No decurso da Assembleia, que teve a presença de mais 250 comunistas e simpatizantes, dos quais 174 eram delegados, registaram-se dezenas de intervenções abordando os mais diversos aspectos da vida do concelho e da intervenção partidária. Do debate, resultou a aprovação, com uma abstenção, da Resolução Política, que definiu as principais linhas de trabalho e intervenção do Partido no concelho, e a eleição, por unanimidade, da nova Comissão Concelhia, agora composta por 56 camaradas.

Depois de caracterizar política e socialmente o concelho, onde a precariedade aumentou e o índice de desemprego é dos maiores a nível nacional, a Resolução Política debruça-se sobre a luta dos trabalhadores e de outras camadas sociais, que registou nos últimos anos um forte impulso e teve tradução significativa na greve de 10 de Dezembro. Em todas estas acções «foi fundamental o papel dos militantes comunistas» que, de acordo com a Assembleia, devem continuar a assumir como prioridade a batalha contra os ataques aos direitos dos trabalhadores.

A Assembleia destacou, ainda, a luta das populações em defesa do ambiente, no decurso da qual a defesa do Sado e da Arrábida como duas reservas naturais com potencialidades únicas para o desenvolvimento sustentável se revelou como grande motivo congregador da opinião setubalense.

A questão autárquica foi, igualmente, motivo da análise dos delegados que valorizaram a importante vitória política obtida pelo PCP e seus aliados na CDU nas últimas eleições autárquicas, o que desde logo impõe «a necessidade de uma maior articulação das orientações e decisões do Partido para a política autárquica».

Analisando a acção da JCP, a Assembleia considera que é «um instrumento fundamental de intervenção do Partido» junto das massas juvenis, cujas lutas tem dinamizado.

Uma acção positiva

Os problemas existentes ao nível da saúde e da educação, o movimento associativo, a situação dos vários movimentos sociais foram também questões abordadas pela Assembleia que, por último, fez incidir o debate sobre o Partido e a sua organização.

Apesar de todas as dificuldade, a Assembleia considera que a organização do PCP - força política com maior influência social e política no concelho - tem desenvolvido uma acção muito positiva, tanto na resposta aos problemas do concelho como na resposta às necessidades mais gerais do Partido. Há, porém, dificuldades orgânicas e de intervenção que é necessário ultrapassar, pelo que importa «encontrar as soluções mais adequadas no plano de direcção para reforçar o trabalho colectivo, elevar o nível de actividade e capacidade de direcção aos vários níveis».

Assim, foi assumida como prioridade central do Partido em Setúbal o reforço da organização junto dos trabalhadores, nomeadamente com a criação de novas células de empresa e locais de trabalho e dinamização das existentes, o aprofundamento da ligação aos trabalhadores e a dinamização da luta em defesa dos seus legítimos direitos, interesses e aspirações.

O encerramento dos trabalhos foi feito por Jerónimo de Sousa, membro da Comissão Política, que referiu como questões centrais da acção dos comunistas e dos trabalhadores, a luta contra o código do trabalho e contra as alterações que PS, PSD e CDS/PP «cozinham» em torno da Lei do Financiamento dos Partidos, com o claro objectivo de apagar a intervenção do PCP e, por via legislativa, impor um modelo de funcionamento único.