A vida como ela é e como pode, e deve, ser

Não está fácil a vida para a maioria dos que vivem e trabalham em Portugal: salários e pensões demasiado curtos para meses sempre demasiado longos; condições de trabalho cada vez mais degradadas para servir a acumulação de alguns; serviços públicos desmembrados para, em seu lugar, proliferarem lucrativos negócios em sectores deixados propositadamente a descoberto por opção política de sucessivos governos; jovens com poucas perspectivas de presente e de futuro, para além do trabalho precário ou da emigração; mulheres duplamente exploradas e discriminadas; famílias que adiam, ou desistem, do projecto de ter filhos por sentirem que não têm condições para tal.

Outros há, porém, que somam fortunas precisamente à custa do que falta a todos os outros: os que esmagam os pequenos produtores e especulam com o preço dos alimentos; os que no processo das privatizações se apoderaram de empresas e sectores estratégicos e impõem custos pesadíssimos sobre a energia, os combustíveis, as telecomunicações; os que fazem da doença um negócio e recebem milhões do SNS, de cujo desmembramento beneficiam; os que jogam as casas que faltam a tantos como se fosse apenas mais um jogo de casino; os que ganham milhões com as taxas de juro que infernizam a vida da maioria de quem apenas quer uma casa para viver.

Nada disto é inevitável. É, sim, o resultado de opções políticas que nos aspectos essenciais une PS, PSD e CDS (que se têm alternado no poder), mas também o Chega e a IL, cujos projectos reaccionários e retrógrados visam levar ainda mais longe esta política a favor do capital monopolista. É na ruptura com essas opções que reside a possibilidade de construir um País mais justo e desenvolvido. A luta dos trabalhadores e das populações, aliada ao reforço do PCP e da CDU (já nas eleições de 18 de Maio), é determinante para abrir caminho a essa política alternativa, vinculada aos valores de Abril, a que tantos aspiram.

 



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