Estados Unidos.
A evolução da situação internacional demonstra que é a nova fase da estratégia imperialista de domínio mundial com os perigos que representa para a Paz, a Liberdade e a soberania dos Estados, que marca uma nova época no desenvolvimento da política internacional e não os acontecimentos do 11 de Setembro, por muito significativos que sejam.
Seis meses depois do Sr. Bush ter declarado, solene e triunfalmente, estar terminada a guerra contra o Iraque, verifica-se que assim não é. A guerra prossegue, as baixas repetem-se e os falcões exigem o aumento do número de forças ocupantes.
Quando os agressores e ocupantes assumindo-se como «libertadores» do povo iraquiano se preparavam, embalados pela perspectiva de poderem deitar mão às colossais reservas petrolíferas existentes sob o solo iraquiano e poderem realizar não menos colossais negócios ligados à reconstrução do país por eles próprios destruído, quando pensavam que se iam instalar em solo iraquiano como cão em vinha vindimada, eis que os «ingratos» iraquianos resistem cada vez mais aos ocupantes exigindo-lhes que abandonem a sua terra.
A «democracia» levada ao Iraque na ponta da baioneta (e dos mísseis) pelos agressores traduz-se na ocupação por centenas de milhares de soldados estrangeiros, soldados que prendem, matam e destroem; na criação de um «governo» com composição e funções determinadas pelos agressores e controlado por um procônsul americano que, no melhor estilo colonial, determina o que se pode e não pode fazer no Iraque e cuja função essencial é garantir a possibilidade de empresas americanas poderem pilhar as riqueza iraquianas.
A tese de que derrubada a ditadura de Saddam se aceleraria o processo de Paz Israel/Palestina e se abriria caminho à estabilização do Médio-Oriente, como se comprova pelos trágicos acontecimentos que varrem a região, teve efeitos exactamente inversos. Os falcões de Israel, estimulados pela agressão americana, lançaram-se numa escalada de agressões e de crimes contra a Palestina e outros países da região (Líbano, Síria).
Entretanto, é verdadeiramente surpreendentemente o silêncio a que se remeteram comentadores de serviço, tão activos e entusiastas quando as tropas americanas descarregavam milhares de toneladas de bombas sobre o Iraque, matando milhares de civis, quando já não restam dúvidas de que as razões dramaticamente invocadas para desencadear a guerra - a posse por parte do Iraque de armas de destruição maciça - não foram mais do que uma grosseira falsificação da verdade para justificar a guerra e encobrir os seus reais objectivos: apossarem-se das riquezas energéticas do Iraque e reforçar a presença militar americana numa região extremamente importante do ponto de vista estratégico. Surpreendente é ainda a amnésia de que dão mostras alguns escribas, verdadeiros falcões, na defesa de uma guerra de pilhagem.
Há ainda os que, querendo justificar o injustificável, procuram refugiar-se na ideia peregrina de que, apesar de não se terem encontrado armas de destruição massiva, a guerra valeu a pena, na medida em que pôs fim a uma sangrenta ditadura e restituiu a liberdade ao povo iraquiano, ou os que, para cobrirem o seu comprometimento com a política de guerra e de subserviência para com o imperialismo americano, se agarram como tábua de salvação a um novo sofisma, segundo o qual a nova Resolução da ONU teria reposto o primado do direito internacional e aberto portas para recolocar a ONU no centro da regulação das relações internacionais.
O Presidente da República considera mesmo que com a Resolução da ONU, «a cobertura (da intervenção no Iraque) do ponto de vista político aumentou muito, e isso foi um alívio». Cabe perguntar. Alívio porquê e para quem?
Pensar-se que a ONU, refém dos Estados Unidos, aprovando uma resolução destinada a ajudar os agressores que se encontram em maus lençóis e viabilizada por uns tantos Estados que apesar das contradições e rivalidades interimperialista ainda não perderam a esperança de se poderem vir a sentar à mesa do banquete proporcionado pela exploração das riquezas iraquianas, pode legitimar a agressão ao Iraque e fazer esquecer ou diminuir a gravidade do envolvimento de Portugal numa guerra imperialista e colonialista, agora reforçada com a decisão de enviar elementos da GNR para o Iraque, é pura ilusão.
Nenhuma maquilhagem pode legitimar o que é por natureza ilegítimo. Na época imperialista, a guerra, que é a continuação da política por outros meios, isto é pela violência, será necessariamente imperialista. Os paladinos da guerra fogem como o diabo da cruz, a falar de política económica do imperialismo, quando a interacção da economia mundial e da política das potências mundiais se torna um problema chave da política mundial e que a agressão ao Iraque confirma mais uma vez.
A insistência dos responsáveis portugueses em amarrar Portugal ao carro de guerra imperialista é contrária aos interesses nacionais e a uma política de paz e amizade com os povos.
A luta pela paz, contra a participação de forças portuguesas na ocupação e pilhagem do Iraque, deve ser considerada igualmente como uma luta contra a política reaccionária do governo, pela liberdade e a democracia em Portugal.