O Supremo Tribunal de Justiça italiano decidiu na passada semana recusar a transferência de Milão dos processos de corrupção que impendem sobre o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, e o ex-ministro da defesa e deputado da Forza Italia, Cesare Previti.

A decisão apanhou de surpresa Berlusconi que depois de se afirmar vítima de perseguição judicial, movida pelos juízes de Milão por motivos políticos, conseguiu fazer aprovar, em Novembro passado, uma lei à sua medida que introduz a possibilidade de o acusado evocar a «legítima suspeita» sobre a boa-fé do tribunal para pedir a transferência do processo.

Nos últimos anos, Berlusconi foi constituído arguido em cerca de uma dezena de processos, nos quais foi sempre absolvido ou por insuficiência de provas ou por prescrição. Agora, com a preciosa ajuda da referida lei, o maior magnata italiano contava poder transferir o processo de tribunal em tribunal até que este prescrevesse mais uma vez. Porém, os magistrados trocaram-lhe as voltas deliberando que «Berlusconi e Preveti serão julgados com toda a imparcialidade em Milão», decisão que foi recebida com alívio pelos meios judiciais que há muito estão na mira da direita italiana.