Década negra
Dias depois da Fesete/CGTP divulgar uma análise da evolução das indústrias têxteis, de vestuário e de calçado, a multinacional anunciou um novo despedimento colectivo no concelho de Sintra.
Desde 1990, um em cada quatro trabalhadores deste sector ficou sem emprego
A intenção da administração da Melka, de despedir cem trabalhadores nas suas instalações no Sulim, deve ser debatida amanhã, numa reunião com representantes do pessoal e do Ministério do Trabalho. Logo de seguida, o Sindicato dos Têxteis, Lanifícios e Vestuário do Sul voltará a reunir com os trabalhadores.
Ao denunciar a decisão da empresa, que foi comunicada dia 1 e formalizada dia 2, o sindicato recorda que a Melka Confecções empregava, há poucos anos, cerca de mil pessoas, no Cacém, no Sulim, em Évora e em Palmela. Primeiro, encerrou a fábrica de Évora, liquidando 200 postos de trabalho; em Julho de 2002 fechou a unidade de Palmela, também com 200 trabalhadores; no Cacém desencadeou uma reestruturação e enviou para o desemprego mais de 300 pessoas; agora, encerra as instalações do Sulim.
O sindicato afirma que «fará tudo para garantir os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores», denunciando que «o Governo assiste impávido e sereno e nada faz». A atitude da Melka «continua na linha da destruição do aparelho produtivo no sector têxtil, que nos últimos 10 anos reduziu mais de 100 mil postos de trabalho».
A descer
No sector têxtil, vestuário e calçado o emprego diminuiu 24 por cento, entre 1990 e 2000, tendência que se mantém nos número contabilizados até Abril de 2003 – refere um estudo que a Fesete/CGTP divulgou na semana passada. A federação procurou responder a «uma pluralidade de análises» sobre o sector, «umas mais optimistas, outras mais catastróficas, nomeadamente quando o Governo e algum patronato pretendem manter o mesmo modelo de desenvolvimento à custa da redução das retribuições e do corte nos direitos contratuais e legais dos trabalhadores».
Em 1990, aquelas indústrias contavam com 374 mil pessoas nos quadros de 8810 empresas; no ano 2000, contavam-se 283 mil trabalhadores em 11 859 empresas. Além da drástica quebra do emprego, reforçou-se o peso das empresas com menos de 50 funcionários (passaram de 80 para 89 por cento do total).
Contrariando as intenções oficiais de diversificação do tecido produtivo, acentuou-se o peso deste sector nos distritos de Braga e Porto.
No período entre o início do ano 2000 e o passado mês de Abril, refere ainda a Fesete, foram despedidos cerca de 15 mil trabalhadores. Foram registadas 279 empresas com dificuldades declaradas, das quais 62 faliram e 144 encerraram sem processo de falência. Em 107 empresas ficaram por pagar quase 15 mil meses de salários em atraso (num valor global estimado em 6,2 milhões de euros), enquanto quase 12800 trabalhadores não receberam indemnizações (mais de 50 milhões de euros) – ou seja, as empresas ficaram com mais de 11 milhões de contos dos seus trabalhadores).
Verificando igualmente que houve modernização e reestruturação de empresas, a par de uma «tendência de crescimento contínuo» da produtividade e da manutenção de salários baixos, que não atraem jovens para o sector, a Fesete alerta para a falta de medidas que permitam enfrentar os efeitos da liberalização total do comércio mundial, em 2005.
Ao denunciar a decisão da empresa, que foi comunicada dia 1 e formalizada dia 2, o sindicato recorda que a Melka Confecções empregava, há poucos anos, cerca de mil pessoas, no Cacém, no Sulim, em Évora e em Palmela. Primeiro, encerrou a fábrica de Évora, liquidando 200 postos de trabalho; em Julho de 2002 fechou a unidade de Palmela, também com 200 trabalhadores; no Cacém desencadeou uma reestruturação e enviou para o desemprego mais de 300 pessoas; agora, encerra as instalações do Sulim.
O sindicato afirma que «fará tudo para garantir os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores», denunciando que «o Governo assiste impávido e sereno e nada faz». A atitude da Melka «continua na linha da destruição do aparelho produtivo no sector têxtil, que nos últimos 10 anos reduziu mais de 100 mil postos de trabalho».
A descer
No sector têxtil, vestuário e calçado o emprego diminuiu 24 por cento, entre 1990 e 2000, tendência que se mantém nos número contabilizados até Abril de 2003 – refere um estudo que a Fesete/CGTP divulgou na semana passada. A federação procurou responder a «uma pluralidade de análises» sobre o sector, «umas mais optimistas, outras mais catastróficas, nomeadamente quando o Governo e algum patronato pretendem manter o mesmo modelo de desenvolvimento à custa da redução das retribuições e do corte nos direitos contratuais e legais dos trabalhadores».
Em 1990, aquelas indústrias contavam com 374 mil pessoas nos quadros de 8810 empresas; no ano 2000, contavam-se 283 mil trabalhadores em 11 859 empresas. Além da drástica quebra do emprego, reforçou-se o peso das empresas com menos de 50 funcionários (passaram de 80 para 89 por cento do total).
Contrariando as intenções oficiais de diversificação do tecido produtivo, acentuou-se o peso deste sector nos distritos de Braga e Porto.
No período entre o início do ano 2000 e o passado mês de Abril, refere ainda a Fesete, foram despedidos cerca de 15 mil trabalhadores. Foram registadas 279 empresas com dificuldades declaradas, das quais 62 faliram e 144 encerraram sem processo de falência. Em 107 empresas ficaram por pagar quase 15 mil meses de salários em atraso (num valor global estimado em 6,2 milhões de euros), enquanto quase 12800 trabalhadores não receberam indemnizações (mais de 50 milhões de euros) – ou seja, as empresas ficaram com mais de 11 milhões de contos dos seus trabalhadores).
Verificando igualmente que houve modernização e reestruturação de empresas, a par de uma «tendência de crescimento contínuo» da produtividade e da manutenção de salários baixos, que não atraem jovens para o sector, a Fesete alerta para a falta de medidas que permitam enfrentar os efeitos da liberalização total do comércio mundial, em 2005.