Situação social degrada-se
O encerramento, a falência e a deslocalização de empresas, arrastando consigo milhares de despedimentos, estão a gerar verdadeiros dramas em numerosas famílias portuguesas.
No distrito de Castelo Branco, o encerramento das empresas têxteis A. D. Lopes, com 90 trabalhadores, e Confecções Paulense, com 60, eleva para 2200 os postos de trabalho perdidos nas 19 empresas encerradas desde Agosto de 2001.
Ao desmoronamento do aparelho produtivo e consequentes despedimentos, juntam-se, ainda, de acordo com a Direcção da Organização Regional de Castelo Branco do PCP, os despedimentos resultantes da redução de postos de trabalho em várias empresas, como aconteceu na M. Carmona, em Cebolais de Cima, com menos 68 trabalhadores, ou da Carveste, em Caria, com menos 240.
Uma situação que se estende a outros sectores, como os aglomerados de madeira, a que o encerramento da Sotima, em Proença-a-Nova, pôs fim, deixando em situação muito difícil 234 famílias (confiantes, contudo, na retoma da laboração).
Também em Loures, de acordo com a Concelhia do PCP, se avolumam casos de empresas em situação difícil, ressurgem exemplos de salários em atraso e ameaças aos direitos dos trabalhadores, se perspectiva o encerramento de unidades de produção.
Na Indep, em Moscavide, a administração mandou os 70 trabalhadores para casa durante um mês, preparando, ao que consta, um negócio fraudulento com as instalações, e na Vasco Pessoa, os salários de Dezembro foram pagos com 30 dias de atraso. O 13º mês estava em meados de Janeiro por pagar aos 20 trabalhadores da Sensimor, enquanto na mesma altura os 90 trabalhadores da Nacital se encontravam com os salários de Novembro e Dezembro ainda por receber.
Luta é o caminho
A Comissão Concelhia de Seia está, por sua vez, preocupada com a ameaça que paira sobre a laboração e os postos de trabalho da empresa de calçado ARA que, em Dezembro passado, começou a despedir trabalhadores que terminam o seu contrato e a fazer pressão sobre os trabalhadores efectivos para que rescindam o seu vínculo à empresa. O pretexto é a sua «improdutividade», apesar de, como se sabe, os tempos de produção da empresa terem sido reduzidos para metade e a produtividade depender do tipo de material que se labora. É, pois, necessário «assegurar a manutenção da laboração e dos postos de trabalho» da empresa ARA, diz o PCP apelando à luta dos trabalhadores e à intervenção da Câmara Municipal de Seia, que investiu dezenas de milhares de contos na compro dos terrenos e instalações desta empresa.
A Direcção da Organização Regional do Porto do PCP chama a atenção para a entrada de cinco mil novos requerimentos de subsídio de desemprego na Segurança Social do distrito, durante o mês de Janeiro. «Foros de escândalo» assume também o atraso de cinco meses no pagamento do subsídio de desemprego e de outras prestações sociais aos trabalhadores que, desesperados, não sabem como viver até os receberem.
A Comissão Concelhia de Coimbra denuncia, por seu lado, a tentativa da Cimpor de atemorizar os quatro representantes dos trabalhadores que, na greve geral de 10 de Dezembro, integraram o piquete de greve.
Os trabalhadores são acusados de terem impedido a entrada nas instalações dos trabalhadores dos empreiteiros que, contudo, como estranhos à empresa, são sempre acompanhados nos seus trabalhos diários por trabalhadores da Cimpor. Mas o que a empresa pretende realmente é, desta forma, destruir a organização dos trabalhadores. A verdade é que o piquete de greve, no cumprimento do estipulado na lei, limitou-se a persuadir os trabalhadores a aderir à greve, de forma pacífica e sem molestar ninguém.