Eurodeputados consideram injustificada uma acção militar contra o Iraque

Guerra injusta

No mesmo dia em oito dirigentes europeus apoiavam as intenções belicistas dos EUA contra o Iraque, o Parlamento Europeu pedia uma solução pacífica do conflito.

Por uma maioria de 287 votos a favor, 209 contra e 26 abstenções, o Parlamento Europeu considerou, na quinta-feira, 30, não se justificar uma campanha militar contra o Iraque, manifestando a sua «oposição a qualquer acção unilateral» e sublinhando que «um ataque preventivo» não estaria de acordo com o Direito Internacional e com a Carta das Nações Unidas e conduziria a uma crise mais profunda envolvendo outros países da região».

O documento considera igualmente que «toda e qualquer outra futura medida deve ser adoptada pelo Conselho de Segurança, após uma avaliação completa da situação.

Neste sentido, «exorta o Conselho a procurar alcançar uma posição comum sobre o Iraque para que a UE possa falar a uma só voz a nível internacional sobre a actual situação e futura evolução deste conflito». Também os países candidatos são exortados a assumirem «uma posição consentânea com a posição comum europeia».

Os eurodeputados instam, por outro lado, as Nações Unidas «a verificarem os efeitos do embargo, nomeadamente o seu impacto negativo sobre a situação humanitária dos civis iraquianos, em particular das mulheres e crianças, para que, se necessário, seja possível definir as medidas a tomar para o seu levantamento».

Em relação à guerra no Médio Oriente, o plenário apelou à Presidência do Conselho e ao Alto Representante para a Política Europeia de Segurança a tornarem claro junto da administração dos EUA que a solução para deste conflito «é a principal prioridade da UE e que não se pode continuar a adiar uma iniciativa internacional forte e convincente tendo em vista a aplicação do plano apoiado pelo Quarteto (UE, EUA, ONU e Rússia)».


Deputados do PCP
na delegação ao Iraque


Entretanto, uma delegação de 34 deputados de quatro grupos políticos (Esquerda Unitária, Verdes, Europa das Democracias e Socialistas Europeus), na qual se integram os deputados do PCP, Ilda Figueiredo e Joaquim Miranda, terminam hoje, quinta-feira, 6, uma visita ao Iraque, iniciada no domingo, que teve como principal objectivo pôr em evidência a necessidade de uma solução pacífica.

Já durante o debate no Parlamento Europeu, Ilda Figueiredo considerou como «particularmente importantes todas acções de solidariedade ao povo iraquiano, sejam de delegações de deputados, sejam as manifestações públicas previstas para 15 de Fevereiro, contra a guerra e na defesa da paz». A deputada declarou que «é necessário recusar esta guerra injusta, de clara afirmação hegemónica dos EUA, ditada, no essencial, pelos interesses petrolíferos e dos complexos militares industriais americanos e britânicos».

O programa incluiu encontros em escritórios das Nações Unidas, com a população e eleitos do parlamento curdo, visitas a hospitais, entrevistas com representantes de organizações internacionais, com diplomatas, com o porta-voz dos inspectores da ONU e com o interlocutor iraquiano junto destes e responsável pelo programa de desarmamento.



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