Trabalhadores e reformados continuam lutas na Argentina
Na Argentina, o dirigente da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) em Buenos Aires, Daniel Catalano, denunciou a repressão policial contra membros dessa organização sindical que tentaram manifestar-se, no dia 20, nas proximidades do Ministério do Capital Humano, em Buenos Aires. Ferido por balas de borracha disparadas pelas forças policiais – vários participantes sofreram ferimentos semelhantes – e visivelmente afectado por gases lacrimogéneos, o dirigente sindical considerou a intervenção policial «uma barbaridade».
Os membros da ATE mobilizaram-se nesta acção para protestar contra os 2800 despedimentos previstos no Ministério do Capital Humano e contra o encerramento da Secretaria Nacional de Infância, Adolescência e Família.
Na véspera, forças da marinha e da polícia federal agrediram reformados e integrantes de organizações sindicais e sociais que se manifestavam em frente do Congresso contra as políticas neoliberais do governo de extrema-direita. Os agentes usaram bastões e gases lacrimogéneos contra os reformados que exigiam o respeito pelos seus direitos e o pagamento de pensões justas.
A ATE tem organizado protestos para denunciar a grave situação de mais de cinco milhões de reformados na Argentina, que, entre outros aspectos, deixaram de ter assistência médica, com o esvaziamento do Programa de Atenção Médica Integral (PAMI).
De acordo com o secretário-geral do sindicato, Rodolfo Aguiar, neste momento, avança um esvaziamento sem precedentes dos apoios sociais do Estado. «Os cofres do PAMI, um dos maiores serviços do género da América Latina, estão a ser saqueados, deixando-se morrer os reformados em todo o país, os quais depois de descontarem toda a vida não têm hoje garantido o direito de aceder de maneira livre e gratuita ao sistema de saúde», asseverou.
Processo de destituição ameaça Milei
O presidente da Argentina, Xavier Milei, de extrema-direita, enfrenta um pedido de destituição, que está a ser formulado por diversas organizações políticas, sindicais e sociais, após promover uma criptomoeda que colapsou em poucas horas e causou prejuízos estimados em mais de 286 milhões de dólares.
No dia 14 deste mês, o chefe do Estado promoveu nas redes sociais X e Instagram uma criptomoeda, provocando uma rápida subida do valor dos activos digitais que, horas depois, de forma fraudulenta causaram enormes perdas a quem entrou na operação especulativa, mas avultados ganhos em dólares para uns poucos. Mais tarde, Milei apagou as mensagens sobre o assunto e alegou que se tratava de um suposto empreendimento privado, com o qual não tem quaisquer vínculos.
O caso está a ser investigado por órgãos de justiça na Argentina e nos EUA, podendo haver indícios de abuso de autoridade, fraude, tráfico de influências e suborno.