Tratado de Nice

Um passo para o federalismo

O Tra­tado de Nice, apro­vado em 2000, en­trou em vigor no pas­sado sá­bado, mas parte das suas dis­po­si­ções es­sen­ciais po­derão nunca ser apli­cadas.

Re­corde-se que em Nice, na pers­pec­tiva do alar­ga­mento da UE a mais 10 países, os Quinze acor­daram uma nova com­po­sição da Co­missão Eu­ro­peia e uma re­dis­tri­buição do peso dos países no seio do Con­selho de Mi­nis­tros.

En­tre­tanto, lan­çaram outro pro­cesso de re­forma das ins­ti­tui­ções que visa al­te­ra­ções ainda mais ra­di­cais, de­sig­na­da­mente no quadro da Con­venção Eu­ro­peia sobre o fu­turo da Eu­ropa que de­verá apre­sentar, até antes do Verão, um pro­jecto de Cons­ti­tuição para a UE.

Se­gundo a Co­missão Eu­ro­peia, o Tra­tado de Nice é útil para gerir a «pri­meira etapa» da UE alar­gada mas não dá uma res­posta ade­quada a um fun­ci­o­na­mento «eficaz» de uma União com 25 ou mais mem­bros.

A partir de agora, a apro­vação de le­gis­lação eu­ro­peia em 27 do­mí­nios passa a ne­ces­sitar apenas de uma mai­oria qua­li­fi­cada de países, em vez da una­ni­mi­dade antes exi­gida. O mesmo acon­te­cerá, por exemplo, com as de­ci­sões sobre a po­lí­tica de co­esão (fundos es­tru­tu­rais), a partir de 1 de Ja­neiro de 2007, de­pois da apro­vação do pró­ximo quadro fi­nan­ceiro da UE 2007-2013. Ou­tras ma­té­rias es­sen­ciais con­ti­nuam para já a ter de ser to­madas com o acordo de todos os es­tados-mem­bros, por exemplo, as que dizem res­peito à fis­ca­li­dade ou à po­lí­tica so­cial, entre ou­tras.

A partir de 1 de No­vembro de 2004, a Co­missão Eu­ro­peia, o órgão exe­cu­tivo da UE, passa a ser com­posto por um na­ci­onal de cada Es­tado-membro. Os países de maior di­mensão (França, Ale­manha, Reino Unido, Itália e Es­panha) perdem um dos dois co­mis­sá­rios que têm neste mo­mento, en­quanto os res­tantes Es­tados, entre os quais Por­tugal, mantêm o seu único re­pre­sen­tante.

O tra­tado prevê que numa se­gunda etapa, quando a UE contar com 27 es­tados-mem­bros, será to­mada uma de­cisão para fixar de­fi­ni­ti­va­mente o nú­mero li­mite de mem­bros da Co­missão Eu­ro­peia, que será sempre in­fe­rior ao de Es­tados da UE. Nessa al­tura, os co­mis­sá­rios eu­ro­peus serão es­co­lhidos com base numa «ro­tação igua­li­tária» entre es­tados-mem­bros.

As al­te­ra­ções ao sis­tema de pon­de­ração de votos no Con­selho de Mi­nis­tros da UE, que pre­vêem um au­mento do peso re­la­tivo dos votos dos países mais po­pu­losos, en­trarão em vigor a partir de 1 de No­vembro de 2004.

De­pois das elei­ções de Junho de 2004, um mês de­pois do alar­ga­mento, o Par­la­mento Eu­ropeu, pas­sará a contar com 732 mem­bros, contra os ac­tuais 626. Apesar desse au­mento, Por­tugal perde um lugar no he­mi­ciclo, pas­sando a ter um total 24 em vez dos ac­tuais 25 eu­ro­de­pu­tados.



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