Entre as muitas opções, escolhemos lutar

João Luís Silva (Membro da Comissão Política)

A luta da juventude insere-se na luta mais geral contra a política de direita e pela alternativa

O Governo PSD/CDS, fiel gestor dos interesses dos grupos económicos e das multinacionais, onde se incluem também os seus interesses particulares, intensifica a todo o vapor o ataque aos direitos da juventude e dos trabalhadores.

A confirmar o caminho de aprofundamento da exploração, de ataque a direitos, de destruição e privatização do Ensino Público, estão as mais de 500 escolas que precisam de obras, as ameaças sobre o aumento das propinas, a proposta de Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) que pretende aprofundar a presença de grupos privados nas Universidades, a submissão ao ditame da União Europeia para atingir 50% de estudantes no Ensino Profissional, os 700 mil jovens trabalhadores com um salário inferior a 1000 euros.

A propaganda do Governo, negada por esta realidade que todos vivemos, esbarra ainda na contradição dos seus próprios argumentos, na comunhão entre «o País forte e em crescimento» e a palavra de ordem de que «não há dinheiro para tudo». Pondo a propaganda e as desculpas de lado, sobram as opções que se fazem para uns e se pagam para outros.

Quando falamos de opções, é importante clarificar que os 32 milhões de euros de lucros por dia de 19 grupos económicos permitiam dar 25 euros por dia a cada criança do nosso País, num cenário em que há pelo menos 380 mil que vivem na pobreza. Que os 226 milhões de euros gastos em 2024 com a guerra na Ucrânia permitiam requalificar 25 vezes a Escola Secundária de Amares. Que os 365 milhões de euros nos bolsos dos grupos económicos, em função da descida de IRC, permitiam requalificar as nove escolas básicas e secundárias do concelho do Porto que precisam de obras muito urgentes, duas vezes e com sobra! Que os 1800 milhões garantidos aos grupos económicos em benefícios fiscais no Orçamento do Estado de 2025 permitiam cumprir quatro vezes o Plano Nacional para o Alojamento do Ensino Superior, suprindo as necessidades de todos os estudantes deslocados.

Quando falamos de opções, é ainda importante não esquecer quem tem servido de muleta a esta política do Governo – do chumbo da moção de rejeição ao Programa do Governo apresentada pelo PCP em Abril ao Orçamento do Estado aprovado para 2025, passando pela aprovação da descida do IRC e pelos recentes chumbos das propostas para a revogação da «Lei dos Solos» e para o combate ao escândalo das portas-giratórias. Os gritos na TV não podem ocultar que IL e Chega não só concordam com a política do Governo como pretendem ir mais longe no ataque a direitos e ao regime democrático. Da mesma forma que o cinismo e as pontuais discordâncias não podem fazer esquecer a cumplicidade do Partido Socialista, relegado para o papel de mero seguidor da iniciativa do Governo.

Março é mês de luta da juventude
Em Março, mês de luta da juventude, também nós temos a nossa opção bem clara.

Afirmar a igualdade na escola, no trabalho e na vida e o fim das violências contra as mulheres na Manifestação Nacional de Mulheres, a 8 de Março, por todo o País. Avançar pelo fim das propinas, por um Ensino Superior democrático, por mais bolsas e residências públicas na manifestação nacional de estudantes do Ensino Superior, em Lisboa, a 24 de Março. Defender, nas escolas de todo o País, um ensino de qualidade para todos, mais meios e condições, a democracia nas escolas, o fim da sobrecarga horária e dos exames nacionais. Lutar pelo aumento dos salários, por mais tempo para viver, pelo fim da precariedade e da instabilidade na manifestação nacional de jovens trabalhadores, a 28 de Março, em Lisboa.

Conteúdos concretos e expressões diversas da luta da juventude que se inserem na luta que todos travamos para censurar a política de direita e abrir caminho para a alternativa de que precisamos.

Opções há muitas, determinadas pelos interesses de classe de cada um, a nossa é a luta para elevar condições e consciências, para resistir sem deixar de ousar avançar, para romper com a política de direita e garantir um futuro para a juventude e o País. Opção que está no centro da preparação do 13.º Congresso da JCP. Organizar, unir e lutar para que o mundo novo esteja mesmo nas nossas mãos.

 



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