Israel intensifica agressão na Cisjordânia
O exército israelita ocupou no dia 23 os campos de refugiados de Jenín, Tulkarem e Nur Shams, no norte da Cisjordânia, e expulsou os residentes. A ofensiva das tropas ocupantes na Margem Ocidental, iniciada há mais de um mês, não tem precedentes desde o início deste século.
Palestinianos denunciam que Israel está a repetir na Cisjordânia a agressão genocida cometida na Faixa de Gaza
Israel enviou uma divisão de tanques para Jenin – uma operação que não se efectuava na Cisjordânia desde 2002 –, a fim de dar cumprimento à política de ocupação de campos de refugiados no norte deste território palestiniano ilegalmente ocupado, incluindo também Tulkarem e Nur Shams.
O governo de extrema-direita liderado por Benjamin Netanyahu deu instruções às forças israelitas para se prepararem para uma «prolongada estadia» nos campos de refugiados, cujos habitantes foram expulsos, para não permitirem que os residentes regressem às suas casas. «Até agora, 40 mil palestinianos foram expulsos dos campos de refugiados de Jenin, Tulkarem e Nur Shams», informaram as autoridades israelitas.
Ampliando o ataque militar desencadeado a 21 de Janeiro, tropas israelitas, a par do envio dos tanques de guerra, impuseram também um recolher obrigatório na cidade de Qabatiya, a sul de Jenin. Com blindados militares e escavadoras, as forças sionistas procederam a buscas casa a casa, enquanto destruíam pavimentos de ruas, linhas de electricidade, canalizações de água e automóveis.
Trinta e quatro dias depois do início do ataque israelita contra Jenin, há registo de dezenas de mortos e feridos palestinianos.
Tentativa de perpetuar «guerra de extermínio»
O presidente do Conselho Nacional Palestiniano, Rawhi Fattouh, denunciou o uso de tanques contra áreas residenciais. Segundo este responsável, o objectivo de Israel é destruir as vidas dos palestinianos, expressão da política de Netanyahu de impor o terror e a morte na região. «Esta escalada constitui uma extensão da actual guerra de extermínio contra o nosso povo e representa uma repetição do modelo de agressão contra a Faixa de Gaza», afirmou.
Também o Ministério dos Assuntos Exteriores e Expatriados, em Ramala, condenou o uso de tanques de guerra durante o ataque israelita contra a população palestiniana no norte da Cisjordânia, acção que considerou parte do plano para aprofundar a agressão e os crimes nos territórios palestinianos ocupados.
A escalada da agressão é «uma tentativa flagrante de perpetuar a guerra de extermínio e o deslocamento forçado de um povo indefeso», denunciou o governo palestiniano.
Israel «suspende» libertação de palestinianos
Israel «suspendeu» a libertação de mais de 600 prisioneiros palestinianos, prevista para sábado, 22. A medida foi anunciada depois da resistência palestiniana ter entregado seis detidos, nesse dia, no que teria sido o sétimo e último intercâmbio de presos da primeira fase do cessar-fogo acordado para a Faixa de Gaza. Trata-se de uma violação do acordo estabelecido há cinco semanas com a mediação do Egipto, Catar e EUA.
A libertação dos seis israelitas elevou para 25 o número de detidos libertados pela resistência palestiniana, nesta primeira de três fases do acordo de cessar-fogo.
Cimeira árabe reitera apoio à Palestina
O Parlamento Árabe agendou para esta semana uma sessão de emergência em apoio ao povo palestiniano e contra a expulsão dos habitantes da Faixa de Gaza. Na sede da Liga Árabe, no Cairo, a reunião tem como lema «Reconstruir Gaza é um dever… e deslocar à força o seu povo é um crime».
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, afirmou que só a criação de um Estado palestiniano nas fronteiras anteriores à guerra de 1967 permitirá a estabilidade no Médio Oriente. «Todas as propostas e ideias que procuram eludir a solução de dois Estados e oprimir o povo palestiniano só prolongam o conflito, aprofundam o ódio e exacerbam o sofrimento na região», advertiu.
Confirma-se, entretanto, que o Egipto acolherá, no Cairo, a 4 de Março, uma cimeira árabe visando reiterar o apoio à Palestina e preparar a reconstrução da Faixa de Gaza.