Domínio americano aumenta

Tropas dos EUA em todo o mundo

As inspecções da ONU no Iraque continuam a não revelar a existência de armas de destruição massiça, mas os EUA reforçam a sua presença militar na região.

300 mil soldados norte-americanos estão presentes em 140 países

A crescente mobilização de homens e armamento para o Golfo Pérsico assume proporções de tal ordem que dificilmente pode ser vista como manobra de intimidação. É cada vez mais evidente que Washington se prepara para a guerra - as suas forças passaram de 20 mil para 120 mil -, mas um olhar para o mapa das bases militares americanas revela que o domínio dos EUA alastra em todo o mundo.

Segundo Juan Carlos Galindo (Centro de Colaborações Solidárias), as forças do império espalhadas pelo planeta registaram um aumento de 20 por cento desde os atentados de 11 de Setembro, estimando-se agora em 300 mil o número de soldados norte-americanos presentes em 140 países.

O aumento não se deve apenas à psicose do «terrorismo», embora esta tenha servido de pretexto para a expansão. Só a coberto da operação «Liberdade Duradoura», no Afeganistão, onde os EUA têm estacionados 5 mil soldados, foram instaladas bases no Uzbequistão (mil soldados), Tadjiquistão e Quirguistão (mais de 3 mil). Para além da proximidade com a Rússia, a região tem a particularidade de ser uma das mais ricas do mundo em recursos naturais ainda inexplorados.

O argumento, sistematicamente invocado, de que a presença militar norte-americana se destina à salvaguarda dos direitos humanos e defesa da democracia, torna-se ridículo quando se atenta na pacífica convivência entre os «campeões da liberdade» e as mais despóticas monarquias do Golfo: na Arábia Saudita, os EUA têm três bases militares e mais de 5 mil soldados, caças F-15 e F-16, aviões «invisíveis» F-117 e aviões de espionagem U-2 e Awacs; mais de mil homens entre Omã, Emirados Árabes Unidos e Catar; outros tantos no Bahrain, onde de resto está situado o Estado Maior da Quinta Frota da Marinha, e 4.800 no Kuwait.

Também neste caso a localização das bases é curiosa. Duas das bases em território saudita situam-se junto aos dois gasodutos que atravessam o país. É a atracção pelo petróleo.

Os norte-americanos detêm ainda na zona a base de Diego Garcia (cujos habitantes foram «transferidos» em 1971 para as ilhas Maurício, a 1500 quilómetros), com 4 mil soldados, aças e super-bombardeiros B-52.

Interesses estratégicos

Tão importante como a proximidade dos recursos é a localização de bases em zonas estratégicas ou de acesso a elas, fundamentais para a defesa dos interesses dos EUA. É o caso da Europa, onde estão estacionados 100 mil soldados, América Latina e sudeste asiático. Neste último caso trata-se de garantir o domínio do Pacífico, tanto mais importante quanto se verifica o crescente aumento da importância da China. O exército norte-americano mantém 37 mil homens e 100 aviões de combate da última geração na Coreia do Sul, 50 mil soldados no Japão (sobretudo na base de Okinawa) e 600 soldados, dentre eles 130 dos corpos de elite, deslocados recentemente para as Filipinas.

A este potencial há ainda que juntar os mais sofisticados sistemas de informação, o que na prática significa que os EUA não só vigiam o que se passa no mundo como têm capacidade de intervir praticamente em qualquer ponto do globo, desde que isso favoreça os seus interesses.

A vocação imperial é já hoje assumida abertamente pela Casa Branca. Se os povos do mundo não o impedirem, o ataque ao Iraque, com as consequências daí resultantes, será mais um passo na concretização desse objectivo.



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