Com papas e bolos
Em matéria de provérbios difícil será escolher entre o que atribui a Deus o poder de escrever direito por linhas tortas ou o que dá ao azeite e à verdade a virtude comum de virem sempre ao de cima, para caracterizar um dos muitos argumentos que a Ministra de Finanças tem produzido para justificar a sua política e as dificuldades que tem criado ao país e aos portugueses.
Entre a densa cortina de justificações presente nas inúmeras declarações em que a ministra se tem desdobrado registemos uma que, pela sua premonição e fundo de verdade, mais nos aproxima do que há a esperar de tanto labor governativo. Confrontada com o favorecimento que o Orçamento de Estado uma vez mais dedica ao capital e com a contrastante opção para aqueles que vivem do seu trabalho, a ministra disparou em sua defesa que «quando estamos a tratar das empresas estamos a pensar nas pessoas». Registemos a franqueza, mas para maior clareza e aproximação à verdade a ministra deveria ter formulado tão convicta tese de modo mais transparente. Algo mais próximo de uma coisa assim : é a pensar nas empresas que ando a «tratar» da vida às pessoas! Verdade se diga, que o que se perdia em erudição e em sentido de Estado, se ganhava em correspondência com a realidade.
É de facto a pensar nas empresas, melhor dizendo nas grandes empresas e no grande capital, que se sucede a sangria de dinheiros públicos e de fundos comunitários atribuídos sempre em nome da revitalização empresarial e do incentivo à iniciativa privada, a mais das vezes esvaídos na falência fraudulenta ou na deslocalização para paragens em busca de novos subsídios ou que se mantêm regimes fiscais que favorecem a acumulação e o lucro do capital. E será a pensar nas pessoas, e mais em particular nos trabalhadores, que o governo vai tratando de lhes conter os salários, favorecer o desemprego, agravar a carga fiscal, dificultar o acesso à saúde e à educação, limitar direitos sociais.
E deve ser, ainda, a pensar nas empresas e a ver como há-de tratar da vida de quem trabalha que o governo leva tão a peito a imposição de tectos salariais capazes de fazer fluir sem sobressalto aquele principio segundo o qual o lucro sobe na medida em que o salário desce, e desce na medida em que o salário sobe.
Porque a sabedoria popular já se encarregou de demonstrar a facilidade com que se apanha quem mente se comparado com quem coxeia ou de que com papas e bolos só se deixam apanhar os tolos, Manuela Ferreira Leite e o seu governo não deixarão de receber, nas ruas e nas empresas, a resposta que a sua política merece e a defesa dos interesses de quem trabalha exige. E será a pensar no país que os trabalhadores se empenharão em tratar de tornar tão curta, quanto possível, a vida deste governo.
Entre a densa cortina de justificações presente nas inúmeras declarações em que a ministra se tem desdobrado registemos uma que, pela sua premonição e fundo de verdade, mais nos aproxima do que há a esperar de tanto labor governativo. Confrontada com o favorecimento que o Orçamento de Estado uma vez mais dedica ao capital e com a contrastante opção para aqueles que vivem do seu trabalho, a ministra disparou em sua defesa que «quando estamos a tratar das empresas estamos a pensar nas pessoas». Registemos a franqueza, mas para maior clareza e aproximação à verdade a ministra deveria ter formulado tão convicta tese de modo mais transparente. Algo mais próximo de uma coisa assim : é a pensar nas empresas que ando a «tratar» da vida às pessoas! Verdade se diga, que o que se perdia em erudição e em sentido de Estado, se ganhava em correspondência com a realidade.
É de facto a pensar nas empresas, melhor dizendo nas grandes empresas e no grande capital, que se sucede a sangria de dinheiros públicos e de fundos comunitários atribuídos sempre em nome da revitalização empresarial e do incentivo à iniciativa privada, a mais das vezes esvaídos na falência fraudulenta ou na deslocalização para paragens em busca de novos subsídios ou que se mantêm regimes fiscais que favorecem a acumulação e o lucro do capital. E será a pensar nas pessoas, e mais em particular nos trabalhadores, que o governo vai tratando de lhes conter os salários, favorecer o desemprego, agravar a carga fiscal, dificultar o acesso à saúde e à educação, limitar direitos sociais.
E deve ser, ainda, a pensar nas empresas e a ver como há-de tratar da vida de quem trabalha que o governo leva tão a peito a imposição de tectos salariais capazes de fazer fluir sem sobressalto aquele principio segundo o qual o lucro sobe na medida em que o salário desce, e desce na medida em que o salário sobe.
Porque a sabedoria popular já se encarregou de demonstrar a facilidade com que se apanha quem mente se comparado com quem coxeia ou de que com papas e bolos só se deixam apanhar os tolos, Manuela Ferreira Leite e o seu governo não deixarão de receber, nas ruas e nas empresas, a resposta que a sua política merece e a defesa dos interesses de quem trabalha exige. E será a pensar no país que os trabalhadores se empenharão em tratar de tornar tão curta, quanto possível, a vida deste governo.