Até a Palestina ser livre a solidariedade continua

Duas concentrações, realizadas no dia 18 em Lisboa e no Porto, exigiram um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza, o fim da ocupação da Palestina e a paz no Médio Oriente. A 30 de Março, Dia da Terra Palestiniana, haverá novas acções.

Israel viola diariamente os termos do cessar-fogo

Promovidas pelas quatro organizações que desde há um ano e meio assumem a dianteira da solidariedade com a Palestina em Portugal (CPPC, CGTP-IN, MPPM e Projecto Ruído), as concentrações tiveram lugar na véspera de se cumprir um mês sobre a entrada em vigor do cessar-fogo entre a resistência palestiniana e Israel na Faixa de Gaza. São 30 dias que, lembrou-se, não apagam os crimes cometidos por Israel durante 15 meses: os 60 mil assassinados e mais de 100 mil feridos (com as crianças a serem grande parte de uns e de outros); os jornalistas, enfermeiros e médicos mortos propositadamente pelo exercício do seu trabalho; os 10 mil desaparecidos e dois milhões de deslocados; a destruição do sistema de saúde e das principais infra-estruturas; o impedimento de entrada de ajuda humanitária.

Nas intervenções proferidas em nome das organizações promotoras sublinhou-se que o acordo de cessar-fogo «pode, deve e tem de ser um determinante passo para a reconstrução da Faixa de Gaza». E mais: «tem de servir para que finalmente se cumpram os direitos nacionais do povo palestiniano, com a criação do Estado da Palestina, conforme as resoluções das Nações Unidas». Esta é, garantiram, uma condição essencial para assegurar uma «paz justa e duradoura na região do Médio Oriente, que tem vindo a ser sucessiva e deliberadamente boicotada pelos EUA e por Israel».

Denunciadas foram ainda as sucessivas violações do cessar-fogo por parte de Israel e a violenta ofensiva que este leva a cabo na Cisjordânia. Sem resposta não ficou também o presidente norte-americano, Donald Trump, e a anunciada intenção de expulsar a população palestiniana da Faixa de Gaza e colocá-la sob domínio dos EUA.

A subserviência da UE e do Governo português não escaparam à crítica. Com a sua visita recente a Israel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, «passou a limpo» os crimes cometidos pelo sionismo e afastou-se ainda mais do «urgente reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal», acusaram as organizações promotoras.

Não abrandar na luta pela paz
Uma coisa é certa, e foi reafirmada nas duas acções: «continuaremos a sair à rua em solidariedade com o povo palestiniano já no próximo dia 30 de Março, no Dia da Terra Palestina, e as vezes que forem necessárias, até que a Palestina seja livre! Continuaremos a reforçar o amplo movimento de solidariedade com o povo palestiniano em Portugal, e que por todo o mundo cresce também e que torna, dia após dia, cada vez mais evidente o isolamento político dos EUA e Israel.»

O fim dos massacres e do genocídio por parte de Israel contra o povo palestiniano foi uma das reivindicações centrais a estar presente, a par da necessidade de assegurar o incondicional acesso da ajuda humanitária à população palestiniana na Faixa de Gaza e da libertação dos milhares de presos palestinianos nas prisões de Israel, assim como dos israelitas detidos na Faixa de Gaza.

O cumprimento do direito de regresso dos refugiados palestinianos, o fim da agressão e da ocupação israelita de parcelas do território libanês e sírio e das ameaças contra o Irão e o Iémen também estiveram presentes. Das autoridades portuguesas exigiu-se a suspensão de todas as relações de natureza militar com Israel e, em coerência com a apoio manifestado à solução dos dois Estado, reconheça finalmente o Estado da Palestina nas fronteiras anteriores a 1967 e com capital em Jerusalém Oriental.

Cultura contra a barbárie
Em Lisboa, a acção de solidariedade foi apresentada por Inês Jorge, cabendo a André Levy ler a intervenção das quatro organizações promotoras. Pelo palco passou também a activista palestiniana a residir em Portugal Nour El-Tibi. No Porto, intervieram Ilda Figueiredo, do CPPC, Álvaro Pinto, do MPPM e Filipe Pereira, da União de Sindicatos do Porto. A apresentação ficou a cargo de Joana Machado.

Em ambas as cidades, a cultura – essa ponte entre povos – também marcou forte presença. No Porto com a música de Casimiro Couto e a leitura de poemas por Pedro Baranita, e em Lisboa os tambores dos Ritmos da Resistência e a dança tradicional palestiniana pelo grupo Handala Dabke. Também com beleza se faz frente a barbárie.

 

PCP presente

O PCP esteve presente na concentração de Lisboa, com uma delegação dirigida pelo Secretário-Geral Paulo Raimundo, da qual faziam parte também Pedro Guerreiro, do Secretariado, e Cristina Cardoso, do Comité Central, ambos membros da Secção Internacional. Com a sua presença, o Partido deu expressão àquelas que são as suas posições de sempre, convergentes aliás com as ali manifestadas pelas organizações promotoras.

Levando a solidariedade com a Palestina para o interior da Assembleia da República, Paulo Raimundo dirigiu três perguntas ao Governo: «Porque é que ainda não disseram nada sobre este plano maquiavélico de Trump e do Governo israelita de tirarem o povo da Palestina da sua terra? Porque é que ainda não reconheceram o Estado da Palestina? Porque é que, neste quadro, o ministro dos Negócios Estrangeiros decidiu fazer uma visita a Israel?».

 



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