A farsa
Algumas destas denúncias partem de meios influentes do próprio sistema.
As mentiras belicistas anglo-americanas caem cada vez mais no descrédito. O semanário britânico The Observer (15.6.03) anuncia que «uma investigação oficial britânica sobre dois atrelados encontrados no norte do Iraque concluiu que não se tratava de laboratórios de guerra bacteriológica, como haviam afirmado Tony Blair e o Presidente George Bush, mas destinavam-se a encher balões de artilheria, como os iraquianos sempre haviam afirmado». O jornal Los Angeles Times (21.6.03), acrescenta que «o Exército dos EUA possui a sua própria frota de veículos precisamente com o mesmo objectivo». Entretanto, outro jornal dos EUA, o Christian Science Monitor pediu publicamente desculpa ao deputado trabalhista britânico George Galloway por ter publicado documentos falsos que alegadamente o comprometiam com pagamentos provenientes do deposto regime iraquiano. O CSM afirma agora que uma perícia à tinta dos documentos em que baseou a acusação revelou que, embora «datados» 1992 e 1993, foram na realidade escritos «há poucos meses» (Guardian, 21.6.03). Galloway esteve na primeira linha da luta contra a guerra. Está a ser investigado por traição em tempo de guerra. As campanhas de difamação pessoal têm uma longa tradição na classe dirigente britânica, como podem testemunhar o dirigente dos mineiros britânicos, Arthur Scargill, ou os republicanos irlandeses.
Curiosamente, algumas destas denúncias partem de meios influentes do próprio sistema, facto a que não são estranhas as cada vez maiores dificuldades que os ocupantes encontram no terreno, com mortes quase diárias de soldados americanos. No passado sábado (21.6.03) um editorial do influente Financial Times começava por relatar o comentário do Ministro da Defesa dos EUA à situação no Iraque. Rumsfeld afirmou que a situação de segurança em Bagdad não era assim tão má, pois se a capital iraquiana tivesse a taxa de homicídios de Washington, haveria 215 assassinatos por mês. A imbecilidade despertou a fina ironia do jornal da City londrina, que, após listar outras «vantagens» de Bagdad, rematou com esta britânica estocada: «Numa zona residencial da capital dos EUA foram recentemente desenterradas grandes quantidades de armas químicas em desuso, datando da I Guerra Mundial. Dada a grande presença militar norte-americana na zona da capital dos EUA, deve presumir-se que por lá se encontrarão todo o tipo de armas mortíferas. Mas começa a tornar-se claro que em Bagdad os residentes podem dormir descansados à noite, sabendo que não existe, em parte alguma, o mais pequeno vestígio de uma única arma de destruição massiva».
Se os mentirosos cabecilhas imperiais anglo-americanos se estão a tornar motivo de chacota, a verdade é que ainda têm admiradores. Um deles é Paulo Portas, que confessou publicamente ter muito em comum com Rummy (como o FT chama a Rumsfeld). O que apenas confirma a sua atracção irresistível para as companhias pouco recomendáveis.
A realidade da agressão e ocupação do Iraque é tudo menos motivo de riso. Os milhares de mortos civis durante a guerra (10 mil segundo alguns – Guardian, 13.6.03) juntam-se às centenas de milhar de mortos das sanções impostas durante a década anterior e às inevitáveis vítimas actuais e futuras dum país reduzido à miséria e à devastação. Só que, para essa rastejante forma de vida que dá pelo nome de «Governo PSD/PP», o que contam são as «oportunidades de negócio» que virão da «reconstrução». Reconstrução daquilo que os aliados destruíram. Reconstrução que será paga com o petróleo roubado ao Iraque. Reconstrução que dará lucro a quem foi conivente na agressão. Talvez já estejam asseguradas as próximas férias brasileiras do Sr. Primeiro Ministro.
Curiosamente, algumas destas denúncias partem de meios influentes do próprio sistema, facto a que não são estranhas as cada vez maiores dificuldades que os ocupantes encontram no terreno, com mortes quase diárias de soldados americanos. No passado sábado (21.6.03) um editorial do influente Financial Times começava por relatar o comentário do Ministro da Defesa dos EUA à situação no Iraque. Rumsfeld afirmou que a situação de segurança em Bagdad não era assim tão má, pois se a capital iraquiana tivesse a taxa de homicídios de Washington, haveria 215 assassinatos por mês. A imbecilidade despertou a fina ironia do jornal da City londrina, que, após listar outras «vantagens» de Bagdad, rematou com esta britânica estocada: «Numa zona residencial da capital dos EUA foram recentemente desenterradas grandes quantidades de armas químicas em desuso, datando da I Guerra Mundial. Dada a grande presença militar norte-americana na zona da capital dos EUA, deve presumir-se que por lá se encontrarão todo o tipo de armas mortíferas. Mas começa a tornar-se claro que em Bagdad os residentes podem dormir descansados à noite, sabendo que não existe, em parte alguma, o mais pequeno vestígio de uma única arma de destruição massiva».
Se os mentirosos cabecilhas imperiais anglo-americanos se estão a tornar motivo de chacota, a verdade é que ainda têm admiradores. Um deles é Paulo Portas, que confessou publicamente ter muito em comum com Rummy (como o FT chama a Rumsfeld). O que apenas confirma a sua atracção irresistível para as companhias pouco recomendáveis.
A realidade da agressão e ocupação do Iraque é tudo menos motivo de riso. Os milhares de mortos civis durante a guerra (10 mil segundo alguns – Guardian, 13.6.03) juntam-se às centenas de milhar de mortos das sanções impostas durante a década anterior e às inevitáveis vítimas actuais e futuras dum país reduzido à miséria e à devastação. Só que, para essa rastejante forma de vida que dá pelo nome de «Governo PSD/PP», o que contam são as «oportunidades de negócio» que virão da «reconstrução». Reconstrução daquilo que os aliados destruíram. Reconstrução que será paga com o petróleo roubado ao Iraque. Reconstrução que dará lucro a quem foi conivente na agressão. Talvez já estejam asseguradas as próximas férias brasileiras do Sr. Primeiro Ministro.