Manifestações na Turquia exigem libertação de Imamoglu e de todos os detidos
Protestos massivos ocorridos nos últimos dias na Turquiaexigiram a libertação do presidente da área metropolitana de Istambul e candidato presidencial pelo Partido Republicano do Povo (PRP), Ekrem Imamoglu, assim como de cerca de um milhar de manifestantes, entretanto, detidos pelas autoridades turcas.
As manifestações, algumas delas com muitas dezenas de milhares de participantes, têm sido reprimidas com brutalidade pela polícia, registando-se confrontos em Istambul, em Ancara, a capital, e em cidades de pelo menos 55 das 81 províncias turcas.
Um tribunal de Istambul determinou que Imamoglu e outros detidos devem aguardar na prisão o julgamento em que são acusados de corrupção. O autarca, de 53 anos, considerado o principal adversário do presidente Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais previstas para 2028, rejeitou as acusações de que é alvo como sendo «imorais e sem fundamento».
Apelo ao povo para se organizar
O Partido Comunista da Turquia (PCT) denunciou, entretanto, a detenção ilegal de vários membros dos seus órgãos centrais e das suas organizações provinciais e exigiu a sua libertação imediata. Os militantes comunistas são acusados de ter participado nos protestos em Istambul.
O PCT considera que a situação actual na Turquia é provocada pelos ataques do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (PJD), no poder, «com o objetivo de reduzir o espaço político e usurpar o direito das pessoas a participar na política». Os comunistas turcos denunciam «a mentalidade reaccionária» dos governantes, que vêem como uma ameaça o direito das pessoas a organizar-se e a participar na vida política. Acusam o governo do PJD de representar «todo o obscurantismo deste sistema de seitas religiosas e monopólios», de não estar a conseguir governar o país e de tornar-se cada vez mais agressivo.
Apesar das «diferenças ideológicas, políticas e de classe» com as forças representadas por Imamoglu, o PCT exige a sua libertação imediata e a de todos os detidos. E, face à crise cada vez mais profunda do poder vigente, apela ao povo para se organizar contra «a tirania do PJD» e para reforçar uma alternativa com os trabalhadores no sentido de «construir um país republicano, com uma economia dirigida pelo Estado, orientado para o esclarecimento e o patriotismo da classe trabalhadora».
O PCT rebate as afirmações do governo de Erdogan de que as manifestações generalizadas são orquestradas por «potências estrangeiras».
Para os comunistas, «os reformados abandonados à fome, os estudantes privados de futuro e os cidadãos impedidos de exercer o seu direito de voto não têm nada a ver com potências estrangeiras».
Mas, reconhece o PCT, numa coisa o poder tem razão: «as potências estrangeiras procuram, de facto, interferir na Turquia, como sempre o fizeram». E «é preciso que se saiba que foi este mesmo governo que tornou o país vulnerável a essas ingerências»: com as privatizações, entregando o país aos monopólios multinacionais; ao arrastar a Turquia, membro da NATO, para esquemas imperialistas no Médio Oriente; ao conceder privilégios às seitas religiosas, retirando as conquistas que restavam à República; ao ingerir-se na Síria, transformando-a «num recreio para os serviços secretos britânicos».