Drama da habitação não é inevitável
A CDU promoveu no centro do Funchal, na tarde de terça-feira, 4, uma tribuna pública sobre o direito à habitação, que contou com a participação do Secretário-Geral do PCP e de activistas da coligação na Região Autónoma da Madeira.
No Funchal, há 6 mil famílias à espera de casa
«Pelo direito à habitação», lia-se numa faixa empunhada em frente à tribuna onde foram proferidas as várias intervenções: de Paulo Raimundo, dos membros do Comité Central do Partido Edgar Silva, Ricardo Lume, Herlanda Amado, e Helena Correia, da Juventude CDU.
Dando continuidade às denúncias colocadas pelos restantes oradores, Paulo Raimundo salientou que o problema da habitação, sendo nacional, assume na Região Autónoma da Madeira, e desde logo no Funchal, «dimensões particulares e ainda mais expressivas». Aquela cidade, lembrou, «está no top da habitação mais cara do País, com as casas mais caras, as rendas mais altas, mas está também no pódio dos baixos salários e da precariedade. Falar de precariedade é falar de insegurança, instabilidade, salários baixos, dificuldades, desemprego, é falar de vidas no arame».
Como notou o dirigente comunista, quando se juntam especulação e preços da habitação altíssimos com salários baixos e insegurança de trabalho, o resultado só pode ser milhares de famílias, mais de 6 mil, à espera de casa, milhares e milhares a viverem em condições muito difíceis e indignas». As casas existentes não estão ao alcance da generalidade dos funchalenses, acrescentou, pois estão a ser adquiridas pelos fundos imobiliários, «que as voltam a negociar sempre mais e mais caras», ou sobram para os tais Vistos Gold e para os chamados «residentes não habituais, que tal como o nome indica, cá vêm de vez em quando».
Se é certo que a Madeira precisa do Turismo, não é aceitável «que os que cá vivem e trabalham não tenham as condições dignas para cá viverem», acrescentou.
Sobre a perspectiva global do problema da habitação em Portugal, Paulo Raimundo salientou que as dificuldades de acesso à habitação ganharam «dimensões dramáticas em grande medida porque é um sector que esteve e está, por vontade dos governantes, nas mãos do chamado “mercado”. Mercado, essa palavra que, traduzindo, se resume à banca e aos fundos imobiliários».
Pôr nas mãos da banca e dos fundos imobiliários o sector da habitação, «mais do que meter a raposa no galinheiro, é meter a galinha na toca das raposas», ironizou.