Que ninguém falte…

Paulo Raimundo (Membro da Comissão Politica)
A uma semana das eleições presidenciais torna-se cada vez mais evidente a necessidade da concentração do voto dos trabalhadores e do povo português na candidatura de Jerónimo de Sousa.

Votar Jerónimo de Sousa é votar na esperança

O povo português vai ser chamado no próximo dia 22 a optar entre diferentes projectos, dois deles claramente antagónicos.
Um desses projectos é o do «canto da sereia», do capital, dos grandes patrões, da mão de obra barata, da precariedade, do aumento do custo de vida, dos sacrifícios para os mesmos, do acentuar da política de direita, da saúde como negócio, do desemprego, o projecto do «olha para o que eu digo e não ligues ao que eu faço», o projecto do ajuste de contas com a Constituição, no que mais rico ela tem das conquistas de Abril. Este é o projecto da Sonae, do BES, do BCP, da CIP, da CAP, … um projecto para o qual estes senhores encontraram, nesta conjuntura política e social. a pessoa que no seu meio pensam estar em melhores condições de, vencendo, implementar os seus objectivos, Cavaco Silva.
No noutro lado da barricada está, claramente, o projecto da verdade e da esperança, o projecto de Abril e da sua Constituição, dos direitos para quem trabalha, do direito á saúde, ao emprego, à educação, o projecto da democracia política, cultural, social e económica, o projecto da esperança de um Portugal com futuro, o projecto dos milhares de anónimos que todos os dias vendem ao desbarato a sua força de trabalho. Um projecto para cuja concretização os trabalhadores e o povo, no seu seio, encontraram em Jerónimo de Sousa a pessoa com melhores condições para o encabeçar. Para levar por diante o combate pela defesa intransigente da Constituição e de quem trabalha.
São estas as opções que realmente estão em causa numa primeira volta nas eleições presidenciais do dia 22 de Janeiro. É por uma destas duas opções claramente distintas que os trabalhadores e o povo vão optar.

O voto dos descontentes

Mas é também na candidatura de Jerónimo de Sousa que os indecisos e os potenciais abstencionistas encontram o espaço de combate sem tréguas ao perigoso projecto da direita que Cavaco Silva suporta, é nela que encontram o espaço de justa reprovação das políticas de direita – agora desenvolvidas pela maioria socialista e apoiadas tanto pelos candidatos presidenciais do PS como por Cavaco Silva – e, acima de tudo e não menos importante, encontram o espaço da ruptura democrática com o actual estado do Pais. Encontram o candidato cujo programa assenta no respeito pela Constituição da República. Encontram a confiança, a determinação e a esperança de que é possível um Portugal com futuro, de que é possível uma política em prol do desenvolvimento e da valorização de quem trabalha, dos seus direitos e liberdades, de um Pais social, política, cultural e economicamente democrático.
Uma candidatura ligada aos problemas do povo, que nesta batalha eleitoral não esquece o aumento do custo de vida, o desemprego, a destruição do nosso aparelho produtivo e, principalmente, não esquece os responsáveis pela actual situação.
Uma candidatura que está a crescer nos apoios, que todos os dias ganha força, uma campanha e uma candidatura determinadas em prosseguir e acentuar o combate a Cavaco, obrigando-o a uma segunda volta e, por vontade do povo, derrotando-o mais uma vez.
Não estamos numa batalha perdida, bem pelo contrário, é possível derrotar Cavaco Silva. São tantas as sondagens que o dão como vencedor numa primeira volta, que parece que os seus apoiantes começam a ficar nervosos, repetem e repetem os números para, por um lado, criar uma verdade absoluta e, por outro lado, desanimar o combate. Da nossa parte, Cavaco Silva e o capital podem ter uma certeza que não nos deixamos impressionar com números ou com demonstrações de força sejam elas quais forem: no dia 22 quem vota é o povo e este será soberano.
Estamos nesta campanha cada vez mais convictos que a nossa candidatura se está a tornar no elemento que faz a diferença, aquela que pelo crescimento e concentração de vontades trará mais dificuldades a Cavaco.
Com esta determinação e confiança vamos realizar um grandioso e histórico comício no Pavilhão Atlântico, numa grande demonstração de força e combatividade, que está nas ruas, feiras e empresas, no contacto directo com as populações, e numa grande demonstração de vitalidade, empenho, confiança e alegria dos militantes do PCP e de muitos amigos seus, também eles empenhados no sucesso deste combate.
Iremos tão longe quanto for a vontade do povo e estaremos prontos para assumir todas as responsabilidades que advêm dessa vontade.
Que ninguém falte á jornada de luta do dia 22! Ficar em casa é dar um voto ao projecto da direita, votar Jerónimo de Sousa é votar na esperança, é reforçar a luta contra a política de direita do actual governo, é construir o Portugal de Abril.


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